quinta-feira, 26 de abril de 2012

MÓDULOS DE AMOR ESPECIALIZADOS




Os neurocientistas Andreas Bartels e Semir Zeki, da University College de Londres, pediram a milhares de estudantes ingleses que se manifestassem caso se sentissem “verdadeira, enlouquecida e profundamente” apaixonados. Resultado: receberam cerca de 70 respostas, sendo três quartos delas de mulheres. Pediram então aos colaboradores que apresentassem uma breve descrição do relacionamento que viviam, fizeram em seguida entrevistas e, finalmente, selecionaram 11 voluntárias e 6 voluntários de várias culturas e etnias, de 11 nacionalidades diferentes.

Surpreendentemente, nenhum dos participantes acabara de se apaixonar, todos estavam em uma relação mais longa, de dois anos em média – e extremamente satisfatória. Mas a seleção tinha funcionado: ao responderem a um questionário psicológico do amor já aplicado a centenas de apaixonados, os voluntários atingiram “valores de amor” bastante altos. Para maior garantia, foi aplicado um teste psicológico suplementar que, à semelhança de um detector de mentiras, se fundamentava na medição da resistência da pele. Quase todos os voluntários suaram diante da foto do parceiro.

Os apaixonados foram submetidos à tomografia de ressonância magnética funcional, procedimento que torna visível a atividade de várias áreas cerebrais em determinado momento, com alta resolução espacial. “É verdade que o desconfortável tubo do escâner não é exatamente propício à produção de sentimentos amorosos; ainda assim, mostramos ao voluntário uma foto da pessoa amada, pedindo que relaxasse pensando nela e todos relataram, apesar das condições desfavoráveis, sentir claramente o próprio afeto”, diz Andreas Bartels.

Como medida de controle, os voluntários observaram fotos de três colegas do mesmo sexo e idade de seus parceiros, e os neurocientistas compararam a atividade cerebral nas duas situações distintas. Quatro áreas diferentes, bem pequenas, se iluminavam apenas quando os participantes pensavam carinhosamente nos parceiros. Todas elas se localizavam espelhadas nas duas metades do cérebro no sistema límbico, que controla as emoções. Não foram encontradas diferenças significativas de atividade no córtex óptico entre a reação às fotos do parceiro e às de colegas. Ao que parece, o “cérebro visual” apenas transmite a informação objetiva ao “cérebro emotivo”.

A imagem da atividade no sistema límbico, porém, diferenciava-se claramente de modelos antes encontrados em estudos de emoções positivas. No caso das quatro áreas ativadas, trata-se, então, efetivamente de algo como “módulos de amor especializados”. Provavelmente, cada um deles tem uma função específica. Assim, drogas estimulantes como a cocaína, por exemplo, ativam áreas bem mais extensas do cérebro, incluindo os quatro módulos do amor. É possível pensar que o amor seja compreendido não apenas do ponto de vista psicológico, mas também pelo enfoque neurológico.

Além disso, essas zonas neuronais distinguem o amor da pura excitação sexual. O desejo estimula regiões do hipotálamo que em outras experiências ficam inativas. Por outro lado, o amor sensual parece ativar o núcleo caudado e o putâmen, áreas onde estão dois dos módulos do amor. É possível considerar que eles tragam o elemento erótico para o amor romântico.

O terceiro módulo do amor está localizado no córtex cingular anterior, estrutura que nos ajuda a reconhecer os próprios sentimentos e os do parceiro – capacidade certamente essencial para manter um relacionamento amoroso. O quarto módulo, por fim, é uma parte da ínsula situada no interior do diencéfalo que tem diversas funções. Talvez a principal seja identificar “pessoas interessantes”, já que sua atividade aumenta quanto mais atraentes forem os rostos apresentados. Aparentemente, essa estrutura integra a percepção visual ao mundo emocional. Além disso, parece receber informações da região estomacal: talvez o “frio” na barriga faça uma “parada” na ínsula antes de encontrar o caminho até a consciência.


HOMOSSEXUALIDADE NA REDE




Historicamente, em geral, homens e mulheres mantiveram seus anseios homoeróticos em segredo, o que lhes dava a sensação de serem únicos e viverem o fardo de um desejo secreto sem ter com quem compartilhar temores e sofrimentos. Alijadas do espaço público, sexualidades marginalizadas foram se restringindo a locais de encontros e espaços reduzidos das grandes cidades, restando pouca ou nenhuma opção para a maioria dos homo-orientados que viviam – e ainda vivem – em cidades médias, pequenas, na zona rural ou mesmo na periferia das metrópoles. A despeito das polêmicas e imprecisões, esses territórios foram chamados, inicialmente, de guetos.

Segundo os antropólogos Júlio Assis Simões e Isadora Lins França, nos anos 90, no Brasil, o gueto – ou “meio” – começou a dar lugar a um circuito comercial complexo e geograficamente amplo. A partir de 1997, a internet comercial iniciou o processo de expansão no Brasil, transferindo, ampliando e até mesmo recriando o espaço para a socialização de sexualidades dissidentes. A rede ampliou códigos do universo lésbico e gay metropolitano (sobretudo de São Paulo e do Rio de Janeiro) para o resto do país e o inseriu no circuito internacional.

Hoje, a internet parece ter tomado o lugar dos antigos guetos urbanos e se tornado passagem quase obrigatória para homossexuais no processo de autodescoberta, em seus

contatos sexuais ou amorosos e na criação de redes de apoio. Afirmações como “sou fora do meio” ou “procuro alguém fora do meio (como eu)” são recorrentes nos anúncios sexuais, na apresentação em bate-papos on-line ou mesmo nos perfis de redes de relacionamento e reafirmam a perspectiva de que os pontos de encontro de culturas sexuais não hegemônicas seriam marginais, perigosos e, sobretudo, denunciariam uma identidade “socialmente perseguida”. Um olhar mais atento sobre essas autoapresentações revela também que a rede é tida como forma de socialização “limpa”, capaz de manter a crença de que a vida social é (ou deveria permanecer) heterossexual.

A necessidade de encontrar alguém para falar de seu desejo – seja para criar uma relação amorosa ou fazer amigos, seja simplesmente para compartilhar dores – converte a internet no mais novo meio de controle da sexualidade.  Ao colocar o sexo em palavras, a rede se distancia das “regras” que marcavam o antigo “meio”, ou seja, o silêncio sobre o que se fazia. Mas que não se imagine tratarse de um avanço, pois a web, ao trazer o sexo ao discurso, faz também com que os internautas ampliem o papel da sexualidade em sua vida e na própria forma como se compreendem.

No primeiro volume de sua História da sexualidade, o filósofo e historiador francês Michel Foucault (1926-1984) explorou em detalhes o fenômeno histórico que trouxe a sexualidade para o discurso desde a técnica cristã da confissão até a psicanálise. Segundo ele, o dispositivo histórico da sexualidade se caracteriza pela inserção do sexo em formas de regulação baseadas em uma rede de discursos. No presente, não seria exagero afirmar que a internet é um dos meios sociais de controle sexual.

Entrar na web para falar do próprio desejo constitui um exercício subjetivo que pode reforçar a impressão de que tudo não passa de “sexualidade”, pensamento reconfortante para homens que são incentivados desde a infância a separar amor de sexo. O reconforto dessa divisão estaria na aceitação de sua vida amorosa se fosse construída como heterossexual (e quiçá reprodutiva) no espaço público da vida familiar e do trabalho e como homo-orientada apenas em segredo, desvinculada da afetividade ou do compromisso duradouro.


BRINCAR É COISA SÉRIA



A medicina, antes focada na tecnologia, começa a voltar sua atenção para o ser humano e suas necessidades. O indivíduo passa a ser visto com uma pessoa em sua totalidade, e não mais como corpo que abriga uma doença. Neste novo cenário encontramos a humanização na área pediátrica, que busca minimizar os efeitos da hospitalização na vida da criança. 

Buscamos estabelecer a relação entre o brincar no hospital e seus benefícios para as crianças que têm acesso a este recurso. Para isso conversamos com cinco profissionais que trabalham em hospitais pediátricos com longa experiência na área e procuramos responder, através de uma entrevista, à questão “Quais os benefícios do brincar para a criança hospitalizada na visão os profissionais de saúde”. 

O resultado dessas entrevistas nos mostrou que o brincar é extremamente benéfico em situações de hospitalização, e não tem contra-indicações. 


Dentre as vantagens citadas estão a melhor aceitação ao tratamento e principalmente a maior rapidez na recuperação, demonstrados através do relato de nossos entrevistados. Dessa forma concluímos que o brincar só traz benefícios tanto clínicos quanto psicológicos e deve ser uma prática incentivada.

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Fonte: Psicologado

ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO: UMA PRÁTICA COMPLEMENTAR NO PROCESSO DE DESLIGAMENTO DO TRABALHADOR EM CONTEXTOS ORGANIZACIONAIS




O processo de globalização transforma o cotidiano das nações, das organizações e das pessoas. Esse processo é gerador de mudanças na medida em que provoca o inesperado, o incerto e a ausência de controle e limites, o que o torna uma força geradora de incertezas e riscos. O desemprego, no mundo globalizado, tem assumido proporções alucinantes e está entre os problemas sociais mais graves. (Paula e Silva, 2005 apud Aguiar, 2010). Segundo Paula e Silva (2010) o sistema capitalista, no seu impacto por acumulação de capital, provoca o descarte em massa de trabalhadores do processo produtivo, com consequências negativas diversas para a sociedade, entre elas o desemprego.

Em tempos passados, um tempo longo de trabalho na empresa era sinônimo de dedicação, lealdade e compromisso com o trabalho e com a empresa. Essa lógica não se adequou aos cenários pós-reestruturação, derivados de demissões coletivas, enxugamentos e cortes. Nesse novo quadro as demissões são mais freqüentes, integrando um processo de construção da identidade profissional com maior intensidade do que nas relações de trabalho anteriores. (Machado, 2004 apud Caldas2000).

Na medida em que há uma articulação entre trabalho e identidade, o trabalho se torna um dos elementos importantes na construção de auto-representações por parte dos indivíduos, definindo suas lógicas de ação. “O trabalho é um meio para o indivíduo realizar uma tarefa e estabelecer relacionamentos com outros indivíduos, sendo que a inserção no mundo do trabalho aparece como resultado de uma vida ‘adaptada’ e ‘normal’ ”. (Machado, 2004)
Paula e Silva (2010 apud Minarelli, 1995) diferenciam trabalho de emprego. Para eles, emprego é do empregador, daquele que empreende um negócio. Em contrapartida, o Trabalho corresponderia a qualquer atividade humana desenvolvida com propósitos e finalidades e não implicaria necessariamente qualquer tipo de vínculo empregatício. Partindo desse pressuposto, Paula e Silva (2010 apud Milkovich, 2000) pensam que, para que ocorra a demissão, faz-se necessário o estabelecimento de um vínculo empregatício entre empregado e empregador. “As demissões são o término do emprego de trabalhadores permanentes ou temporários, por iniciativa do empregador ou do próprio empregado”.

Segundo Dejours (2007) o trabalhador não chega a seu local de trabalho como uma máquina nova. Ele possui uma história pessoal que se concretiza por meio de certa qualidade de suas aspirações, de seus desejos, de suas motivações, de suas necessidades psicológicas, os quais integram sua história passada. Isso confere a cada indivíduo características únicas e pessoais.

Para Machado (2004 apud Schirato, 2000), “além de uma relação voltada para a produção do trabalho e para o lucro, dentro das organizações há grupos com relações afetivas, com ligações em torno de interesses comuns, por vezes até contrários aos interesses da organização”. Nesse sentido, como salienta Machado (2004 apud Jacques, 1997), há uma articulação indispensável entre trabalho e identidade, tanto no plano pessoal, quanto social e profissional. Assim, os espaços de trabalho vão se constituir em oportunidades para aquisição de atributos qualificativos da identidade de trabalhador.

A auto categorização do indivíduo, enquanto integrante do grupo em que trabalha, estabelece-se por meio de sentimentos de vinculação e diferenciação. Desligar-se do trabalho e consequentemente do grupo, representa uma ruptura desse processo, que pode dar lugar a uma incerteza subjetiva, a menos que o desligamento tenha sido antecipadamente planejado. Portanto, a demissão não constitui um fato isolado, senão uma interrupção nessa construção psicológica decorrente da associação trabalho e identidade. (Machado, 2004).

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Fonte: Psicologado

IMPACTO DA PERDA: ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA VIVÊNCIA DO FILHO DIANTE DA MORTE MATERNA





A morte faz parte do desenvolvimento humano, a experiência da perda é um dos eventos mais doloroso que se pode vivenciar, tornando-se mais difícil quando se considera a mãe como figura de referência ou apego. O presente estudo aborda a temática acerca da morte na perspectiva do luto em decorrência da perda materna, tendo como objetivo compreender a vivencia do familiar diante da morte materna, analisando os sentimentos do filho no momento que soube da morte, descrevendo o imaginário do filho em relação ao velório e avaliando como este filho enfrentou o luto diante da perda materna. 

A pesquisa utilizou-se de um estudo de campo, exploratória, com o método descritivo e com a abordagem qualitativa, obedecendo aos critérios éticos. Participaram dez pessoas adultas clientes de uma Empresa de Serviços Póstumos em Teresina, na qual foram submetidos a uma entrevista semi-estruturada, posteriormente os dados foram coletados e a análise de conteúdos efetivada. Empregou-se as categorias: a representação da figura materna; sentimentos vivenciados no momento que soube da morte materna e no momento do velório; os aspectos psicológicos do filho; o enfrentamento do luto. 

Os resultados mostraram que o impacto da perda para o filho é influenciado pelo vínculo estabelecido com a genitora. Conclui-se que compreender os aspectos psicológicos vivenciados pelo filho diante da morte materna pode ajudá-lo a encarar e reconhecer sua perda como única, incomparável e incomensurável, em alguns casos se faz necessário o acompanhamento psicoterápico na elaboração do luto, principalmente quando a vivência torna-se prejudicada na ausência da mãe.


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EMOÇÕES E AFETOS NO TRABALHO



As teorias organizacionais, durante muito tempo, subjugaram o papel das emoções e dos afetos, considerando-os disfuncionais para o bom desempenho no trabalho. Avanços nos estudos sobre comportamento organizacional, no entanto, revelaram o importante papel das emoções e dos afetos na vida do indivíduo, ao facilitar ou dificultar o desenvolvimento do clima de bem-estar no trabalho e, conseqüentemente, atuar na saúde do trabalhador e de sua organização.
Considerando que grande parte das experiências de um adulto são vivenciadas em ambientes de trabalho, há a necessidade de abordar as características psicossociais dos indivíduos que estão inseridos nas organizações e, especialmente, como elas os afetam.
O equilíbrio entre cognição e emoção também se tornam vitais num ambiente organizacional. O processamento da informação, as expectativas, a tomada de decisão, o pensamento, a resolução de problemas, irão contribuir para que o ambiente organizacional torne-se prazeroso ou estressante, produtivo ou infértil.
As manifestações de afeto discretas no trabalho, a possibilidade de integrar a emoção e a razão para melhor compreender a complexidade do comportamento organizacional e o impacto das condições ambientais de trabalho nas emoções e humor do trabalhador podem fazer parte do cotidiano de um psicólogo organizacional. Ele terá uma grande responsabilidade em zelar por esse equilíbrio emocional das pessoas, sem as quais a organização não poderia ser concebida, como um processo psicossocial em permanente construção.


As emoções e os afetos: delimitações conceituais e perspectivas teóricas

As emoções e os afetos exercem importantes papéis na existência humana. Na pré-história, seus principais papéis eram de sobrevivência, ativando o sistema fisiológico, que tornava o homem predisposto a executar ações específicas em prol da manutenção da vida. Adquiriram, então, a função de comunicação e registro de momentos significativos da história do sujeito, podendo, às vezes, ser adequados a gêneros e contextos sociais específicos, devido às normas e costumes específicos da sociedade. A expressão da subjetividade e da individualidade constitui outro importante papel das emoções e afetos.
As emoções distinguem-se dos afetos na medida em que se relacionam com as alterações fisiológicas e comportamentais desencadeadas por estímulos internos, como pensamentos e imagens mentais ou estímulos externos e independem da ação consciente. Já os afetos, subdivididos em sentimentos, humores e temperamentos, apresentam maior constância temporal e estão relacionados a aspectos cognitivos. 
Buscar definições para um fenômeno tão multifacetado como os estados afetivos-emocionais, tem resultado em significativas divergências teóricas, não havendo um consenso quanto a que aspecto exerceria a primazia. Para a perspectiva biológica, a emoção, devido à sua função mantenedora da sobrevivência, selecionaria as manifestações afetivas adequadas. Em contrapartida, a perspectiva do construtivismo social aponta a determinação cultural sobre a expressão da emoção e dos afetos, implicando em deliberações cognitivas anteriores a expressão da emoção.


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Fonte: Psicologado