sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

TRAUMA



Pesquisas baseadas em imagens neurais têm constatado a relação entre vivência de situações traumáticas e hiperatividade de áreas cerebrais relacionadas à percepção de ameaças. Agora, um estudo recente da Universidade College de Londres reforça esses resultados e mostra que o cérebro de crianças que sofreram maus-tratos reage de forma semelhante ao de soldados diante dos mesmos estímulos.

A equipe coordenada pelo psicólogo Eamon McCrory registrou a atividade cerebral de 20 voluntários de 12 anos de idade – vítimas de agressões físicas ou verbais que viviam sob tutela do governo americano – enquanto observavam fotografias de rostos que exprimiam tristeza, raiva ou calma. A visão das expressões de fúria ativou a amígdala e o córtex insular anterior, regiões envolvidas na percepção de ameaças e na antecipação da dor – padrão semelhante ao detectado em soldados que participaram de conflitos armados.

Para McCrory, a hiperatividade nessas regiões é consequência do processo de adaptação neural a ambientes ameaçadores. “Embora se torne necessária para sobreviver à degradação emocional, ela pode ser também o gatilho para o desenvolvimento de transtornos depressivos e ansiedade
na vida adulta”, diz.


DESAFIOS DA AUTOESTIMA



Todos querem ter uma boa autoestima. E não é para menos, já que prevalece a ideia de que seus efeitos são decisivos para o bem-estar físico e psicológico. Mas não é simples lidar com esse conceito, afinal, trata-se de algo “móvel” e de caráter subjetivo: não basta ser belo, inteligente ou querido para se sentir bem – é fundamental que a pessoa se permita reconhecer em si as características positivas e possa se apropriar delas. Além disso, assim como acontece com outros estados afetivos, é difícil mensurar o quanto gostamos de nós mesmos, embora nos últimos anos a psicologia experimental tenha trabalhado no desenvolvimento de algumas ferramentas para avaliar o apreço que nos devotamos. 

Infinitamente mais psicológico do que lógico, o que sentimos por nós está apoiado nas experiências acumuladas e, ao mesmo tempo, naquilo que vivemos no presente (o que, aliás, também é influenciado pelo passado). “Em linhas gerais, podemos dizer que autoestima é o conceito que cada indivíduo faz de seu próprio valor”, afirma o psiquiatra italiano Willy Pasini, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Milão e de Genebra, e autor do livro A autoestima: descubra o que afeta sua imagem e viva melhor (Rocco, 2011). Fundador da Federação Europeia de Sexologia, ele compara esse sentimento a um camaleão. Embora a metáfora seja muitas vezes empregada de forma negativa, numa alusão aos que mudam de opinião com frequência, nesse caso Pasini destaca o aspecto positivo. “Assim como o animal que altera sua cor, mas não a pele, a autoestima pode se modificar ao longo da vida, influenciada por sucessos e fracassos, pelo que decidimos e encontramos, mas principalmente pela forma como elaboramos cada experiência; entretanto, sua estrutura básica permanece imutável.

”Ele destaca que nos dias de hoje prevalecem, entre os psicólogos, basicamente duas teorias sobre o apreço por si mesmo: a da personalização, de William James, e a da socialização, de Charles Cooley. “A primeira acentua a articulação do ego atual com aspirações pessoais e se baseia no conceito estoico segundo o qual a pessoa tem a autonomia, ainda que não absoluta, de sua subjetividade. A segunda faz da percepção de si mesmo uma espécie de espelho social; assim, a importância que cada um se atribui é determinada pela importância que os outros lhe conferem.”

Independentemente da hipótese adotada, é importante ter em mente que a autoestima não é algo pronto e definitivo, e sim um aspecto reconstituído a cada dia. Na opinião de Pasini, a possibilidade de ter uma relação equilibrada conosco, sem valorização extrema (nem dos erros nem dos acertos), está diretamente relacionada à capacidade de sermos mais generosos conosco. E, em geral, também com os outros.

Em tempos de comunicação virtual, não é difícil pensar que as redes sociais funcionam como uma medida do quanto alguém é amado ou bem-sucedido. No fundo, porém, a maioria sabe (ou suspeita) que ser popular não significa necessariamente poder contar com as pessoas a qualquer momento e que os seguidores no Twitter ou no Facebook não correspondem ao número de “amigos de verdade”. Ainda assim, um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Cornell, em Nova York, publicado no periódico Cyberpsychology, Behavior and Social Networking em fevereiro de 2011, mostrou um dado curioso: jovens se sentem mais satisfeitos ao olhar seu perfil no Facebook do que a própria imagem no espelho.

Para realizar a pesquisa, a psicóloga Amy Gonzales reuniu 63 alunos da universidade no laboratório de mídia social da instituição. Alguns voluntários foram instruídos a acessar a própria página do Facebook, outros ficaram em frente a computadores desligados, com telas espelhadas, e um grupo de controle permaneceu diante de monitores não espelhados. Após três minutos, todos receberam um questionário sobre autoestima. Resultado: os que visualizaram sua página na rede social mostraram, em média, percepção muito mais positiva de si em comparação aos que olharam a própria imagem refletida – a pontuação foi ainda maior entre os que apagaram ou mudaram algo em seu perfil.

Amy constatou que as fotos do Facebook “editadas” pelos próprios jovens, com os comentários de amigos e conhecidos, estimularam a autoestima mais do que a visão da própria imagem no espelho, que muitas vezes não corresponde ao ideal que os adolescentes têm a respeito de si mesmos. “As redes sociais oferecem a possibilidade de apresentar ao mundo (e a si mesmo) uma versão pessoal 'melhorada', mais próxima da idealização do que seria adequado, tanto no que diz respeito à aparência quanto a relacionamentos”, afirma a pesquisadora.

Adolescentes sentem mais prazer ao receber elogios do que ao fazer sexo ou ganhar dinheiro. Será mesmo? Pelo menos foi o que mostrou um estudo conduzido pelo psicólogo Americano Brad Bushman e publicado há alguns meses no periódico científico Journal of Personality. O pesquisador da Universidade de Ohio questionou estudantes sobre as atividades que mais lhes davam prazer, como passear com o namorado ou namorada, receber o salário após um fim de semana de trabalho ou saborear seu prato preferido. Os jovens deveriam classificar as opções em uma escala de 1 (não me estimula nem um pouco) a 5 (sinto grande prazer). Os itens mais pontuados foram os relacionados à construção da autoestima – como receber elogios, perceber se admirado e ser reconhecido como bom aluno ou atleta pelos outros colegas. 

Em uma segunda etapa da pesquisa, o psicólogo convidou os mesmos voluntários a participar de um teste de habilidades matemáticas. Ele divulgou as notas e informou que, se esperassem mais dez minutos, poderiam ter os testes reavaliados por outro sistema de cálculo da pontuação – conhecido entre os estudantes por aumentar um pouco as notas. Bushman percebeu que os adolescentes que se mostraram mais aptos a ficar e esperar – mesmo sabendo que na prática não importava a nota que tirassem – eram, na maioria, os mesmos que valorizavam atividades relacionadas ao fortalecimento da autoestima. 

Em muitos casos, a busca pela autoafirmação pode apresentar algum grau de risco, já que, para se sentirem aceitas e reconhecidas por características que consideram positivas, as pessoas podem se expor a situações perigosas. Pensando nisso, em uma terceira etapa da pesquisa Brad Bushman traçou um paralelo com a dependência química. Os jovens participantes do estudo afirmaram “querer” mais do que “gostar” das situações em que se sentiam mais valorizados. “Trata-se de um padrão semelhante ao das respostas de dependents de drogas”, sugere o pesquisador.

A autoestima está intimamente vinculada ao amor por si mesmo – mas numa relação não necessariamente direta. Muitas vezes o termo “narcisismo” é utilizado no senso comum de maneira pejorativa, para designar um excesso de apreço por si mesmo. Para a psicanálise, trata se de um aspecto fundamental para a constituição do sujeito. Um tanto de amor por si é necessário para confi rmar e sustentar a autoestima, mas o exagero é sinal de fixação numa identificação vivida na infância. 

A ilusão infantil de que o mundo gira ao nosso redor é decisiva nessa fase, mas para o desenvolvimento saudável é necessário que se dissipe, conforme deparamos com frustrações e descobrimos que não ser o centro do universo tem suas vantagens. Afinal, ser “tudo” para alguém (como acreditamos, ainda bem pequenos, ser para nossa mãe) é um fardo pesado demais para qualquer pessoa. Alguns, no entanto, se iludem com o fascínio do papel e passam sua vida almejando o modelo inatingível de perfeição. 

Diz o mito grego que Narciso era uma criança tão linda e admirada que sua mãe, Liríope, preocupada com esse excesso, levou-o até o sábio Tirésias. Ele lhe disse que o menino só teria uma vida longa se jamais visse a própria imagem. Por muito tempo essas palavras pareceram destituídas de sentido, mas os acontecimentos que se desenrolaram mostraram seu acerto. Na adolescência, Narciso era um jovem belíssimo, mas muito soberbo. Ao passear certo dia pelo campo, a jovem Eco o viu e se apaixonou por ele, mas o rapaz a repeliu. Um dia, cansado, Narciso dirigiu-se a uma fonte de águas límpidas. Eis então que a profecia se realiza: ao ver-se refletido no espelho das águas, enlouqueceu de amor pelo próprio reflexo. Embevecido, não tinha olhos nem ouvidos para mais nada: não comia ou dormia. Em vão, Eco suplicava seu olhar. Mas Narciso só olhava para si. Apaixonado, ensimesmado, busca para aplacar sua dor um outro que, sendo ele mesmo, não lhe responde. Realizase, então, seu destino: mergulha no espelho e desaparece no encontro impossível.

Sem a possibilidade de reconhecimento do que é a própria imagem e do que é o outro, o corpo de Narciso tornou-se pura miragem e desfez-se nas águas... E Eco, que só a Narciso perseguia, só por ele clamava, só nele vivia, petrifi cou-se e perdeu o poder de sua própria palavra. Narciso não cria laços; não partilha seu encanto. Perde-se na imagem de si. Eco também se perde e, no desencontro, entrega-se à repetição compulsiva, sem poder se separar da miragem idealizada. Com base nas ressonâncias desse mito Freud desenvolverá um dos conceitos mais importantes de sua teoria – o narcisismo.

Mencionado pela primeira vez em seus escritos em 1909, é apresentado como uma fase própria do desenvolvimento humano, quando se realiza a passagem do autoerotismo, do prazer centrado no próprio corpo, para o reconhecimento e a busca do amor em outros objetos – diferentes de si. Passagem importante e cheia de inquietações já que implica a saída da gratifi cação por aquilo que é efeito apenas da própria imagem – “Narciso só reconhece o que é espelho” – para a realização de uma das conquistas mais importantes da cultura: a possibilidade de viver, aceitar e trabalhar com a alteridade e, portanto, com as diferenças. 

Freud aborda explicitamente esse conceito – efeito do confronto vivido por ele mesmo ao deparar com argumentos de Adler e Jung, que questionavam suas teorias acerca do lugar ocupado pela sexualidade na constituição da subjetividade e na compreensão das patologias. A legitimidade do conceito justificouse a partir da experiência freudiana com a clínica, naquilo que reconheceu como resistência dos pacientes em abandonar suas posições amorosas, nas manifestações da onipotência infantil e do pensamento mágico, nas doenças orgânicas e na hipocondria – quando toda a libido se volta para o corpo doente – e nos delírios de grandeza das psicoses. 

Em O mal-estar na civilização, de 1930, Freud diz que um dos grandes obstáculos do homem em sua busca pela felicidade, e que lhe traz maiores dificuldades, é o sofrimento resultante das relações humanas, pois elas nos colocam em confronto com aquilo que, não sendo espelho, nos solicita novos posicionamentos. 

Toda criança, ao nascer, é banhada por vários olhares e desejos. Quando se contemplar no espelho, não verá o simples reflexo físico de uma imagem, mas tudo o que esses olhares depositaram no seu corpo. É um momento fulgurante de “sua majestade, o bebê!”. Júbilo para a criança e para os pais, que veem renascer das cinzas sua própria imagem idealizada e todos os seus anseios irrealizados.

Instante de narcisismo primário – constitutivo e alienante. O bebê será um herói, vencerá todos os perigos; trata-se de um momento necessário, mas cheio de riscos. Se não ocorre, a imagem de si pode não se constituir, pode se fragilizar, parecendo insuficiente. Se for excessivo, torna-se aprisionante, comprometendo o futuro, a possibilidade de construção de projetos e os ideais. Se tudo correr bem, a criança se desligará desse olhar primordial e escapará do destino fatal de Narciso – embeber-se, afogado, na tentativa de perpetuar o encontro com a imagem que as águas lhe devolviam. 

Os desdobramentos do narcisismo são de fundamental importância para a análise do mundo em que vivemos. A valorização da imagem e do sucesso a qualquer custo reduz a tolerância das mínimas divergências – o que Freud chamou de narcisismo das pequenas diferenças – e acirra os conflitos, seja nas pequenas discordâncias do cotidiano ou nos grandes conflitos bélicos. Se o outro não me satisfaz, se não é espelho daquilo que almejo, se tenta opor-se às minhas vontades e ameaça minha autoestima, eu o aniquilo. O terreno é propício para preconceitos, fanatismos e violência.

A tragédia vivida por Narciso não nos abandona. Deixa sempre restos que nos fazem seguir pela vida tentando reencontrar o olhar mágico que nos enlevava e nos dizia tudo que éramos. Busca incessante de certezas, de entrega passiva às ilusões...


FÁBRICA DE HERÓIS FÁBRICA DE HERÓIS




Qualquer um pode aprender a ser corajoso e realizar bravuras. Convencido disso, o psicólogo Philip Zimbardo desenvolveu um projeto para promover destemor e altruísmo nas escolas

“Há um antigo provérbio que diz: 'A ocasião faz o ladrão'. No entanto, a oportunidade fez de mim outra coisa.” Assim Giorgio Perlasca explicou ao jornalista italiano Enrico Deaglio o que o levara a arriscar a vida para salvar 5 mil judeus húngaros dos nazistas em 1944. “Não acho que fui um herói. Afinal de contas, tive uma chance e a aproveitei.”

Como tantos outros protagonistas de atos heroicos que surpreenderam até a si mesmos com realizações em situações excepcionais, Perlasca não atribui seu gesto ao temperamento forte, à generosidade acentuada ou a uma profunda convicção ideológica. Vê sua attitude como a reação quase inevitável ao que vivia em dado momento: “O que você faria se estivesse em meu lugar?”

A pergunta é fundamental. Deaglio, autor do livro A banalidade do bem, sobre Perlasca, observa como os atos heróicos, na maioria das vezes, partem de pessoas comuns. Então por que a maioria de nós não os realiza? O título escolhido pelo jornalista remete claramente à obra A banalidade do mal, de Hannah Arendt, sobre o nazista Adolf Eichmann. No processo ocorrido em Israel há meio século, o organizador da máquina do Holocausto que havia condenado à morte milhões de judeus não parecia o fanático ou o sádico que se esperava, mas um pacato contador convencido de ter apenas cumprido seu dever. 

Hannah Arendt concluía que qualquer um de nós, sob a pressão de circunstâncias anômalas, poderia cometer atrocidades semelhantes – uma intuição confirmada por 50 anos de pesquisas sobre a “psicologia do mal”. Há 40 anos, o psicólogo Stanley Milgram, professor e pesquisador da Universidade Yale, conduziu uma experiência polêmica, que demonstrou como pessoas comuns estariam dispostas a infligir choques com intensidade crescente – até chegar a voltagens indicadas como “perigosas” – em um suposto voluntário que gemia e agonizava. Na realidade tratava- se de um ator, mas o participante do estudo que o “torturava” não sabia disso, seu objetivo era obedecer ao pesquisador. 

Em 1971, Philip Zimbardo, seu colega da Universidade Stanford, descobriu que, em uma prisão simulada, estudantes aos quais foram distribuídos aleatoriamente papéis de guardas ou de detentos, identificaram-se a tal ponto com seu personagem que cometiam atos de violência. A situação ficou tão grave que o pesquisador foi obrigado a suspender o experimento menos de uma semana depois de iniciado. Por meio século, estudos como esses investigaram como certos contextos podem determinar o comportamento de uma pessoa mais do que seus atributos individuais, até chegar, em casos extremos, a transformar seres humanos “normais” em “monstros”. Assim, foi desfeita a visão de que a pessoa que comete um ato isolado de crueldade é intrinsecamente má.

Os psicopatas existem, é óbvio, mas não são a regra e, sobretudo, não explicam fenômenos sociais graves como o Holocausto. Foram analisadas as forças que alimentam essas dinâmicas, como obediência acrítica à autoridade; conformismo e necessidade de integração; difusão da responsabilidade no grupo ou sua transferência para quem dá a ordem; preconceito e desumanização do outro. Também foram avaliados individualmente fatores que tornam essas forças mais ou menos poderosas, como tipo de autoridade, tamanho do grupo e presença de pelo menos um dissidente.

Enfim, a banalidade do mal foi estudada a fundo. O que até agora ainda não ficou claro é o outro lado dessa história: aquela minoria mais frequentemente escassa, mas nunca ausente, que não se deixa transformar em monstro. No experimento no qual Milgram obteve a obediência da maioria – quando pedia a colaboradores que infligissem choques em outras pessoas – 37 dos 40 participantes fizeram o que lhes era pedido. Mas 3 se recusaram. O próprio Zimbardo estava identificado com seu papel de diretor de prisão a ponto de não ver mais os horrores, sendo obrigado a interromper o experimento graças a uma pesquisadora que teve a coragem de enfrentá-lo e trazê-lo de volta à realidade. 

Na vida real, na prisão iraquiana de Abu Ghraib, havia guardas que torturavam os detentos, mas também o sargento Joseph Darby, que, depois de muita hesitação, denunciou o ocorrido. Porém, ninguém nunca investigou sistematicamente como eles encontraram determinação para se rebelar. Também é preciso considerar que, contrariamente à ideia que se faz de um “monstro”, prevalece em relação ao herói a imagem de uma pessoa que, por coragem, força, bondade, honestidade, carisma e abnegação, se destaca dos mortais comuns. 

“É uma visão aristocrática do heroísmo, que contrasta com a realidade”, observa Zimbardo. A ação heroica, porém, pode ser realizada por qualquer um que depare com uma situação extraordinária. Mas se todos têm dentro de si essa potencialidade, por que tão poucos a colocam em prática? Sobre esse dilema, há vários indícios, principalmente como subproduto dos estudos sobre o mal. Após 50 anos, chegou a hora de ultrapassar o limite definido: é preciso analisar a psicologia do bem e tirar proveito dela. Por isso, Zimbardo lançou, em São Francisco, o Heroic Imagination Project, uma organização sem fins lucrativos para promover o “heroísmo cotidiano”.

A pesquisa é o motor dessa proposta, que deve se basear na ciência. O primeiro desafio é esclarecer quem é um herói. “Historicamente, o herói é um homem guerreiro, como Aquiles ou Ulisses, jamais mulheres, jamais rapazes; são essencialmente homens adultos sedutores”, disse Zimbardo na apresentação do projeto. Segundo ele, os heróis modernos são “enganadores”, já que parecem inalcançáveis. “Madre Teresa, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi são pessoas que decidiram dedicar a vida a uma causa, e isso é demais para que a maior parte de nós possa sequer pensar em imitá-los.”

Para Zimbardo, a ideia épica do herói com o qual gente comum não consegue se identificar está entre as causas da passividade da maioria. Ele aposta na necessidade de “democratizar” o heroísmo e reconduzi-lo ao dia a dia. Para isso, entre outras coisas, está em andamento a elaboração de uma “heropédia”, uma enciclopédia de heróis “comuns”, na qual todos possam encontrar modelos reais para se inspirar, já que é dado como certo que a disponibilidade de modelos influencia o comportamento.

Estabelecido o que não é um herói comum, falta definir o que é. “A ação heroica se distingue por alguns traços: é voluntária; traduz-se em ajuda aos que se encontram em dificuldades; muitas vezes implica risco físico, econômico ou social; e não prevê uma compensação”, explica o diretor do projeto, Clint Wilkins. A definição cobre um campo de ação muito diverso, no qual se renuncia aos confortáveis automatismos da inércia e da inação para encarar pequenos e grandes desafios. 

Existem atos de impulso em uma emergência e ações premeditadas ou levadas adiante com tenacidade durante os anos. Assim, tanto é considerado herói quem enfrenta a tempestade para salvar uma criança quanto quem esconde, por meses, judeus na própria casa; quem arrisca a carreira profissional desmascarando as falcatruas da empresa ou a pessoa que sacrifica sua comodidade para dedicar a vida aos pobres. Ou ainda quem para na rua e socorre um estranho. Com o psicólogo Zeno Franco, Zimbardo procurou elaborar uma “classificação do heroísmo”, apresentada em 2007 no livro The Lucifer effect: understanding how good people turn evil (O efeito Lúcifer: entendendo como pessoas boas se tornam diabólicas).

Trata-se de um trabalho em curso, por ora limitado à cultura ocidental. Entretanto, é um esboço pelo qual será possível se orientar. O que deflagra comportamentos altruístas? E o que se pode fazer para promovê-los? Existem fatores individuais que favorecem as ações heroicas? “Hoje ainda não existem dados que confirmem isso”, afirma o psicólogo social Piero Bocchiaro, que participa do projeto com seus estudos sobre o tema nas universidades de Palermo e Livre de Amsterdã e trata do heroísmo em seu livro Psicologia do mal. Ele lembra que, nos anos 80, os psicólogos Samuel e Pearl Oliner examinaram 700 pessoas de vários países. 


Durante a guerra, metade deles havia escondido em casa um ou mais judeus. A linha divisória entre as duas categories era muito frágil. Quem havia prestado Socorro demonstrava mais coragem moral, senso de responsabilidade, empatia e tolerância em relação a grupos sociais diferentes, além de capacidade de se opor a ordens injustas. No entanto, não havia
nenhuma diferença em seus traços de personalidade nem nos valores morais básicos. Os Oliner foram criticados pelos métodos que empregaram – como as entrevistas depois de tantos anos da ocorrêcia dos fatos, o que teria contribuído para a reconstrução de um quadro errôneo. Suas conclusões, porém, coincidem com as do próprio Bocchiaro, que realizou experiências planejadas e controladas.

“O procedimento é o mesmo usado por Milgram: colocamos as pessoas diante de ordens injustas, e para nós interessa quem desobedece a elas”, explica. Funciona da seguinte maneira: um pesquisador respeitável pede a seus alunos que escrevam uma mensagem animada aos amigos para convencê-los a participar de uma experiência. Porém, os estudantes são informados de que, nos estudos-piloto, os participantestiveram reações de pânico, deterioração das habilidades intelectuais e outras consequências desagradáveis e perigosas. 

Na Holanda, em 2010, a maioria dos universitários – em teoria, pelo menos, treinados para pensar de forma crítica – obedeceu. Na Itália, também. Em Amsterdã, 76% escreveram a mensagem, 14% se recusaram e apenas 9% contaram com uma terceirapossibilidade: fazer uma denúncia anônima à comissão ética da universidade. Os perfis de personalidade não mostravam diferenças entre os que seguiram os diferentes caminhos. 

Nem o passado de uma pessoa nem a imagem que ela mesma ou os outros podem fazer de seu comportamento habitual ajudam a prever o que alguém faria em situações insólitas. “A outro grupo pedimos apenas que imaginassem o que teriam feito: nesse caso, apenas 3% imaginavam obedecer, 32% previam desobedecer e 74%, denunciar”, disse Bocchiaro.

Enfim, o motivo que nos faz acatar uma determinação, ainda que pareça injusta, e permanecer passivos ou nos rebelar parece não consistir em traços profundos da personalidade. “As diferenças podem depender de atributos mais flexíveis e, portanto, mais sensíveis ao contexto – no qual deveria ser mais fácil trabalhar”, observa. Ele conta que o Heroic Imagination Project pretende promover estudos sobre variáveis para identificar quais têm maior peso na indução à desobediência, modificando, por exemplo, a maneira como os indivíduos se relacionam com a autoridade etc.

Nos Estados Unidos, Zimbardo observou que dos 4 mil cidadãos escolhidos ao acaso, 20% haviam realizado um ato heroico. Entre negros e hispânicos, o percentual era o dobro em comparação com os brancos: a hipótese romântica é que as vítimas de preconceito e discriminação desenvolvem sensibilidade maior que os outros; a prosaica é que eles têm mais ocasiões para deparar com injustiças e perigos. Zimbardo quer voltar sua atenção agora para distinguir o que há de verdadeiro nas duas teses.


As pesquisas não têm mero interesse acadêmico. Os resultados serão aplicados ao maior dos desafios: mudar comportamentos. “Queremos promover a ideia de que todos somos heróis em potencial”, ressalta Bocchiaro. “Por esse motivo, fazemos breves treinamentos para despertar essa convicção nos jovens. O conhecimento e a informação formam o primeiro passo, mas não bastam. Para deflagrar uma ação positiva é preciso descer ao nível profundo das emoções, das experiências, somente assim sera possível acessar o herói dentro de nós quando a situação exigir.”

Em duas escolas da região de São Francisco, uma em um bairro desfavorecido e outra em uma área abastada, foi iniciado em outubro do ano passado um programa para promover a “imaginação heroica”, a imagem de si como possível herói. O programa é dividido em três fases. Após uma promessa solene – um compromisso público tem mais chance de ser respeitado –, começa a fase teórica. Os alunos tomam consciência dos mecanismos que nos levam a comportamentos perversos. Aprendem o poder que determinadas situações têm de condicionar comportamento e a ser mais empáticos por meio de exercícios de atenção aos sentimentos alheios e aos próprios. A proposta também é contestar uma causa importante da inação ou da crueldade: a ideia de que a vítima seja de algum modo culpada por seu destino. Depois, os jovens estudam exemplos de heroísmo em que possam se inspirar.

Chega então o momento do planejamento. Os jovens distinguem um problema que poderia requerer um comportamento heroico: por exemplo, enfrentar casos de prepotência, preconceito ou de discriminação dentro da própria escola. Em seguida, analisam o desafio e elaboram um plano para confrontá-lo, envolvendo também os outros estudantes. Na última fase, o plano é colocado em prática, sempre com a ajuda do professor treinado para acompanhar essa atividade. 

“Começamos com pequenos passos, indo da teoria à ação, nos quais os adolescentes se aventuram fora do conforto de seus hábitos e experimentam a própria imaginação heroica, primeiro em situações protegidas e depois na vida real”, conta Wilkins. “Desse modo, os estudantes passam a se sentir capazes de fazer escolhas que exigem mais empenho. O conceito básico que transmitimos é que pequenas atitudes fazem enorme diferença: nas experiências sobre conformismo, um único dissidente fez cair a taxa de conformismo no grupo.” Assim as lições se traduzem pouco a pouco em comportamentos positivos, os quais – espera-se –, com o contágio do exemplo, produzirão mudanças na comunidade e passarão a ocorrer espontaneamente também em outras circunstâncias da vida.

“Não podemos ainda avaliar o projeto, temos somente dados preliminares. Porém, os sinais são encorajantes”, comemora Lynne Henderson, diretora da pesquisa. “Os estudantes declararam que estão aprendendo a enfrentar os companheiros mais voluntariosos e a 'apertar o botão de pausa' antes de agir, assim não se entregam impulsivamente a escolhas mais imediatas. 

Percebem que estão conseguindo colaborar uns com os outros, tomar a palavra e participar de discussões em que antes não teriam intervindo, ou tomar posições em defesa dos menos favorecidos. Enfim, estão construindo aquilo que chamamos de músculos sociais.” Segundo Lynne, já é possível notar que os estudantes parecem mais propensos a conceder aos outros o benefício da dúvida antes de julgá-los. “Naturalmente, faremos avaliações mais aprofundadas, com testes para os estudantes e também para seus familiares”, salienta. 

No momento, o que se tem é um laboratório de estudo e experimento. O programa extrai seus conhecimentos da psicologia social, mas pretende incorporar os resultados das novas pesquisas logo que estejam disponíveis. Prevê experiências e avaliações, também por meio de uma rede social, reunindo os alunos participantes para verificar as repercussões ao longo do tempo. Por enquanto, o projeto limita-se a algumas escolas piloto, mas Zimbardo tem planos ambiciosos: quer um ramo em cada cidade dos Estados Unidos – e, depois, no exterior. Para isso está à caça de colaborações e já obteve o compromisso de fontes que vão do Instituto Científico Chinês ao fundador da Wikipédia, Jimmy Wales. 

“Se tivermos sucesso, o resultado será fascinante: um grupo de heróis prontos para iniciar uma extraordinária mudança social e transformar sua comunidade,sua cidade e o mundo em um lugar mais humano para todos.”

O TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA



As manifestações objetivas da ansiedade são inespecíficas, e comumente estão associadas a diversos estados emocionais, tais como medo, expectativa, ira, entre outros. Essas manifestações são as reações físicas sentidas pelas pessoas, dentre as quais se podem citar: sudorese, taquicardia, tremores, calafrios etc.
A ansiedade pode ser considerada normal ou patológica. Sendo assim, como diferenciar um estado normal de um patológico? Esta avaliação deve levar em consideração quatro aspectos: Intensidade; Duração; Interferência; e Freqüência com a qual ocorrem os sintomas. Caso sejam considerados desproporcionais, pode-se considerar a ansiedade patológica. Contudo, esta é uma decisão arbitrária e subjetiva de quem avalia. (GENTIL, 1997)
Desta forma, Gentil (1997) afirma que “somente podemos saber se alguém está ansioso por dedução, ou questionando e comparando sua resposta com nossa própria experiência e conceito de ansiedade”.
De acordo com o DSM IV (1994), os transtornos de ansiedade classificados são:
• Transtornos de pânico com agorafobia.
• Transtornos de pânico sem agorafobia.
• Transtorno obsessivo-compulsivo.
• Transtorno de estresse pós-compulsivo.
• Transtorno de estresse pós-traumático.
• Transtorno de ansiedade generalizada.
• Transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral.
• Transtorno de ansiedade induzida por substância.
• Transtorno de ansiedade não especificado.
• Agorafobia sem história de transtorno de pânico.
• Fobia específica.
• Fobia social.
Tanto a ansiedade quanto o medo possuem suas raízes nas reações de defesas. Neste sentido, quando uma pessoa se defronta com uma situação de perigo, que ameaça seu bem-estar ou sua sobrevivência, o organismo se prepara para enfrentar ou fugir. Quando esta ameaça é apenas potencial, ou seja, quando o indivíduo identifica a situação como a possibilidade de receber uma punição, entende-se esta resposta como ansiedade. Contudo quando o perigo é real, e a reação é desencadeada por estímulos bem definidos, tem-se o medo. (GRAEFF & BRANDÃO, 1999)
Até aqui foi feita uma diferenciação entre a ansiedade normal e patológica, e entre ansiedade e medo, mas como o modelo comportamental entende a ansiedade? Para entender a ansiedade no modelo comportamental, é necessário antes discutirmos alguns aspectos centrais dentro da análise do comportamento.
Um dos pontos mais importantes no modelo comportamental é a análise funcional. Skinner (1974) afirma que “as variáveis externas das quais o comportamento é uma função, dão margem ao que pode ser chamado de análise causal ou funcional. Tentamos prever e controlar o comportamento de um organismo individual”. Portanto, a análise funcional é a possibilidade de se descrever quais as variáveis que estão controlando o comportamento. Neste mesmo livro, Skinner comenta “uma formulação adequada da interação entre um organismo e seu ambiente deve sempre especificar três coisas: a ocasião em que a resposta ocorre; a própria resposta; e as conseqüências reforçadoras”. Isto significa fazer a análise da tríplice contingência, que tem como pressuposto básico a fórmula: S - R - C.
A importância da análise funcional se caracteriza pela possibilidade de o analista do comportamento conseguir identificar quais os estímulos que determinam a emissão de um determinado comportamento, assim como quais as conseqüências que mantêm este comportamento.

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A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NA ÁREA DOS DIREITOS HUMANOS



A finalidade desta temática é perceber e refletir sobre a inserção do psicólogo na área dos direitos humanos. É um estudo que leva a compreensão e desenvolvimento da prática profissional da equipe de técnica interdisciplinar, que interage buscando viabilizar o atendimento Psicológico, Social e Jurídico aos cidadãos e posteriormente o encaminhamento dos usuários que buscam serem ofertados com os serviços prestados pelos núcleos de práticas jurídicas e sociais, na capital de Salvador. Destaca-se, assim, a relevância da prática profissional do Psicólogo em parceria com a equipe interdisciplinar no Núcleo dos Direitos Humanos.
Ao iniciar um estágio em psicologia jurídica com a equipe do Núcleo dos Direitos Humanos (NUDH), logo após da apresentação do NUDH, cresceu um desejo de aprofundamento desta temática e de perceber a participação do psicólogo jurídico no atendimento aos cidadãos, conhecer passo a passo o desempenho do trabalho realizado por esse profissional Psicólogo, que interage no Núcleo de Direitos Humanos, no CAB/Salvador, de forma individual e coletiva. Buscou-se também saber como se processa essa dinâmica, e conseqüentemente o encaminhamento desses cidadãos à Rede de assistência do Estado e do município, que possuem parcerias com o Núcleo de Direitos Humanos (NUDH), e quais os serviços ofertados ao cidadão em geral, principalmente a classe dos menos favorecidos, nesse aspecto, beneficiando e gerando uma plena consciência cidadã, estando sempre à disposição de todos os cidadãos que se sintam de alguma forma prejudicada ou desinformada em relação aos seus direitos.
Buscou-se também esclarecer como funciona o atendimento à população, sendo um núcleo que faz a escuta das demandas e procura dentro da Rede de Serviços um local mais próximo da moradia do usuário para acompanhar os seus problemas, fazendo assim o acompanhamento, caso haja necessidade, para que os manifestantes não se sintam abandonados pelos Núcleos de Práticas Jurídicas em Salvador, gerando assim satisfação aos manifestantes que procuram esse serviço, podendo também resolver toda a demanda dos manifestantes, assim havendo necessidade.
Vemos assim a necessidade da existência dos núcleos, pois a nossa população carente de Salvador encontra-se perdida em relação aos seus direitos, tendo assim um prejuízo agravante da sua cidadania em questão básica, como: a importância do registro civil, de saber ler e escrever, de ter no mínimo as refeições básicas, higiene física e do lar, os cuidados com os idosos e crianças/adolescente, etc.
O tema se apresenta atual e necessário, haja vista a importância dos serviços ofertados pelos Núcleos dos Direito Humanos e a relevância da prática do profissional em psicologia jurídica, que vem interagindo com a equipe interdisciplinar no âmbito jurídico, social, e de comunicação.
Este trabalho foi realizado sob a ótica da prática do profissional em Psicologia jurídica, interagindo com a equipe interdisciplinar atendendo as diversas demandas existentes de forma técnica, beneficiando o público alvo, ou seja, qualquer cidadão que tenha sofrido algum tipo de violação de direitos humanos, pois sabemos que os problemas sociais que causam ao individuo algum transtorno, pode abalar seu estado emocional, levando-o a perca, ou alienação. A partir do momento que ele tem conhecimento desse direito, e sendo ele agregado em sua vida, seu estado psicológico estabiliza, sua auto-estima é melhorada, são mais imponderados a viver suas vidas com mais liberdade. Por isso da importância deste núcleo, tendo como equipe o componente o profissional psicólogo jurídico para nossa sociedade.
Assim, a equipe técnica do NUDH promove ações comunitárias, intermediações e palestras em colégios e nas comunidades, bem como oferece à população orientação jurídica gratuita, recebe denúncias sobre violação de direitos, viabilizam os devidos encaminhamentos à rede de atendimento e realiza mediação de conflitos, objetivando atendimento e o imponderamento da população excluída, contribuindo na construção da sua cidadania. Para o alcance desses objetivos, utilizou-se da pesquisa bibliográfica, bem como a análise do processo histórico do Núcleo de Direitos Humanos e de dados e informações prestadas pelo Núcleo, tendo também informações no site da SJCDH.

Para ler o artigo completo, clique aqui.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

CURA PELA PALAVRA



Uma das principais críticas às ideias de Sigmund Freud sobre o funcionamento da mente é a suposta ausência de comprovação científica, apesar dos resultados práticos no tratamento do sofrimento psíquico e seus sintomas. No entanto, os avanços na técnica de neuroimageamento têm possibilitado o estudo dos efeitos cerebrais do método da “cura pela palavra”. 

Duas pesquisas, da Universidade de Amsterdã e da Universidade de São Paulo (USP), mostram que a psicanálise e a psicoterapia causam alterações em áreas neurais relacionadas à tomada de decisões e ao controle das emoções. Pesquisadores holandeses registraram durante quarto meses a atividade cerebral de 35 voluntários diagnosticados com transtorno de estresse póstraumático (TEPT). Parte deles frequentou sessões de psicanálise e o restante não passou por nenhum tipo de psicoterapia. As imagens revelaram que o grupo que fez o tratamento apresentou maior atividade no córtex pré-frontal. Além disso, os pacientes mostraram- se menos aflitos ao falar sobre suas recordações e relataram menor frequência de pesadelos e pensamentos recorrentes.

O outro estudo, do Instituto de Psicologia da USP, avaliou os resultados da terapia cognitiva (TCC) e obteve dados parecidos. O psicólogo Julio Peres acompanhou por dois meses o tratamento de 16 voluntários com TEPT submetidos a sessões semanais de psicoterapia de exposição e reestruturação cognitiva, que consiste em confrontar o paciente com sua experiência traumática e estimulá-lo a reavaliar o próprio medo.

As neuroimagens registradas ao longo do experimento mostraram que a atividade da amígdala – região relacionada à vigilância, à percepção de ameaça e às emoções – diminuiu em comparação com o grupo de controle, formado por 11 pessoas. Esse experimento indica que o tratamento pode modificar circuitos neurais. Segundo Peres, as alterações concentram-se em áreas relacionadas a dores e dificuldades, o que evidencia o potencial terapêutico da psicoterapia.


INTELIGÊNCIA PARA VIVER MAIS



Neste mundo pode-se dizer que nada é certo, exceto a morte e os impostos”, escreveu Benjamin Franklin. Embora muitos de nós sejamos claramente mais hábeis que outros em escapar do inevitável, no final a mãe natureza sempre acaba vencendo. Mas, ao longo da vida, a forma como as pessoas são prejudicadas (ou não) sofre grande variação. A genética e as oportunidades de vida (incluindo alimentação, condições de lazer etc.) explicam muito – mas não tudo. Se entendermos por que algumas pessoas vivem mais que outras, provavelmente conseguiremos reduzir essa disparidade. Quando cientistas descobriram estilos de vida e fatores biológicos que levam a uma vida mais longa e saudável, foi possível elaborar programas de intervenção para melhorar as perspectivas de saúde das populações.

Alguns hábitos, como fumar, são obviamente prejudiciais, mas de forma geral encontrar respostas não tem sido tarefa fácil. Isso porque cada um de nós começa sua jornada de vida em circunstâncias biológicas e ambientais únicas e depois prossegue colocando em prática numerosas opções, muitas das quais podem ter impacto direto sobre a saúde. Nenhum estudo, porém, é capaz de levar em conta todos os fatores – talvez nem mesmo analisar todas as pessoas do mundo seria suficiente para permitir investigações desse porte.

Recentemente, especialistas em psicologia, incluindo dois de nós (Weiss e Deary), têm se unido a epidemiologistas, como um de nós (Batty), em busca de pistas que possam prever quais aspectos de fato influenciam o bem-estar e as doenças e antecipam (ou retardam) a morte. Geralmente utilizamos séries históricas de estudos em saúde, que abrangem várias décadas. Nesses projetos, centenas, milhares ou às vezes até 1 milhão de pessoas são sistematicamente avaliadas e acompanhadas ao longo de vários anos. Analisando cuidadosamente esses dados, nós e outros pesquisadores descobrimos uma nova forma de prever a longevidade das pessoas: os escores obtidos em testes de inteligência quando jovens.

Os resultados são inequívocos, embora poucos profissionais da saúde os conheçam. Quanto mais baixo o nível de inteligência de uma pessoa, maior o risco de ela ter uma vida mais curta, desenvolver doenças físicas e mentais com o passar dos anos e morrer de patologias cardiovasculares, suicídio ou acidente. Obviamente não é possível fazer generalizações, mas é surpreendente que baixo nível de inteligência ofereça prognóstico tão forte de fatores de risco bem conhecidos para doenças e morte, como obesidade e hipertensão.

Com a descoberta dessa faceta inesperada da longevidade, nós e outros pesquisadores tentamos entender se fatores além da inteligência poderiam estar por trás dessas descobertas, como o nível socioeconômico, o grau de instrução e o tipo de atividade profissional exercida. Sabe-se, por exemplo, que pessoas menos instruídas em geral têm emprego pouco qualificado, exercem atividades manuais e recebem baixos salários; são mais suscetíveis a doenças e tendem a morrer mais cedo. Então seria fácil imaginar, por exemplo, que jovens inteligentes assimilam melhor o que lhes é ensinado, aprendem mais sobre saúde e por isso vivem mais. Porém, não é tão óbvio assim.

Estudos com gêmeos e voluntários com variados graus de parentesco mostraram que os genes desempenham papel importante na determinação do nível intelectual. Em pacientes com histórico familiar de doença cardiovascular, um baixo nível de inteligência pode servir de alerta para que seu coração seja monitorado regularmente. Se a pesquisa revela que pessoas menos privilegiadas intelectualmente têm menores oportunidades de receber avaliação adequada, de se sujeitar a medicação específica e de fazer exames de acompanhamento, esforços precisam ser realizados para envolvê-las nesse tipo de atividade. Como existem várias medidas de inteligência, profissionais da saúde e educadores deveriam ser capazes de intervir precocemente e ajudar os jovens a tomar mais decisões a favor de sua saúde. Também seria útil usar essa informação para preparar programas educativos.

Ensinar a crianças e adultos – independentemente de seu nível de inteligência – técnicas para manter um estilo de vida saudável, desenvolvendo bons hábitos alimentares e evitando agentes estressores, poderia diminuir os problema que se opõem à vida longa e ao bom funcionamento mental. No fim das contas, as descobertas dos epidemiologistas cognitivos encorajam o que todos já sabemos: manter comportamentos saudáveis desde cedo ajuda na proteção contra a devastação da idade. 

Além disso, é preciso admitir: simplesmente ser inteligente pode não se configurar como o ingrediente mais importante da longevidade. Mas agir e decidir como pessoas inteligentes pode ser crucial.


INTERNET: A MEMÓRIA EXTERNA DO NOSSO CÉREBRO

Estamos evoluindo juntamente com as nossas tecnologias.

Estudos realizados por pesquisadores da Harvard, University of Wisconsin-Madison e Columbia University nos Estados Unidos afirmam que a internet, mais especificamente a ferramenta de busca, virou a memória externa do nosso cérebro.

Os motores de busca, como o Google, são especialistas em fornecer o que precisamos em apenas um clique. Conhecimento acessível nos levou a memorizar o local onde podemos encontrá-lo ao em vez de processar os dados em si. Os participantes da pesquisa afirmaram que não se esforçavam para lembrar uma informação se sabiam que poderiam acessá-la mais tarde.

A mudança causada no nosso cérebro pela facilidade de acesso a dados tem seu lado positivo e negativo: levou nosso cérebro a ter preguiça de memorizar as informações que temos a um clique de distância, mas aumentou a nossa habilidade de busca e também criou a memória externa (que é do tamanho da web).

Somos tão bombardeados com informações e novidades a todo o momento que a opção escolhida pelo nosso cérebro foi fazer da rede um banco de dados pessoal.

Essa relação entre a memória e os motores de busca já era desenvolvida em menor escala entre as próprias pessoas. Leve como exemplo um casal. O marido confia que a esposa lembre datas importantes, como consultas médicas e aniversários, enquanto ela confia que ele lembre o pagamento da prestação do carro e nome de parentes distantes. Assim, ambos usam um ao outro como uma memória externa, evitando que a mesma informação se duplique e ocupe a memória.

A figura abaixo demonstra as mudanças ocorridas no cérebro pelo excesso de utilização dos motores de busca.


PERDA DE MEMÓRIA É DESCULPA DE BÊBADO?



Não lembro nada da noite passada”, mais conhecida como desculpa de bêbado, é uma frase comum de se escutar daqueles que exageram na bebida alcoólica. O pior é que não é uma mentira para encobrir os vexames cometidos naquela noite.

Amnésia alcoólica existe sim e quanto mais álcool é ingerido, menos memória é retida. A frequente ingestão de álcool de maneira abusiva pode até levar o esquecimento temporário a evoluir para a Síndrome de Korsakoff, perda da memória de curto-prazo.

“Apesar de existir uma barreira no cérebro que serve como proteção, o álcool penetra sem problemas. Quanto maior o teor alcoólico, mais o sistema nervoso é atingido”, explica Renato Sabbatini, neurocientista da Unicamp/SP.

No início, a bebida é um estimulante que faz você ficar “alegre”. Depois, o excesso de ingestão torna o álcool uma espécie de anestesia no sistema nervoso central, levando ao esquecimento.
Consumir álcool em jejum aumenta a chance do esquecimento temporário. Mulheres, jovens e idosos também são os mais afetados devido às condições físicas e hormonais. Quem faz uso de medicamentos controlados também são mais suscetíveis.

Portanto, se você não quer ser mais um a repetir as desculpas de bêbados, a solução é seguir o que os comerciais de bebidas já vêm falando há muito tempo: beba com moderação e responsabilidade.

CCJ PODE VOTAR ATO MÉDICO NESTA QUARTA (8): ENVIE MANIFESTO PELA NÃO APROVAÇÃO




O projeto de lei conhecido como Ato Médico está na pauta para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania do Senado Federal, nesta quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012. 
 
O parecer que vai a voto é o mesmo apresentado em dezembro de 2011, veja aqui
 
Nesses 10 anos de tramitação do PL, o Conselho Federal de Psicologia, em conjunto com outras entidades profissionais da saúde, vem questionando o chamado Ato Médico. Muitos avanços foram conquistados, com mudanças no texto para que não seja ferida a autonomia das profissões de saúde e o exercício dos profissionais da área. Entretanto, ainda permanecem dispositivos no texto que precisam alterados para que seja garantida tal autonomia. 
 
O PL 268/2002 já passou por análise da Câmara dos Deputados e hoje encontra-se novamente no Senado, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), devendo passar em seguida pelas Comissões de Educação, Cultura e Esporte (CE) e Assuntos Sociais (CAS). 
 
Veja o histórico das ações em http://www.naoaoatomedico.org.br

Para enviar manifesto contra o PL do Ato Médico, clique aqui.

Veja a seguir a mensagem que será enviada aos senadores, à presidência da República e ao ministério da Saúde:
 
Aos excelentíssimos senhores e senhoras, Senadores e Senadoras, 
 
Nós, psicólogos e psicólogas, estudantes e profissionais de saúde, unidos com o Conselho Federal de Psicologia, nos manifestamos mais uma vez contrariamente à aprovação do PL do Ato Médico. Afinal, este fere não somente uma profissão, mas sim todo um paradigma de saúde que nosso país conquistou arduamente ao construir o Sistema Único de Saúde (SUS) e que, com ele, fortalece a ideia de que a saúde é uma construção multisetorial, multiprofissional e interdisciplinar. 

Este projeto, que teve origem no Senado Federal (nº 268 de 2002) , passou por análise da Câmara dos Deputados e hoje encontra-se novamente no Senado, como PL 7703/06, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e deve passar, em seguida, pelas comissões de Educação, Cultura e Esporte (CE) e Assuntos Sociais (CAS).

Desejamos garantir que o Projeto de Lei passe por todas as comissões antes de seguir para o Plenário, pois não há concordância entre os profissionais de saúde que o texto do substitutivo encontra-se pronto para votação da forma como está. 

Solicitamos também, como foi pedido pelo CFP e demais Conselhos Profissionais de Saúde ao relator da matéria, Senador Antônio Carlos Valadares (PSB), no final de novembro, que haja a junção dos parágrafos 6º e 7º do artigo 4º - que determina as atividades privativas do médico. Desta forma, seria assegurado às demais profissões de saúde o que está garantido à odontologia no parágrafo 6º, ou seja, que o disposto no artigo não se aplica ao exercício de competências de outras áreas de saúde, incluindo a Psicologia, o que garante a autonomia das profissões. 

Deixamos claro que não somos contra a regulamentação da Medicina, pelo contrário, pensamos que os médicos podem e devem trabalhar por isto como forma de a sociedade reconhecer a competência específica destes profissionais. Mas isto não pode ser feito em detrimento de qualquer outra profissão na área da saúde, que é o que acontece atualmente. 


Fonte: CFP

A REPRESENTAÇÃO DA ESQUIZOFRENIA NO CINEMA




Segundo matéria publicada no site do Jornal Correio Brasiliense, a OMS estima que 1% da população mundial tenha esquizofrenia. É um transtorno bastante conhecido pela sociedade e, por ser um tema complexo e intrigante, aparece com certa frequência na arte, no cinema em especial. No entanto, este conhecimento quase sempre é reduzido ao senso comum, gerando muitos preconceitos.

Este trabalho tem como objetivo observar como se dá a representação da esquizofrenia no cinema hollywoodiano, verificando se a forma como ele caracteriza essa psicose colabora com o senso comum ou fornece um maior conhecimento sobre o assunto.

O corpus é composto por dois filmes de sucesso de crítica e público: Clube da luta (1999) e Psicose (1960).

Para isso, inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema, estudando a literatura de especialistas da saúde e psicanalistas. Em seguida foram escolhidos filmes cujo tema central seja a esquizofrenia. Por fim verificamos se a representação condiz com os traços descritos pela ciência, tais como alucinações, delírios, comportamento anti-social etc. Também foi realizado um estudo sobre a experiência proporcionada pelo cinema, constatando sua capacidade de influenciar o público.

1. Psicose e Esquizofrenia

Psicose é um estado psicopatológico no qual se verifica relativa “perda de contato com a realidade” e que, nos períodos em que se dão as crises, podem ocorrer delírios ou alucinações. Os delírios são crenças não verdadeiras que se baseiam em inferências incorretas sobre a realidade. Os tipos mais frequentes dos delírios psicóticos são os delírios de grandeza, de perseguição, hipocondríaco etc. As alucinações são falsas percepções do indivíduo que podem ser auditivas, visuais, gustativas, olfativas e táteis (PROESQ). Em relação ao comportamento do indivíduo, observam-se uma inquietude psicomotora, dificuldades na interação social e no cumprimento normal das atividades diárias, entre outras.

Dentre os conteúdos compreensíveis da psicose podem-se destacar alguns aspectos como a relação existente entre o conteúdo do delírio e as vivências anteriores do indivíduo. (JASPERS, 2000). Ou seja, o delírio não é, de todo, fora da realidade da pessoa, tendo sempre uma relação com os fatos de sua vida.  Para Friedmann, toda formação delirante baseia-se no conflito vivencial que consiste no fato de a vontade individual ser dominada pela vontade total da comunidade. Há ainda o fato de que, em algumas vezes, o delírio representa condição necessária para aquele que delira e que, sem esse delírio, colapsaria. (JASPERS, 2000).

Diversas são as atitudes do indivíduo em relação à doença. Alguns apresentam incapacidade de reconhecer o caráter estranho do comportamento, outros apresentam medo diante da transição do estado consciente para o inconsciente. Há ainda aqueles que apresentam perplexidade, uma incapacidade de aprender vivências novas e aqueles que relatam os conteúdos delirantes sem preocupação ou constrangimento, preocupando-se apenas com recaídas ou internações. (JASPERS, 2000)

Dentre as psicoses, a esquizofrenia apresenta-se bem freqüente na população. Acomete 1% da população mundial e tem sua ocorrência entre o final da adolescência e início da vida adulta, dos 15 aos 25 anos, geralmente (PROESQ). De acordo com o Código internacional de Doenças (CID 10),

Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados. Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo. Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposição ou o roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção delirante, idéias delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas negativos. (CID 10, cap.V. F20)

A mesma fonte também atenta para o cuidado de não fechar o diagnóstico em casos de esquizofrenia aguda, cíclica e reação esquizofrênica, visto que são eventos momentâneos. O mesmo vale para o transtorno esquizotípico, que é “caracterizado por um comportamento excêntrico e por anomalias do pensamento e do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia, mas não há em nenhum momento da evolução qualquer anomalia esquizofrênica manifesta ou característica.” (CID10, cap.5) Bem como nos casos de alteração de personalidade pelo uso de substâncias químicas diversas.

A esquizofrenia pode ser classificada de acordo com alguns sintomas mais específicos: Paranóide (perseguição); Hebefrêmica (afetos); catatônica (psicomotor); e indiferenciada (características gerais). O CID10 caracteriza a chamada depressão pós-esquizofrênica, que ocorre após o fim de uma crise. Ela é caracterizada por uma desordem cerebral crônica, que é acompanhada por mudanças na percepção e no pensamento, delírios e alucinações. As alucinações mais frequentes em pessoas esquizofrênicas são as auditivas, com vozes sussurrantes ou claras, que discorrem sobre o comportamento da pessoa ou dá ordens e as visuais, podendo visualizar coisas ou, até mesmo, pessoas (PROESQ). 

2. Cinema

O cinema foi criado no fim do séc. XIX e consiste na projeção de imagens sucessivas que geram a sensação de movimento. É considerado uma importante forma de arte e de entretenimento popular, conquistando a nomeação de Sétima Arte.

Com o aperfeiçoamento da tecnologia, algumas pessoas passaram a ver o cinema como uma possibilidade artística. Houve uma junção de várias artes: literatura, teatro, dança e música. E o próprio cinema criou técnicas de expressão tais como ângulos de câmera, passagem de cenas e etc. Assim o cinema virou a Sétima Arte, contemplando aspectos visuais e sonoros.
O cinema dá a impressão de que é a própria vida que vemos na tela, brigas verdadeiras, amores verdadeiros. Mesmo quando se trata de algo que sabemos não ser verdade, como o Pica pau amarelo ou O mágico de Oz, ou um filme de ficção científica como 2001 ou Contatos imediatos do terceiro grau,a imagem cinematográfica permite-nos assistir a essas fantasias como se fossem verdadeiras; ela confere realidade a estas fantasias. (BERNARDET, 1980, p.125)
Assim, o espectador acaba por considerar informações passadas direta ou indiretamente, desde que elas não pareçam estranhas o suficiente para serem negadas pela consciência.

Apesar de generalizar ao falar da passividade do espectador, a ideia de Mauerhofer é pertinente e remete a famosa política “pão e circo” do império romano, que nos dias de hoje pode ser representada pelo cinema hollywoodiano. Nesse sentido, ele fala ainda:
O cinema se coloca assim na posição de uma realidade irreal, a meio caminho entre a realidade cotidiana e o sonho meramente pessoal. A experiência do cinema canaliza a imaginação, dando-lhe ainda o alimento de que tanto precisa.
(MAUERHOFER, 1966. Apud XAVIER.1983,p.379)
Como dito, esse aspecto de passividade se aplicaria mais aos filmes hollywoodianos, que são focados no mercado, ou seja, têm fácil assimilação e mais apoio popular. Isso justifica a escolha dos filmes ditos comerciais para este trabalho.

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Fonte: Psicologado