domingo, 31 de julho de 2011

BULLYING: AS MARCAS FICAM

Palestra : BULLYING: AS MARCAS FICAM

Cidade: Recife/PE
Data e Hora: Amanhã, (dia 1 de agosto) às 19h
Loja: Paço Alfândega - R. Madre de Deus, s/n - Recife
Palestrante: SUELLEN BEZERRA
Local: Auditório
Capacidade: 107 lugares

Fonte: Livraria Cultura

A PRESENÇA DO ANALISTA Por JORGE FORBES

APENAS 37% DOS PAULISTANOS COM DEPRESSÃO PROCURAM TRATAMENTO, APONTA PESQUISA


Apenas 37,3% dos paulistanos acometidos por um episódio de depressão no período de um ano procuraram tratamento, segundo estudo realizado por iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisa indicou ainda que 10,4% dos 5 mil entrevistados na região metropolitana de São Paulo tiveram depressão nos últimos 12 meses. O índice verificado em entrevistas, entre 2004 e 2007, foi o mais alto entre os 18 países que foram avaliados no trabalho.

Os países pesquisados foram divididos em dois grupos: alta renda (Bélgica, França, Alemanha, Israel, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Espanha e Estados Unidos) e baixa e média renda (Brasil – com dados exclusivamente de São Paulo –, Colômbia, Índia, China, Líbano, México, África do Sul e Ucrânia).

A professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo Maria Carmen Viana confirma que a prevalência de pessoas com depressão, na metrópole, é elevada. "Semelhante [à prevalência] em países de primeiro mundo, onde a gente sabe que a depressão tem de fato uma sobrecarga global bastante elevada”, ressaltou a especialista, que trabalhou na elaboração do estudo.

Entre os brasileiros ouvidos para a pesquisa, 18,4% afirmaram ter tido depressão uma vez na vida. A média desse índice entre os países mais desenvolvidos economicamente foi de 14,6% e de 11,1% entre os de menor desenvolvimento econômico.

A falta de informação e de uma rede de atendimento adequada é, segundo Carmen, o principal fator para que a maioria dos afetados pela doença não procure tratamento. “É uma situação da desinformação acerca da depressão pela população geral. E uma desassistência da saúde mental do ponto de vista da saúde pública”.

Com campanhas de conscientização, a especialista acredita que a população estaria apta a perceber o aparecimento de sintomas da depressão. Ela explica que, como problema pode ser desencadeado por fatores externos, o doente não percebe que é portador de uma enfermidade. “Muitas vezes, a pessoa nem percebe que está doente, ela acha que aquilo [sintomas] é em função daquilo que aconteceu de adversidade”.

Por isso, segundo Maria Carmen, há a necessidade de divulgar informações sobre a doença, principalmente sobre os sintomas depressivos. São sinais que vão desde a tristeza e cansaço constantes, passando pela insônia e falta de autoestima, até os pensamentos suicidas. “É importante que se saiba a diferença entre uma tristeza normal, que não é motivo de tratamento e a depressão doença, onde há vários sintomas identificáveis clinicamente”, destaca a pesquisadora. Ela ressalta ainda que a depressão está associada a uma série de outras doenças, como problemas cardíacos e hipertensão.

Os resultados do estudo da OMS, que indica que a doença é uma preocupação considerável para a saúde pública em todas as regiões do mundo e tem ligação com as condições sociais em alguns dos países avaliados, foram apresentados no artigo Epidemiologia Transnacional do Episódio Depressivo Maior, publicado na última terça-feira (26), na revista de acesso aberto BMC Medicine.

MATERNIDADE RESPONSÁVEL: UM ENFOQUE PSICANALÍTICO


Pertence à mulher uma das tarefas mais importantes de uma sociedade: gerar outro ser humano. Segundo a Psicanálise, essa é, porém, apenas uma parte do dever materno, que se inicia na gestação do bebê e se estende à segunda infância da criança - aproximadamente aos 5 anos de idade.

Winnicott (1896–1971) conceitua como maternagem os cuidados dispensados ao bebê pela mãe ou cuidadora deste. Segundo o autor, o bebê não existe sozinho – ele é parte de uma relação, que, além de abrangê-lo, engloba sua cuidadora. Esta deverá criar um ambiente facilitador para que o desenvolvimento psíquico da criança seja saudável.

Todos os fatos que ocorrem no período de vida intra-uterina e também o trauma do nascimento são registrados inconscientemente pelo sujeito que está sendo gerado. Por exemplo, o feto pode vir a sofrer frente à angústia ou ansiedade da mãe e tentar, como mecanismo de defesa, diminuir esse sofrimento através de movimentações hiperativas de seu corpo ou de diminuição de suas atividades motoras. Essas vivências intra-uterinas influenciarão sua personalidade e seus comportamentos na vida pós-natal.

Após o nascimento, a relação mãe-bebê é de dependência absoluta: o recém-nascido precisa de sua cuidadora para alimentá-lo, para vesti-lo, para nomear suas sensações e os objetos de seu mundo externo. Esse vínculo forma o alicerce para o seu desenvolvimento psíquico, fazendo com que seu frágil ego seja amparado pelo ego materno e se fortaleça.

É a partir da organização psíquica desenvolvida nessa relação, que o bebê conquistará sua capacidade de se relacionar. A qualidade do amor materno– e não a quantidade – determinará, portanto, a qualidade de todas as relações do indivíduo quando ele se desligar da mãe: amor em excesso e possessivo pode gerar dependência, insegurança e incapacidade desse sujeito em lidar com frustrações. Negligência e rejeição podem, por outro lado, provocar sérias angústias, necessidade exagerada de amor e sentimentos de agressividade, culpa e depressão.

Segundo Neumann, “Existem mães cuja genuína capacidade de amar é subdesenvolvida, atrofiada ou envenenada e que, como compensação de sua anti-realização, arremessam-se sobre seus filhos não para lhes dar excesso de amor, mas para preencher seu próprio vazio através do filho”. A mãe que vê o filho como única saída para dar vazão a seus sentimentos pode, por exemplo, mimá-lo excessivamente e, muitas vezes, impedir seu crescimento, por medo de que se torne independente dela. Em contrapartida, a gravidez na adolescência, a gravidez indesejada ou a visão de que os cuidados com os filhos são uma árdua tarefa e cerceiam sua liberdade são algumas das possíveis razões para a negligência materna.

A maternidade responsável, portanto, deve proporcionar ao feto e, posteriormente, ao bebê um vínculo afetivo sadio, garantindo a satisfação de suas necessidades fisiológicas e afetivas. Deve também evoluir para um processo gradual de independência emocional, que gerará confiança na criança e facilitará seu crescimento psíquico, para que possa, posteriormente, suportar-se sozinha e evoluir para a maturidade e autonomia.

SOCIOLOGIA DAS EMOÇÕES


As emoções entre as mulheres e os homens despontam nas revistas científicas e não científicas como objeto da Psicologia, da Biologia, da Neurologia e da Psiquiatria. Há muitos escritos abordando a natureza inata das emoções, o caráter genético de certos comportamentos emocionais (ódio, amor, inveja) ou, ainda, a profundidade, a manipulação ou a perversão do sentimento.

Alguns livros, oriundos da literatura erudita de autoajuda (Por que os homens mentem e as mulheres choram?), apresentam argumentos das ciências biológicas e da saúde sem o necessário debate e confronto com outras pesquisas e com as ciências sociais/humanas, repetindo, assim, ideias batidas e sem criatividade.

Paralelamente, o senso comum consagra esta divisão de tarefas emocionais: aos homens caberia a razão prática e o controle emocional, e às mulheres a emoção expandida e a paixão. Nada mais falso do que essa imagem, apesar das afirmações recentes da Psiquiatria e das ciências médicas ao "descobrirem" o poder dos hormônios ou a diferença das estruturas cerebrais.

Infelizmente, os sentimentos têm sido reduzidos a uma questão pessoal ou meramente biológica quando, na verdade, é possível falar de emoção entre classes sociais, gerações e outros agrupamentos sociais.

O sociólogo Norbert Elias (1897-1920), nos livros O processo civilizador e Sociedade de Corte, apesar de não construir uma Sociologia das emoções como campo científico, propõe no âmbito de uma "educação civilizatória", reflexões em que os sentimentos estão associados às formas civilizacionais assumidas pelas sociedades ao longo da história.

Assim, se pudéssemos transportar pessoas que viveram em outras épocas e civilizações para uma viagem no tempo, perceberíamos toda uma gama de sentimentos muito diferentes, mas intensos. Tomemos, por exemplo, o hábito, no Brasil Império, de colocar escarradeiras na sala para recolher o pigarro dos moradores e visitantes. Isso causaria nojo aos homens e mulheres contemporâneos, da mesma forma que certos hábitos atuais suscitariam horror, vergonha e ódio nos homens e mulheres do Brasil naquela época.

Dessa forma, para Norbert Elias, o desenvolvimento da noção de civilização na Europa, com toda sua sustentação social e econômica, correspondeu, simultaneamente, ao aumento do sentimento de vergonha e do nojo e da tendência de esconder, nos bastidores da vida social, a causa desses sentimentos.

A ideia de refinamento dos costumes, do autocontrole emocional e da higiene pessoal e pública surge como ideal da civilização ocidental, ampliando a fronteira entre privado e público, bem diferente dos costumes, e óbvio, dos sentimentos vividos na Idade Média.

Por isso, é possível, sem menosprezar as investigações das ciências médicas sobre o peso das estruturas biológicas e genéticas, afirmar que os sentimentos e suas formas de se manifestar são também elementos sociais, estruturantes da forma como interagimos, presentes na virulência dos preconceitos sociais ou na suavidade da ternura a dois.

Porém, a sisuda Sociologia continental ou europeia quase não deu atenção direta a esse aspecto fundamental da vida em sociedade. Não era a preocupação central de Durkheim (1858-1917), Weber (1864-1920) e Marx (1818-1883) (consagrada "trilogia" das Ciências Sociais), mas é importante notar que, apesar de não haver uma preocupação direta com as emoções, é possível ler, nas entrelinhas de seus escritos, ou até mesmo em textos "menores", reflexões bastante expressivas.

É possível perguntar, a partir das questões suscitadas por uma Sociologia das emoções, como os autores "clássicos" resolveram a questão da subjetividade no arcabouço teórico que construíram.

Durkheim, acusado (ou elogiado) de ser o "pai" do positivismo nas Ciências Sociais, escreveu textos e livros nos quais aborda uma "Sociologia do simbólico". Dentre eles está o relativamente pouco conhecido As formas elementares da vida religiosa, um dos últimos livros publicados. A leitura desse livro relativiza o rótulo de "pai do positivismo sociológico".

Durkheim, ao analisar os rituais das tribos australianas (sua dinamogenia), por meio de relatos de viajantes e missionários, coloca a emoção como parte indissociável da estrutura social. O ritual de celebração dos totens tribais teria como tarefa essencial perpetuar na memória dos homens a emoção original que os mobilizou e os fundou como sociedade. Em outras palavras, a emoção é resultante do estado de sociedade, condição sem a qual o homem não pode existir. Já no livro O suicídio, Durkheim apresenta os sentimentos, emoldurados por sua Sociologia, como fenômenos resultantes de processos sociais amplos de solidariedade e anomia, decorrentes da divisão social do trabalho.

Próximo a essa perspectiva "externalista" e estrutural, situa-se Karl Marx, para quem a individualidade psicológica e as emoções (raiva, inveja, ira) são frutos das relações de produção e das forças produtivas. As classes sociais e os conflitos decorrentes da guerra gerados entre as mesmas caracterizariam os sentimentos, determinados pela marcha histórica da "luta de classes".

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sábado, 30 de julho de 2011

"CARTAS A UMA JOVEM PSICANALISTA" REVELA LADO HUMANO DA PROFISSÃO


Dúvidas da profissão, transferência, narcisismo, modos de operar a teoria na prática e como confrontar casos graves de neurose e psicose. Esses são alguns dos temas que perpassam as páginas de "Cartas a uma Jovem Psicanalista" (Perspectiva).

O texto calmo e convidativo do brasileiro Heitor O´Dwyer de Macedo apresenta a psicanálise de uma forma que foge de jargões técnicos e busca, à medida do possível, falar sobre teorias dos principais nomes da área, de Freud à Lacan, dos sintomas atuais que agridem a sociedade e como garantir a tranquilidade aos pacientes nos processos de análise.

A "jovem psicanalista" do título é uma personagem ficcional, naturalmente, mas os conteúdos das cartas de Heitor são aqueles que qualquer interessado no funcionamento da mente humana gostariam de receber. Seu papel, nesse caso, é como o de um tutor, que responde as principais questões e medos de um profissional que se inicia na carreira. Tanto pela experiência própria da clínica, ou pelos ensinamentos que teve com os seus tutores, é admirável a capacidade do autor de esclarecer os assuntos, sugerir caminhos e acalmar seu correspondente.

Heitor radicou-se na França para concentrar seus estudos, e no processo teve a oportunidade de trabalhar e estudar com Françoise Dolto, e, atualmente, destaca-se como um dos principais nomes em atividade naquele país. Sua obra foi elogiada pelos colegas de profissão e virou referência para as novas turmas.

Em entrevista à Livraria da Folha, ele comenta um pouco sobre seu livro, o papel da psicanálise na mídia e dos sentimentos que aguarda dos leitores brasileiros.
Confira.

Livraria da Folha - No Brasil, percebemos um momento curioso de retorno à psicanálise, tanto na mídia com opinião de profissionais quanto nas universidades e uma boa safra de livros publicados, de autores estrangeiros e nacionais. Na contramão disso, também enxerga-se em outro plano o interesse pela neurociência e a popularização de remédios. Como analisa o momento da psicanálise a partir da França, atualmente, um dos grandes centros do mundo?

Heitor O´Dwyer de Macedo - Freud sempre foi implacável na sua afirmação que a psicanálise não pertence ao campo da medicina. Na França este distinção permitiu à psiquiatria integrar no seu encontro com os pacientes psicóticos a teoria freudiana. Isto fez da psiquiatria francesa a melhor do mundo - entre 1945 e os finais dos anos oitenta. Os grandes avanços realizados pela neurociência devem ser saudados por aquilo que são : uma contribuição gigantesca no conhecimento do funcionamento do cérebro. Quanto à tentativa cientista de reduzir os sentimentos e o sofrimento humano às moléculas - que é a tendência na França de hoje - isto nada mais é do que a retomada de um delírio que já existia no século XIX e que encontrou no nazismo a sua expressão racista e ideológica cujos resultados trágicos constituem a maior catástrofe na historia da humanidade.

Seu livro "Cartas a uma jovem psicanalista" tem um texto elegante e até romanceado. Em sua introdução, cita a influência de Rilke em sua feitura. Acredita que um assunto, muitas vezes complicado, como a psicanálise precise de mais textos de "cartas" e "diários" para descomplicar um pouco as coisas? Para chegar mais proximo ao leitor de hoje que não tem a tradição de estudos dos tempos de Freud, por exemplo?

O livro de Rilke me serviu como modelo de enunciação. A forma de cartas dirigidas a uma jovem psicanalista permitia que eu me livrasse do discurso universitário, discurso que destrói a psicanálise. Mas a relação da psicanálise com a literatura é um caso de amor paixão. Freud era um grande leitor, dos clássicos e dos contemporâneos, conhecedor profundo de Shakespeare e de Cervantes (aprendeu espanhol para ler Don Quixote no original). Foi próximo dos grandes escritores e poetas de seu tempo. E a sua leitura de Sófocles, como sabemos, teve consequências radicais na instituição da cultura.

Freud ganhou apenas um prêmio durante sua vida : o prêmio Goethe, distinção máxima na literatura alemã, e que celebrava a força e a clareza de seu estilo. Sem dúvida alguma, os textos de Freud sobre psicanálise são legíveis para qualquer pessoa que tente pensar sua vida, que tente ser sujeito der sua existência. Tal clareza na exposição era também uma necessidade: demonstrar que a psicanálise não era uma prática esotérica, mas sim um instrumento capaz de aumentar a nossa força de presença aos nossos próprios sentimentos, e a força de nossa presença no mundo.

Ora, tal clareza nas formulações da descoberta do inconsciente é fundamental na clínica, nas interpretações propostas ao paciente. Cada cura é uma experiência onde cada paciente redescobre para si mesmo, e de maneira absolutamente singular, os processos inconscientes até então desconhecidos. A psicanálise não escapou ao perigo do dogmatismo que corre qualquer atividade de pesquisa que constrói um conjunto doutrinal. E eu estou convencido que a revitalização da psicanálise depende, em grande parte, que os psicanalistas voltem a escrever com as mesma preocupação que orienta o diálogo com seus clientes : a de encontrar uma harmonia entre sua inteligência da experiência e o seu cuidado de não ferir a sensibilidade do paciente - o que se chama o tato. (A interpretação psicanalítica é uma prática poética.) Quando a procura desta harmonia se perde, a psicanálise, para parafrasear Marx, passa a ser simplesmente um meio de explicar o funcionamento psíquico ao invés de transformá-lo.

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ANOREXIA NERVOSA


O que é?

Anorexia nervosa é um transtorno alimentar no qual a busca implacável por magreza leva a pessoa a recorrer a estratégias para perda de peso, ocasionando importante emagrecimento. As pessoas anoréxicas apresentam um medo intenso de engordar mesmo estando extremamente magras. Em 90% dos casos, acomete mulheres adolescentes e adultas jovens, na faixa de 12 a 20 anos. É uma doença com riscos clínicos, podendo levar à morte por desnutrição.

O que se sente? 

  • Perda de peso em um curto espaço de tempo.
  • Alimentação e preocupação com peso corporal tornam-se obsessões.
  • Crença de que se está gordo, mesmo estando excessivamente magro.
  • Parada do ciclo menstrual (amenorréia).
  • Interesse exagerado por alimentos.
  • Comer em segredo e mentir a respeito de comida.
  • Depressão, ansiedade e irritabilidade.
  • Exercícios físicos em excesso.
  • Progressivo isolamento da família e amigos.


Complicações médicas 


  • Anemia.
  • Redução da massa muscular.
  • Intolerância ao frio.
  • Motilidade gástrica diminuída.
  • Amenorréia (parada do ciclo menstrual).
  • Osteoporose (rarefação e fraqueza óssea).
  • Infertilidade em casos crônicos.
  • Desnutrição e desidratação


Maior propensão a infecções por comprometimento do sistema imunológico

Quais são as causas?

Não existe uma causa única para explicar o desenvolvimento da anorexia nervosa. Essa síndrome é considerada multideterminada por uma mescla de fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. Alguns estudos chamam atenção que a extrema valorização da magreza e o preconceito com a gordura nas sociedades ocidentais estaria fortemente associada à ocorrência desses quadros.

Como se desenvolve?

A preocupação com o peso e a forma corporal leva o adolescente a iniciar uma dieta progressivamente mais seletiva, evitando ao máximo alimentos de alto teor calórico. Aparecem outras estratégias para perda de peso como, por exemplo: exercícios físicos excessivos, vômitos, jejum absoluto.

A pessoa segue se sentindo gorda, apesar de estar extremamente magra, acabando por se tornar escrava das calorias e de rituais em relação à comida. Isola-se da família e dos amigos, ficando cada vez mais triste, irritada e ansiosa. Dificilmente, a pessoa admite ter problemas e não aceita ajuda de forma alguma. A família às vezes demora para perceber que algo está errado. Assim, as pessoas com anorexia nervosa podem não receber tratamento médico, até que tenham se tornado perigosamente magras e desnutridas.

Como se trata?

O tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por psiquiatra, psicólogo, pediatra, clínico e nutricionista, em função da complexa interação de problemas emocionais e fisiológicos nos transtornos alimentares.

Quando for diagnosticada a anorexia nervosa, o médico deve avaliar se o paciente está em risco iminente de vida, requerendo, portanto, hospitalização.

O objetivo primordial do tratamento é a recuperação do peso corporal através de uma reeducação alimentar com apoio psicológico. Em geral, é necessário alguma forma de psicoterapia para ajudar o paciente a lidar com sua doença e com as questões emocionais subjacentes.

Psicoterapia individual, terapia ou orientação familiar, terapia cognitivo-comportamental (uma psicoterapia que ensina os pacientes a modificarem pensamentos e comportamentos anormais) são, em geral, muito produtivas.

Para o quadro de anorexia nervosa não há medicação específica indicada. O uso de antidepressivos pode ser eficaz se houver persistência de sintomas de depressão após a recuperação do peso corporal.

O tratamento da anorexia nervosa costuma ser demorado e difícil. O paciente deve permanecer em acompanhamento após melhora dos sintomas para prevenir recaídas.

Como se previne?

Uma diminuição da pressão cultural e familiar com relação à valorização de aspectos físicos, forma corporal e beleza pode eventualmente reduzir a incidência desses quadros. É fundamental fornecer informações a respeito dos riscos dos regimes rigorosos para obtenção de uma silhueta "ideal", pois eles têm um papel decisivo no desencadeamento dos transtornos alimentares.


Colaboradoras: Dra. Alice Sibile Koch
                           Dra. Dayane Diomário da Rosa


Fonte: ABC da Saúde

HISTÓRIA DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE MENTAL NO BRASIL: DA REFORMA PSIQUIÁTRICA À CONSTRUÇÃO DOS MECANISMOS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL


O conceito de loucura é uma construção histórica, antes do século XIX não havia o conceito de doença mental nem uma divisão entre razão e loucura. O trajeto histórico do Renascimento até a atualidade tem o sentido da progressiva separação e exclusão da loucura do seio das experiências sociais (FERNANDES e MOURA, 2009).

A população que sofre de algum transtorno mental é reconhecida como uma das mais excluídas socialmente. Essas pessoas apresentam redes sociais menores do que a média das outras pessoas. Para Fernandes e Moura (2009) a segregação não é apenas fisicamente, permeia o corpo social numa espécie de barreira invisível que impede a quebra de velhos paradigmas.

Vários estudos demonstram que a pessoa que sofre de transtorno mental severo e persistente, quando inserido em redes fortes de troca e suporte apresentam maior probabilidade de êxitos positivos no tratamento (MANGUIA e MURAMOTO, 2007).

Este trabalho faz um resgate histórico das políticas em saúde mental no Brasil, mostra as mudanças na regulamentação e nas formas de atendimento, que trazem novas possibilidades de atendimento da loucura, priorizando o atendimento psicossocial em meio comunitário, tirando o privilegio dos manicômios e hospitais psiquiátricos como únicas formas de tratamento. São enfatizadas também as dificuldades enfrentadas na consolidação dessas políticas e as novas formas de cuidado ofertados ao portador de transtorno mental.

A rede de atenção à saúde mental brasileira é parte integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), rede organizada de ações e serviços públicos de saúde, instituído no Brasil pelas Leis Federais 8080/1990 e 8142/90. Leis, Portarias e Resoluções do Ministério da Saúde priorizam o atendimento ao portador de transtorno mental em sistema comunitário.

Nos anos 70 dá-se início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, um processo contemporâneo ao “movimento sanitário”, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva, equidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado (BRASIL, 2005).

O ano de 1978 marca o início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil. O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas, surge neste ano. É sobretudo este Movimento que passa a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais (BRASIL, 2005).

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BATALHA CONTRA O ESPELHO


Pesquisa mostrou que 69% dos entrevistados pensam não ter uma boa imagem, pelo menos uma hora do dia. Mas há casos em que a insatisfação com a própria imagem chega a ser patológica. É quando surge o transtorno dismórfico corporal.
As cirurgias plásticas viraram uma obsessão do cantor americano Michael Jackson, cujas intervenções começaram em 1984 e não pararam mais. Em uma entrevista concedida em 1993 à apresentadora americana Oprah Winfrey, o astro pop se descreveu como perfeccionista e "nunca satisfeito com nada", incluindo a sua aparência. Jackson não estava sozinho. Afinal, quem nunca se sentiu insatisfeito diante do espelho ao menos por um dia? Mas há quem confira dimensões extremas à conhecida fábula do patinho feio e transforme o próprio corpo num verdadeiro campo de batalha.

São pessoas que sofrem de uma desordem psicológica chamada dismorfofobia ou transtorno dismórfico, que as faz alimentarem ideias irreais sobre a própria imagem corporal. É o caso da engenheira química C., de 39 anos, que teve sérios problemas devido à excessiva preocupação com a sua aparência física. Dizia que seu rosto se tornava flácido e que suas bochechas estavam prestes a desabar. Começou, então, a se sentir insegura a ponto de não sair na rua sozinha. Deixou de dirigir, ficando a maior parte do tempo em casa. Passou a ter espasmos no rosto e deixou até mesmo de falar. Exames clínicos, porém, não mostraram qualquer alteração na pele ou no tônus muscular do rosto de C., mulher jovem e de boa aparência.

O distúrbio foi relatado pela primeira vez pelo psiquiatra italiano Enrico Morselli, em 1886. À época, foi descrito como um sentimento de feiura ou defeito no qual a pessoa sente que é observada por outras, embora a sua aparência esteja dentro dos limites da normalidade. Por isso, o distúrbio recebeu o nome de "hipocondria da beleza". Somente nos Estados Unidos, o distúrbio atingiria cerca de 5 milhões de pessoas ou 2% da população. "Trata-se de uma certeza, muitas vezes delirante, de que uma parte do corpo não está bem. Enquanto a pessoa que alucina inventa o mundo, o delirante vê o mundo com outros olhos", compara o neurologista Edson Amâncio, autor do livro O homem que fazia chover.

"Em geral, as queixas envolvem falhas imaginárias ou leves no rosto ou na cabeça, como acnes, cicatrizes, rugas ou inchaços", diz. Dificuldades sociais e conjugais ocorrem com as pessoas que têm o transtorno, dependendo da gravidade, a ponto de terem sua vida completamente desestruturada. "O prejuízo pode ser resultado do tempo que se gasta com a atenção ao corpo, em detrimento de outros aspectos da vida, quase sempre negligenciados", diz Amâncio. "Quem sofre da doença se olha com frequência no espelho ou em outras superfícies refletoras para checar a aparência, o que pode consumir muitas horas por dia numa atitude compulsiva bastante difícil de resistir", diz o neurologista. Outros, ao contrário, esquivam-se de espelhos em uma tentativa não bem-sucedida de diminuir o mal-estar e a preocupação.

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AS CONTRIBUIÇÕES DE WUNDT E HALL PARA A PSICOLOGIA


Os pais intelectuais da psicologia foram, sem dúvidas, a filosofia e a fisiologia. Apesar do interesse comum pelas questões relacionadas a interação mente-corpo, sensação-percepção, cada uma destas ciências tinha interesse muito voltado para sua respectiva área. Foi então que o alemão Wilhelm Wundt mudou este ponto, tornando a psicologia uma disciplina independente.

O período foi extremamente favorável, Wundt foi o homem certo no lugar certo: as universidades alemãs se encontravam em um período de expansão e haviam subsídios disponíveis para novas disciplinas, além do mais, o clima intelectual era bastante favorável à abordagem que Wundt advogavam suas propostas foram bem recebidas pela comunidade acadêmica e em 1879 houve a criação do primeiro laboratório formal para pesquisa em psicologia na Universidade  de Leipzig. E então em 1881 Wundt lançou o primeiro jornal voltado à publicação de pesquisas em psicologia.
Wundt é o fundador porque ele casou a fisiologia com a filosofia e fez seu resultado (filho) independente. Ele trouxe os métodos empíricos da fisiologia para as questões da filosofia” (LEAHEY, Tomas - 1987, p 182)
A concepção de psicologia de Wundt dominou o campo por duas décadas e influenciou muitas outras. Mas e qual era o objeto de estudo desta nova ciência? Para Wundt este objeto era o ‘Consciente’, a consciência da experiência imediata.

Wundt então pesquisou incansavelmente por métodos tão científicos quanto os das ciências naturais para estudar a ‘experiência consciente’. E este trabalho duro, aliado a suas idéias provocantes logo lhe renderam seguidores, jovens estudantes interessados nas suas pesquisas.

Muito dos estudantes de Wundt criaram seus próprios laboratórios de psicologia e atraíram estudantes. Um dos estudantes de Wundt, G. Stanley Hall, foi particularmente importante para o rápido desenvolvimento da psicologia na América. Foi o primeiro na América, fundou o primeiro laboratório de pesquisa em psicologia na Universidade Johns Hopkins (1883), em 1891 ele lançou o primeiro jornal Americano de psicologia e em 1892 ajudou a fundar a APA - Associação Americana de Psicologia, sendo seu primeiro presidente.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

MINISTÉRIO DA SAÚDE FARÁ AUDITORIA EM 201 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS DE 23 ESTADOS


O governo federal vai iniciar uma auditoria em 201 hospitais psiquiátricos, em 23 estados, que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A medida foi anunciada depois de o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP) decidir investigar o grande número de mortes de pacientes internados em hospitais psiquiátricos paulistas e ter pedido informações ao Ministério da Saúde. Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo noticiou 104 mortes nas instituições paulistas em 2010.

O ministério informou que, desde abril, vem investigando denúncias de mortes e concentração de pacientes no Hospital Vera Cruz, em Sorocaba (SP), e outros seis unidades psiquiátricas da região. A investigação está na fase final, conforme a pasta.

Na vistoria nacional, os técnicos do ministério vão avaliar a estrutura física dos hospitais, a relação dos profissionais com os internados e a eficácia do tratamento dos pacientes. O trabalho será coordenado pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), que terá 60 dias para apresentar os resultados a partir de 1º de setembro.
 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

COMPORTAMENTO CLEPTOMANÍACO É DISSOCIADO DE CARÊNCIA FINANCEIRA


Desse modo, esse comportamento ocorre inúmeras vezes desassociado da carência financeira. Em outras palavras, os objetos são furtados apesar de geralmente terem pouco valor monetário ou utilidade para a pessoa. Essa teria condições de comprá-los e não é raro dá-los de presente ou jogá-los fora. Às vezes, o indivíduo pode colecionar os objetos furtados ou devolvê-los disfarçadamente. Embora geralmente as pessoas com esse transtorno evitem furtar quando haja uma possibilidade de detenção imediata (por ex: na presença de um policial), elas não costumam planejar seus furtos anteriormente e nem avaliam corretamente as chances existentes de serem presas. O furto ocorre sem auxílio ou colaboração de outras pessoas.

O que leva a pessoa a furtar, é uma sensação crescente de tensão antes do furto e uma alívio dessa tensão, prazer ou satisfação após cometê-lo. O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança. Há a consciência de que o ato é errado e sem sentido. O indivíduo com frequência tem medo de ser pego e se sente triste ou culpado em relação aos furtos.

A cleptomania é uma condição rara, que parece ocorrer em menos de 5% de pessoas que cometem furtos em lojas. Ela parece ser mais comum entre mulheres, embora não se saiba a razão disso.

A cleptomania deve ser diferenciada de atos comuns de roubo e furtos. O furto comum (planejado ou impulsivo) é deliberado e motivado pela utilidade do objeto ou por seu valor monetário. Algumas pessoas, especialmente adolescentes, também podem furtar como um ato de rebeldia, de aceitação pela turma ou como um *rito de passagem.

O tratamento baseia-se em acompanhamento psicoterapêutico e psiquiátrico. A TCC demonstra ter bons resultados na diminuição de incidências e maior controle sobre os episódios de cleptomania, como demonstrado em estudos e pesquisas.

* Rito de passagem: ato realizado pela pessoa para oficializar sua passagem de uma fase de vida para a outra. Na comunidade indígena há muito isso. Por ex: o garoto índio para poder entrar no mundo adulto é enviado para caçar uma animal ou ficar longe da tribo e sobreviver sozinho por alguns dias. Na nossa sociedade, em alguns grupos de adolescentes, é solicitado que seus membros (ou alguém que queira ingressar nele) provem que sejam merecedores e aí, por exemplo, eles têm de roubar algo de valor ou fazer algo perigoso como prova.

CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS CLANDESTINAS PROLIFERAM EM FRANCO DA ROCHA, NA GRANDE SP


SÃO PAULO – Franco da Rocha carrega o estigma de ter abrigado um dos maiores hospitais de isolamento psiquiátrico de São Paulo. O município de 120 mil habitantes, localizado na Grande São Paulo, ainda é visto como um local onde doentes mentais devem ser deixados, longe do convívio familiar. O município abriga dezenas de clínicas clandestinas que confinam pessoas com algum tipo de distúrbio mental. O hospital do Juquery, complexo psiquiátrico que chegou a abrigar 14 mil pessoas na década de 60, tem hoje 210 pacientes.
Pelo menos 13 destas clínicas já foram identificadas pelo Ministério Público. Uma lei federal, de 2001, proibiu o confinamento de doentes com distúrbios mentais crônicos em hospitais, determinando a reinserção nas famílias, sob supervisão de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Com a eliminação da maioria das vagas em instituições públicas, multiplicaram-se clínicas clandestinas que mantêm seus pacientes vagando praticamente sem assistência ou, simplesmente, amarrados.

Situadas em locais afastados, escapando à fiscalização, a maioria destas clínicas oferecem espaços pequenos, sem sequer uma tevê. Os pacientes comem, tomam remédios e dormem. Muitas vezes, o vaso sanitário é um balde.

Os doentes estão ali porque seus parentes pagam para não tê-los em casa. Em muitos casos, sem saber, eles próprios custeiam o local com o benefício que recebem da Previdência Social, em geral equivalente a um salário mínimo.

O “pacote de serviços” inclui consultas, exames, alimentação e até lavagem de roupas. Mas não há médicos nesses locais. No máximo, um auxiliar de enfermagem. E os proprietários, na maioria, não têm diploma de Medicina ou outro curso na área da saúde. Ao contrário, boa parte deles atuou como segurança ou vigilantes em órgãos ou autarquias públicas.

A situação começou a ser apurada há um ano, quando a promotora de Justiça Ana Paola Ferrari Ambra chegou à Promotoria de Franco da Rocha. De lá para cá, 14 inquéritos civis foram abertos e estão em andamento para apurar o funcionamento irregular dessas casas.
Os doentes, segundo ela, são de várias cidades paulistas. Num mesmo espaço, essas clínicas abrigam qualquer tipo de pessoa que a família quer ver isolada, incluindo idosos usuários de crack.

- São egressos de internações de hospitais psiquiátricos, a maioria de famílias de baixa renda. Alguns locais chegam a manter, juntos, idosos, doentes mentais e até pacientes acamados por outras doenças – conta Ana Paola.

Para se ter uma ideia, numa destas clínicas uma mulher chegou a receber, por sonda, uma mistura de arroz e feijão peneirados. Segundo a promotora, a paciente morreu. . A Vigilância Sanitária do estado flagrou remédios aplicados na veia sem qualquer prescrição ou identificação das substâncias.

Das clínicas já vistoriadas pela promotoria e pela Vigilância Sanitária Estadual, três terão que ser fechadas e sete tentam uma licença para funcionar como residência coletiva. Por enquanto, todas seguem funcionando.

- A situação é grave. Nas casas que serão fechadas, os doentes estão em processo de transferência. Mas uma casa que tinha 37 pessoas quando foi vistoriada, em vez de transferir esses doentes, aumentou o número para 73 internos. Isso foi constatado pela Vigilância Sanitária em março passado – diz a promotora.

A sensação dos donos destas clínicas, segundo a promotora, é a mesma dos que cometem qualquer tipo de irregularidade: têm a sensação de impunidade, acompanhada da certeza de que a fiscalização é difícil.

A pedido do Ministério Público, a Diretoria Regional de Saúde do Estado de São Paulo deve avaliar a condição de cada um dos pacientes. Os laudos ainda não ficaram prontos.
- Alguns têm a ousadia de dizer que no local funciona uma pousada – afirma a promotora.
Para escapar da fiscalização, as clínicas mudam de nome e de endereço com facilidade, carregando junto os pacientes.

Ana Paola diz que os pacientes com alguma noção do que ocorre pedem ajuda para sair e perguntam por algum parente.

- “Me tira daqui”, “Meu filho não vem mais me visitar” são as frases que mais escutamos. Tem uma paciente que foi internada num desses lares clandestinos por vizinhos depois que a mãe morreu – afirma.

Há suspeita de que à noite, quando os cuidadores e auxiliares de enfermagem encerram seus expedientes, alguns pacientes recebam medicação para dormir. Numa das clínicas vistoriadas, parentes dos proprietários afirmam que não há necessidade de profissionais no turno da noite, pois “todos dormem a noite inteira”.

Mesmo que sejam regularizadas pela Vigilância Sanitária, as sete clínicas identificadas pelo Ministério Público terão de ter seus internos avaliados por um psiquiatra indicado pela Diretoria Regional de Saúde. Na avaliação da promotora, a maioria dos casos configura internação contínua, e não residência terapêutica, como determina a lei.

- São residências coletivas, mas o paciente não pode sair – questiona Ana Paola.

Ou seja, pela Constituição, todos tiveram o direito de ir e vir cerceados.

Procurada, a Vigilância Sanitária estadual informou, por nota, que qualquer estabelecimento, antes de iniciar suas atividades, deve solicitar licença de funcionamento sanitário, especificando qual a atividade que irá realizar”. Há quatro entidades em processo de regularização em Franco da Rocha. “As ações de vigilância sanitária são processos contínuos de monitoramento e avaliação de risco sanitário”, diz a nota da Vigilância do estado.

Um estudo realizado pelo Instituto do Psiquiatria do Hospital das Clínicas, divulgado no Congresso de Psiquiatria, em 2010, mostrou que transtornos mentais atingem, ao longo da vida, 45% da população da Grande São Paulo. A depressão é a doença mais comum – atinge 18% dos entrevistados -, seguida pelas fobias específicas (12,4%) e pelo abuso e dependência de álcool e drogas (9,8%).

Fonte: O Globo

CULTURA DA AUTOESTIMA É CONTESTADA POR PSICÓLOGA AMERICANA


Enquanto instituições, terapias, profissionais e livros seguem vendendo o "resgate da autoestima", a psicóloga americana Kristin Neff resolveu questionar um dos clichês mais repisados das últimas décadas.

Para ela, a cultura que incentiva em cada um a avaliação positiva de si mesmo contribuiu para a atual epidemia de narcisismo. Como alternativa, Neff, 44, defende o estímulo da autocompaixão, conceito budista que ela importa para a psicologia no livro "Self-Compassion", lançado em abril.

Folha - Como uma autoestima elevada pode fazer mal?
Kristin Neff - Não é o fato de ter uma autoestima elevada que é prejudicial, mas o que se faz para consegui-la ou mantê-la. Você precisa ser o número um, precisa se sentir especial e melhor do que os outros. Se, por exemplo, a sua performance no trabalho está abaixo da média, você se sente abaixo da média.

Dá para manter a autoestima sempre em alta?
Não, isso não é sustentável. Para manter a autoestima em alta precisamos nos sentir melhor do que somos e achar que os outros são piores do que são. Só que não dá para ser melhor do que os outros o tempo todo. Você se sente bem quando recebe aquela promoção no trabalho, mas também se sente péssimo se não recebe. É óbvio que essa instabilidade faz mal à saúde. Pode levar à depressão e à ansiedade. Não dá para confiar na autoestima porque ela logo abandona você.

Por que a busca pela boa autoavaliação é tão prejudicial?
Porque acirra a rivalidade e pode levar à agressividade. Há quem sustente que muitas crianças praticam bullying porque têm baixa autoestima. Na verdade, elas obtêm sua autoestima colocando os outros para baixo, provocando, batendo. Assim se sentem melhores do que os outros. Pessoas preconceituosas usam critérios como raça ou religião para se dizerem melhores em relação aos que integram os outros grupos. O preconceito vem desse sentimento de que o grupo ao qual pertenço é melhor do que o outro e de que tenho que me sentir melhor do que o outro.

Como a cultura incentiva essa busca de alta autoestima?
Desde cedo, com os pais, com a escola. Numa sociedade competitiva, você dirá às crianças que é preciso ser sempre o primeiro. Elas vão ficar se comparando o tempo todo, porque têm sido educadas na ideia de que devem sempre se sentir especiais e ganhar prêmios por serem as melhores. Todas essas formas de premiação que existem nas escolas incentivam a competição.

Qual o resultado disso?
Hoje, temos os maiores índices de narcisismo registrados graças a esse tipo de educação. É uma epidemia. Sou professora universitária há 12 anos e já vejo uma mudança nos meus alunos. Eles cada vez mais se sentem incomodados se tiram um B como nota. Meu filho ouve muito rap e eu noto essas letras lotadas de narcisismo.

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MANTER OS COLABORADORES LIGADOS

"O engajamento dos profissionais depende de ações consistentes e de um bom líder".

O espertador que toca de manhã soa como uma condenação: mais um dia de trabalho está para começar. O percurso até o escritório parece longo demais; a rotina e a relação com os colegas é quase uma tortura; a melhor parte do dia é o término do horário de serviço. O desempenho cai, o chefe ameaça, a desmotivação aumenta. Pena que no dia seguinte começa tudo de novo. Quem nunca passou por uma situação como esta provavelmente já acompanhou de perto o sofrimento de outra pessoa desmotivada no trabalho. É um círculo vicioso que gera perdas tanto para a empresa quanto para o funcionário.

Em muitos casos, os empregadores têm dificuldade para entender o porquê do comportamento, que costuma ser atribuído exclusivamente ao trabalhador. Mas embora a motivação seja de fato um processo interno, pessoal e intransferível, as empresas têm grande poder e responsabilidade sobre esse quadro. Seu papel é o de criar um ambiente favorável para acionar a energia interna dos colaboradores, favorecendo a criatividade, a participação e valorização do ser humano - tomando todo o cuidado de não transformar o que é motivação em arma de chantagem ou até mesmo punição (veja mais na pág. 42). Outros itens fundamentais passam pelo clima, por possibilidade de desenvolvimento na carreira e até mesmo pelo conforto físico oferecido no ambiente de trabalho.

Como a motivação é um processo interno, os profissionais de RH dizem que "ninguém motiva ninguém". Porém, criar condições para que a motivação ocorra é possível, e o nome dado a esse processo é engajamento - este, sim, pode ocorrer "de fora para dentro". Segundo a coordenadora do núcleo de liderança da FGV in company, Vera Cavalcanti, cada pessoa é motivada de forma diferente, já que as prioridades não são iguais. Por isso, o ambiente de trabalho deve trazer ingredientes variáveis para despertar o interesse de diferentes tipos de pessoas.

A grande chave para o sucesso é manter a consistência dessas iniciativas no dia a dia. Medidas pontuais, como premiações, viagens ou confraternizações, não são consideradas eficientes porque são desconectadas do trabalho e têm efeito momentâneo. "Não adianta levar a equipe para fazer rafting se depois, quando a pessoa volta para a realidade, vê que nada mudou", afirma a gerente de RH do Mercado Livre, Helen Menezes. Oferecer aumento de salário somente quando a pessoa quer deixar a empresa ou tentar incentivar com base na pressão são outras práticas fadadas ao fracasso.

A famosa "fiscalização" que muitos chefes praticam sobre seus funcionários pode até funcionar na hora em que eles estão olhando, mas basta  virar as costas para que deixe de funcionar. Outro  efeito colateral gerado por uma relação tensa com o chefe é a redução da produtividade, com o surgimento de sintomas físicos de mal-estar e o deslocamento da insatisfação para a vida pessoal ou até mesmo para os colegas.

O pacote de salário e benefícios, ao contrário do que se costuma pensar, não é suficiente para garantir o comprometimento das pessoas, segundo a coordenadora da FGV in company. "Acredito que isso pode atrair os profissionais, mas o que retém é uma boa liderança", afirma a especialista, que é autora do livro Liderança e motivação, da Editora FGV. O gestor imediato é um importante personagem nessa história, pois é ele quem pode ser um facilitador no processo de desenvolvimento de carreira. "Motivar é algo muito difícil. Mas, é possível desmotivar uma pessoa em uma fração de segundos", diz Vera.

COMO VOLTAR AO MERCADO DE TRABALHO DEPOIS DOS 60?


Nos últimos anos, a economia aquecida possibilitou maior oferta de postos de trabalho no Brasil e uma novidade: oportunidades para profissionais mais velhos. Recente esquisa do Ministério do Trabalho destacou o crescimento no número de empregos na faixa etária de 50 a 64 anos e acima dos 65 anos. A criação de postos de trabalho para essas idades teve aumento de 10,28% e 12,77%, respectivamente.

A constatação é vantajosa para profissionais e empregadores, segundo Juliana Almeida Dutra, especialista em gestão de pessoas e clientes e diretora executiva da Deep - Desenvolvimento e Envolvimento Estratégico de Pessoas e Clientes.

Para quem está longe do mercado de trabalho por algum tempo, voltar à ativa aos 60 pode ser um grande desafio: o convívio com profissionais mais jovens, conectados à internet e às redes sociais e mais inteirados das novidades em suas áreas de atuação, a necessidade de falar outros idiomas e de ter uma atuação multidisciplinar etc. "Os mais jovens podem ter muitas habilidades tecnológicas, porém, muitas empresas buscam profissionais experientes, com maturidade para atuar em posições estratégicas", ressalta Juliana. Aos profissionais rumo ao recomeço, a especialista lista algumas recomendações:
  • Procure um trabalho alinhado à sua experiência profissional anterior;
  • Identifique suas principais competências e procure em que sua competência vai acrescentar ao resultado do trabalho;
  • Identifique seu diferencial de mercado e comece por ele sua busca. Isso facilita as entrevistas dos processos de seleção;
  • Construa um currículo valorizando sua experiência;
  • Lembre-se: as entrevistas hoje objetivam a competência. Por isso, recapitule momentos em que seu trabalho lhe trouxe realmente muito orgulho. Conte ao entrevistador;
  • Não pareça resistente às mudanças e novidades, pelo contrário, coloque-se aberto a aprender tudo o que for possível;
  • Garanta sua apresentação pessoal e postura profissional; são muito importantes;
  • Procure ler jornais e revistas, notícias na internet, que possam atualizá-lo sobre a área que busca.
Vantagens para o empregador
Há vantagens também para as empresas que dão oportunidades aos mais velhos. "Passando pelo processo seletivo normal, um idoso competente tem experiência para a resolução de problemas devido à sua maturidade profissional e também tem mais paciência e competência analítica, além de relacionamento mais apurado com equipes", informa Juliana. A especialista afirma ainda que os mais velhos são excelentes para atendimento a clientes porque reduzem o turnover das empresas pelo seu comprometimento. Em momentos de feedback, são mais humildes ao reconhecer seus erros e buscar a melhoria, são menos ansiosos e têm paciência para um plano de carreira mais longo, pois, em geral, já recebem a aposentadoria e por isso o foco do trabalho nem sempre é exclusivamente o salário. "Profissionais mais experientes têm muita capacitação, força de vontade de aprender e ensinar. Hoje em dia, os idosos fazem tudo: entram na internet, dirigem, fazem exercícios, dançam, namoram, estudam, enfim, procuram algo que venha trazer bem-estar e o melhor caminho para a felicidade."

Fonte: Revista Melhor