domingo, 27 de novembro de 2011

MEDITAÇÃO AJUDA A PROTEGER O CÉREBRO DE DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS, DIZ ESTUDO



Pessoas que têm experiência em meditação parecem ser capazes de “desligar” áreas do cérebro associadas a devaneios, transtornos psiquiátricos (como esquizofrenia) e autismo, segundo um novo estudo de imagens cerebrais feito por pesquisadores da Universidade Yale, nos EUA. O trabalho foi publicado esta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A capacidade da meditação em ajudar indivíduos a manter o foco no presente tem sido associada a maiores níveis de felicidade, destacou o principal autor da pesquisa e professor assistente de psiquiatria em Yale, Judson A. Brewer.
Entender como funciona a meditação pode ajudar na investigação de uma série de doenças, afirmou Brewer. "Essa prática tem se mostrado capaz de amenizar vários problemas de saúde, ao contribuir para que pessoas parem de fumar, lidem melhor com o câncer e até mesmo evitem a psoríase", enumerou o cientista.
A equipe de Yale realizou exames de ressonância magnética funcional em pessoas experientes e novatas na meditação, enquanto elas praticavam três diferentes técnicas de esvaziar a mente dos pensamentos.
Os pesquisadores descobriram que meditadores experientes tiveram uma redução da atividade em áreas cerebrais da chamada rede neural de modo padrão, que tem sido associada a lapsos de atenção e distúrbios como ansiedade, deficit de atenção e hiperatividade, e até acúmulo de placas senis na doença de Alzheimer.
A queda da atividade nessa rede, que engloba a parte medial do córtex cingulado pré-frontal e posterior, foi percebida nos participantes mais experientes, independentemente do tipo de meditação que faziam.
Os exames de imagem também mostraram que, quando a rede neural era ativada, regiões cerebrais associadas ao automonitoramento e ao controle cognitivo foram acionadas nos meditadores de longa data, mas não nos novatos. Isso pode indicar que os primeiros estão constantemente acompanhando e suprimindo o surgimento de divagações e pensamentos sobre si mesmos. Em formas patológicas, esses estados são associados a doenças como autismo e esquizofrenia.
Os participantes mais experientes fizeram isso durante a meditação e também quando estavam descansando. Isso indica que eles desenvolveram um modo padrão "novo", em que há uma maior consciência no presente e menos foco no "eu", ressaltam os pesquisadores.
"A capacidade da meditação em ajudar as pessoas a permanecer no presente tem sido parte de práticas filosóficas e contemplativas há milhares de anos", disse Brewer. "Por outro lado, as marcas de muitas doenças mentais são uma preocupação com os próprios pensamentos, condição que a meditação parece atingir. Isso nos dá algumas pistas de como os mecanismos neurais podem atuar clinicamente”, conclui o autor.

O ADOLESCENTE INFRATOR E A CONDUTA INSTITUCIONAL SOB A LUTA PELA RESSOCIALIZAÇÃO



O mundo contemporâneo tem-se nos mostrado cada vez mais de uma forma exacerbada, segregadora e sem soluções concretas. A violência que percorre a sociedade atinge todos os dias um número maior de pessoas e, infelizmente, acreditamos muitas vezes estar longe de uma explicação para tantos acontecimentos trágicos. Vivemos em uma zona de conflito onde a combinação de desemprego, falta de esperança, exclusão étnico-sócio-cultural, corrupção, abuso de poder e desrespeito aos direitos do cidadão tem nos afetado terrivelmente. 

Muitos estão se perdendo com isso, tornando-se um nada diante de uma sociedade doente e desgastada e, a duras penas, temos que admitir que crianças e jovens estão entre os mais atingidos neste quadro lastimável. O número de adolescentes em conflito com a lei está se tornando cada vez maior. Para aliviar a tensão os “responsáveis” ficam jogando a culpa de um para o outro. Doce ilusão! A culpa é de todos.

Como reconhecimento desta responsabilidade, temos ai, desde 1990 a Lei 8.069, o conhecido Estatuto da Criança e do Adolescente, que trouxe no seu bojo o CONANDA e o SINASE. São três poderosas ferramentas que estão nos trazendo a urgência de se resgatar o direito a infância e juventude e irão nos instruir, a partir de agora, em como tratá-los de forma mais humana e com mais seriedade.

Em 1988 uma mobilização social veio reivindicar uma melhoria na qualidade de vida e no reconhecimento dos direitos humanos. Durante este tempo muita coisa melhorou, admite-se. Podemos assinalar que houve uma preocupação maior com a infância, a ingressão na escola, a diminuição da desnutrição e mortalidade infantil, enfim, muitos problemas estão sendo lapidados até hoje, mas a insatisfação que ainda persiste diante de uma Constituição que deveria defender e aplicar suas leis está no fato de que esta, oferece um serviço de má qualidade ao cidadão.  De 1980 a 2004, por exemplo, a taxa de mortalidade caiu, melhorando a esperança de vida mas, este dado torna-se insignificante quando, de 1980 a 2004 a mortalidade juvenil sobe de 128 para 130 em 100.000.

Não convém aqui trazermos como referência os vários défctis da Constituição, mas traremos um assunto que muito nos interessa: o adolescente.

Ao falarmos nestes adolescentes, que hora possuem a sua liberdade e hora estão sob medidas sócio-educativas por atos infracionais, percebemos que são, na sua maioria, meninos pobres, negros, fora da escola, moram nas ruas, não tem família, “marginais”, enfim, são retratos desta ineficácia das nossas leis e serviços públicos. São estes que estão freqüentando cada vez mais as delegacias, penitenciárias, unidades do sistema sócio-educativo e, quando não, o cemitério. Grande parte das mortes de adolescentes é devido a acidentes e assassinatos. Grande parte dos casos de privação de liberdade é devido a homicídios, assaltos, estupros, tráfico de drogas. 

Mesmo com o apoio do ECA, SINASE e  CONANDA percebemos que os jovens estão ocupando cada vez mais os dados estatísticos, de maneira negativa e, infelizmente pouco tem-se feito para que este quadro mude. De certa forma, ao procurarmos uma resposta “convincente” para estes problemas, fazemos alguns questionamentos: O que é ser adolescente? Por que estes adolescentes têm estas atitudes hostis? Muitas vezes eles voltam das instituições piores do que já eram e pouquíssimas vezes conseguem uma recuperação e ressocialização. Neste caso, o que as instituições tem feito ou não, para que isto aconteça? Qual a parte de responsabilidade atribuída à sociedade? E à família? Onde se encontram os problemas e os vínculos familiares no crescimento, no comportamento e na conduta destes adolescentes?

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sábado, 19 de novembro de 2011

PESSOAS EM ESTADO VEGETATIVO PODEM ESTAR CONSCIENTES?



O paciente abre os olhos, sem expressão alguma. Boceja e, por vezes, chega a gritar. Ele parece, ao mesmo tempo, consciente e indiferente ao que acontece ao seu redor. Há meses permanece assim. Será capaz de pensar? Talvez, segundo estudo publicado em 2006 na revista Science. A equipe conduzida pelo neurocientista Adrian Owen, da Universidade de Cambridge, pediu a uma paciente em estado vegetativo persistente (EVP) que se imaginasse fazendo diversas tarefas, como jogar tênis e caminhar pelos cômodos de sua casa. Enquanto isso seu cérebro era analisado por meio da técnica de ressonância magnética funcional (fRMI). Os resultados mostraram imagens comparáveis às de pessoas saudáveis, que compreendem os comandos e decidem obedecer ou não.

“Obviamente, alterações que podem indicar alguma atividade cerebral não são detectadas em todos os pacientes em EVP; em alguns deles simplesmente não há mais estrutura cerebral suficiente”, diz Owen, aludindo ao caso da americana Terry Schiavo, que permaneceu por 15 anos em estado vegetativo e virou notícia quando seus pais contestaram a decisão do marido de interromper a alimentação e deixá-la morrer. O imageamento cerebral já havia mostrado que parte considerável de seu cérebro estava atrofiada; os médicos foram unânimes em afirmar que o caso dela era irreversível, o que pesou na decisão judicial de desligar os aparelhos que a mantinham viva, em março de 2005.

Contudo, o prognóstico nem sempre é definitivo e inalterável. Para o especialista, a medicina sempre investiu pouco nesses pacientes, na crença de que nada podia ser feito além dos cuidados paliativos que os mantêm alimentados, limpos e confortáveis até a hora da morte. Vez por outra, porém, um deles desperta, sem que se conheçam os fatores que contribuíram para a recuperação. “O cérebro é um órgão frágil, mas pode reagir de forma inesperada. Não devemos descartar os casos em que os pacientes estão conscientes do seu entorno mas não conseguem mexer nenhuma parte do corpo. Outros, ainda, podem estar apenas inconscientes e desacordados. O desafio da medicina de reabilitação é identificar todas essas possibilidades”, afirma Owen. (Da redação)


O CUSTO DA DEPRESSÃO



Em 2008, os antidepressivos foram o oitavo tipo de droga mais prescrito no mundo, gerando um lucro de mais de US$ 20 bilhões para as companhias farmacêuticas. Nos Estados Unidos, o tratamento de uma única pessoa com depressão custa, em média, US$ 5 mil anuais, e surgem 10 milhões de novos casos por ano. Se, aparentemente, há mais gastos com medicamentos que “corrigem” o desequilíbrio químico, por que a depressão é dez vezes mais frequente do que na década de 60 e começa a aparecer cada vez mais cedo?

Para o psicólogo Martin Seligman, diretor do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, o crescente volume de prescrições de medicamentos sugere a ideia equivocada de que o transtorno tem causa fundamentalmente biológica. “É impossível que em 40 anos nossos genes e hormônios tenham mudado o suficiente para resultar em um índice de depressão dez vezes maior. O problema está associado a mudanças sociais”, analisa.

O transtorno é mais frequente em pessoas com mais de 65 anos, que corresponderão a 10% da população mundial em duas décadas, segundo a OMS. Estudos epidemiológicos têm mostrado que 20% delas apresentam sintomas depressivos. Porém, entre idosos que vivem em asilos ou internados em hospitais para tratamento clínico, o transtorno tem incidência de 80%. “É um problema de saúde pública associado às mudanças no perfil populacional de muitos países, pois o número de pessoas que passam os últimos anos de vida sem o apoio da família, muitas delas vivendo sozinhas, é proporcional ao aumento da expectativa de vida”, observa o psiquiatra Henry Brodaty, do Departamento de Psiquiatria para a Terceira Idade da Universidade de New South Wales, na Austrália. Segundo ele, para elaborar uma política de saúde pública com estratégias de prevenção são necessárias informações sobre a frequência e a distribuição dos transtornos depressivos. 

“Os estudos epidemiológicos sobre depressão em vários países, por exemplo, têm identificado maior incidência do transtorno depressivo maior (MDE) em mulheres com baixo nível de escolaridade e de renda, o que muda a percepção equivocada de que esta seria uma epidemia de 'nações ricas'. Identificar 'grupos de risco' pode tornar as abordagens preventivas mais eficientes, reduzindo a morbidade e o alto custo individual e social da doença”, diz.


ESPETÁCULO



Espetáculo é um termo caro à psicanálise. Remete a: “ver sobre uma cena”. A primeira idéia, a primeira expressão que nos ocorre é aquela consagrada por Freud: “uma outra cena” (ein anderer Schauplatz), por vezes usada como referência de inconsciente. Empregamos a expressão “outra cena” quando, por exemplo, o analisando muda as coordenadas de suas queixas desde um contexto local, para um outro lugar, em um outro tempo. Chega-se a preconizar tecnicamente a mudança da poltrona para o divã, nesse momento de passagem discursiva.

            Lacan se inicia na psicanálise também com um estudo sobre o espetáculo - podemos assim dizer - uma vez que seu trabalho inicial de 1936 sobre o Espelho discorre sobre o momento em que um bebê, ainda em estado de corpo fragmentado, precipita uma unidade imaginária corporal, a se ver completado no espelho, neste caso, metáfora daqueles que se ocupam dele, a começar por sua mãe.

            O estudo de Freud e o de Lacan coincidem e destacam algo fundamental da natureza humana, a saber: o ser humano se compreende ou se realiza, no sentido forte do termo, só quando é colocado em cena, no espetáculo, no confronto com o outro.

            A questão “espetáculo” ganha especial importância nos dias de hoje, que foram consagrados por Guy Debord sob o nome “A Sociedade do Espetáculo”, título de seu livro bem mais citado do que lido.

            Sim, vivemos na sociedade do espetáculo, passamos de uma sociedade industrial, no qual o laço social era vertical, para uma sociedade globalizada, da era da informação, no qual ele é horizontal. A primeira, a sociedade industrial, era uma sociedade padronizada em todos os seus níveis, do mais restrito ao mais amplo. Na família, o pai; no trabalho, o chefe; na sociedade civil, a pátria. As cenas eram fixas, com explicações prêt-à-porter, o que facilitou a importância e a extensão que tomou o “complexo de Édipo”, como uma chave geral explicativa. Se o espetáculo pertence ao registro do Imaginário, no sentido de Lacan, ele era ali submetido às leis compreensivas do registro Simbólico, superiores ao Imaginário, na época que precedeu a que vivemos. Antes, compreendíamos, dávamos um sentido ao espetáculo, o iluminávamos com o saber, como preconizaram os Iluministas. 

            Preocupados que estamos com “a ordem simbólica no século XXI não ser mais o que era” (título do Congresso de 2012, da Associação Mundial de Psicanálise – AMP) e com as decorrentes conseqüências nos tratamentos, cabe notar que o Imaginário em nossos dias se associa diretamente ao Real, sem necessidade da intermediação simbólica. Trocando em miúdos. Saímos de uma situação na qual a razão era prioritária, para um novo momento, no qual o ressoar toma a dianteira. Assim, os jovens contemporâneos não se perguntam entre si: - “Você me entendeu?”, como faziam os seus pais, mas, simplesmente: - “Você tá ligado?”. O que se tornou básico não é um intercâmbio de significado racional, presente no “entender”, mas uma epidemia (outro termo atual que merece nossa atenção, por descrever como se dão mudanças sociais atualmente), uma epidemia de sentido, tá ligado? Saímos do diálogo e estamos indos para os monólogos articulados.

            Nesse mundo de hoje, só duas opções: espetáculo ou genérico. Genérico é ser igual a todo mundo, na ordem unida, tal como as geladeiras: todas brancas e ninguém sabe a marca. Espetáculo é um problema. Requer dois movimentos fundamentais, que sintetizo na sigla cheia de futuro: IR. IR de Invenção e Responsabilidade. Sendo que vivemos um mundo despadronizado, no qual faltam referências ao homem que se vê desbussolado, no qual nem o Édipo sobrevive como chave universal, em vez de cada um se medir frente a um padrão, que não há – pois não há um, mas inúmeros - somos levados a inventar uma resposta singular e passá-la responsavelmente no mundo. Assim entendo quando em seu curso de 2010 (inédito), em Paris, Jacques-Alain Miller trabalha a dimensão do show, no passe. Segundo ele, o cartel do passe não teria nenhuma nota a tomar, a não ser se deixar impressionar pelo espetáculo daquele que se oferece a demonstrar a sua maneira de passagem do estritamente singular ao mundo.

            Essa forma de compreensão do espetáculo é coerente à segunda clínica de Lacan, nomeada de forma diversa, entre outras, de Clínica do Real. Se na primeira clínica a questão era atingir um saber sobre o véu do fantasma, demonstrando-o e atravessando-o, na segunda, própria aos tempos atuais, a questão não é a demonstração, mas a “monstração, como diria Lacan, mostrar a capacidade que se adquire em uma análise de não mais buscar a referência de sua identidade na dialética do espelho/expectativa do Outro, aquém ou além do fantasma, axioma das significações. 

Trata-se, na clínica do século XXI, de suportar o impacto e a surpresa, do que aparece como novo e equívoco, sem significado pré-estabelecido, no entanto estreitamente ligado ao sentido de um gozo ineliminável, marca de origem de cada um, que possibilita a flexibilidade necessária a quem queira ser um “homem pronto a todas as circunstâncias”, inventando e se responsabilizando por soluções singulares, na cena de uma vida.

Por Jorge Forbes

ATO MÉDICO: PARECER DO RELATOR AGUARDA VOTAÇÃO PELA CCJ



O Projeto de Lei do Senado (PLS nº 268/2002), conhecido com PL do Ato Médico teve origem no Senado Federal, passou por análise na Câmara dos Deputados (PLC nº 7703/2006), onde recebeu alterações e voltou ao Senado, onde se encontra no momento.

Na CCJ recebeu o parecer do relator senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), no dia 9 de novembro de 2011, pela aprovação do projeto, com alterações. Veja aqui íntegra do parecer. O PL aguarda sua inclusão na Pauta da CCJ, para que seja votado o parecer apresentado. Não há prazo determinado para que isto ocorra.

Depois, segue para a análise das seguintes comissões: Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); Educação, Cultura e Esporte (CE) e Assuntos Sociais (CAS). 

Para a Psicologia, vale destacar os seguintes itens do parecer do senador Valadares:
 
·         Art. 4º; § 2º: “Não são privativos do médico os diagnósticos funcional, cinésio-funcional, psicológico, nutricional e ambiental, e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial e perceptocognitiva.” (página 13)
 
·         Art. 4º; § 7º: “O disposto neste artigo será aplicado de forma que sejam resguardadas as competências próprias das profissões de assistente social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional, técnico e tecnólogo de radiologia.” (página 15).

Fonte: CFP

CFP E CRPS ENTREGAM AO MPF REPRESENTAÇÕES SOBRE INTERNAÇÕES E ABRIGAMENTOS COMPULSÓRIOS



Em ação coordenada, o Conselho Federal de Psicologia e três Conselhos Regionais (de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), entregam representações ao Ministério Público Federal questionando políticas de internações e abrigamentos compulsórios por violação à Constituição Federal. A representação foi protocolada às 12h30 desta sexta-feira, 11 de novembro, em Brasília, pela conselheira-secretária do CFP, Deise Nascimento. Documentos serão entregues também ao MPs em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, estados nos quais políticas de internação e abrigamento vêm ganhando espaço.

Em Minas Gerais, recentemente o Governador editou o Decreto n. 45.739/2011, instituindo auxílio financeiro temporário à família que assuma as despesas de tratamento de usuário de álcool ou outras drogas, com vistas ao custeio das despesas da internação voluntária do usuário em entidade credenciada pela Subsecretaria de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado de Defesa Social, no valor total de R$ 900,00 mensais.

A representação questiona “existência de uma política pública que acaba por incentivar a internação compulsória em instituições, apesar de usar o termo ‘voluntária´, em detrimento de ações mais eficazes. Isso porque incentiva a família do usuário a se socorrer da solução aparentemente mais fácil, mas que não resolve o problema da dependência química”.

No Rio de Janeiro, a resolução nº 20/2011, da Secretaria Municipal de Assistência Social, cria Protocolo de Abordagem à Pessoa em Situação de Rua. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) já declarou a resolução ilegal por inobservância das normas nacionais e internacionais sobre os direitos da criança e do adolescente e da política nacional de atendimento à saúde mental, sugerindo seu imediato sobrestamento.

Os Conselhos concordam e defendem os princípios e diretrizes do SUS, principalmente da participação, que garante o direito do usuário de ser esclarecido sobre a sua saúde, de intervir em seu próprio tratamento e de ser considerado em suas necessidades, em função de sua subjetividade, crenças, valores, contexto e preferências.

Em São Paulo, tem-se visto o envio de crianças e adolescentes para instituições de internamento de forma compulsória – e, portanto, involuntária –, sob a justificativa de suposto tratamento da dependência de crack. Na representação, a prática é questionada: “Contudo, não se coloca em pauta algumas questões que são anteriores a esta intervenção, tais como: como essas crianças e adolescentes chegaram à condição de morar nas ruas e de dependência de drogas? O direito, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de receber proteção integral com prioridade absoluta foi garantido de fato a estas crianças e adolescentes?”.

Na avaliação dos Conselhos, ao ser internado, o indivíduo perde qualquer chance de inclusão social, ficando à margem da sociedade, sem qualquer autonomia. As políticas públicas de retirada das pessoas do convívio em sociedade, na prática, "cassa" os direitos políticos e civis de cidadãos miseráveis. Cassa-se inclusive o direito constitucional de ir e vir.

A argumentação legal está embasada na premissa de que o tratamento “de doenças mentais ou da temática de álcool e drogas não comporta mais a segregação absoluta, sendo que a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes (art. 4º da Lei n. 10.216/01)”, afirmam os conselhos, para os quais “ os preceitos da Lei sob exame vêm sendo ameaçados pela adoção de políticas públicas equivocadas”.

Oart. 4º determina que a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. Diz também que “o tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio”, em seu parágrafo primeiro.

Demanda
Os Conselhos solicitam ao Ministério Público a adoção de medidas legais, inclusive com o ajuizamento das ações competentes, que visem à suspensão imediata de práticas de internação e abrigamento compulsórios pelos governos federal e estaduais, de modo a privilegiar a utilização de medidas sócio-educativas aos usuários de crack, álcool ou outras drogas, como também aos portadores de doenças mentais.

Soluções
A solução que se pretende alcançar deve privilegiar os princípios de um cuidado em meio aberto, humanizado, com equipes multiprofissionais qualificadas, que tenham condições de trabalho dignas garantidas, no âmbito das políticas de saúde mental e coletiva e da assistência social, que operem por meio dos equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, afirmam os Conselhos de Psicologia. “Para que não haja a exclusão do usuário de crack, álcool e outras drogas, há que se promover meios de adaptá-lo, cuidá-lo e recuperá-lo, caso contrário, ao invés de salvar o doente, acabaremos, todos, por sucumbir, em um trabalho de inútil benemerência, que não pode ser confundido com a estrita observância aos direitos humanos ou de respeito à cidadania”.

ApoiosA representação em âmbito federal está sendo apoiada por organizações como a Justiça Global, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o Observatório de Favelas, a Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (ANCED)  e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

Confira o texto na íntegra clicando aqui!

Fonte: CFP



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

OPORTUNIDADE - ESTÁGIO DE PSICOLOGIA






Recrutamos um(a) estagiário (a) de psicologia
 
Dados:

- A partir do 4° período

- Conhecimento em testes (Aplicação / correção / parecer): AC ; Palográfico ; Técnica projetiva grafológia.

Horário: manhã
 
Interessados devem enviar CV para  o e-mail: coordrh@transportadoraglobo.com.br

OPORTUNIDADE - GERENTE SÊNIOR DE RECURSOS HUMANOS






 Oportunidade:
 
Gerente Sênior de Recursos Humanos 


O perfil é o seguinte:

 Graduação e pós-graduação em administração ou áreas correlatas;  Sólida experiência em gerenciamento de recursos humanos com domínio especial sobre ferramentas de planejamento, gestão e monitoramento de gestão de pessoas;  Domínio de ferramentas e metodologias de desenvolvimento de pessoal, com destaque para programas de gestão de carreiras e remuneração, atração e retenção de talentos, avaliação de desempenho e gestão por resultados; Notório conhecimento em saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho, legislação trabalhista e auditoria de processos de Administração de Pessoal;   Diferencial para conhecimento em sistemas ERP e/ou soluções informatizadas para gestão de pessoal;  Profissional com boa capacidade de negociação e relacionamento, aliado à capacidade analítica;§   Inglês técnico / intermediário..
 
Principais Atividades: 

Planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades de Recursos Humanos
Definir normas e políticas que sejam capazes de manter a força de trabalho qualificada e eficaz; Estabelecer diretrizes para implantação e/ou desenvolvimento de programas de captação, treinamento, desenvolvimento, pacotes de remuneração e benefícios, avaliação de desenvolvimento, planos de carreiras e sucessões;
Liderar as questões administrativas de pessoal, de Saúde, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho, bem como as relações com sindicatos e órgãos trabalhistas.

Interessados enviar cv's para o e-mail: apsandrinhapsicologia39@gmail.com  

OPORTUNIDADES - FARMÁCIA GUARARAPES



Olá Pessoal,

Vagas abertas para as seguintes funções:

- Analista de RH
- Assistente de RH
- Auxiliar de RH
- Analista de DP (nível pleno ou sênior)

Os interessados deverão enviar currículos para selecao@farmaciasguararapes.com.br até o dia 15/11/11 (para a vaga de DP) e 30/11/11 (para as vagas de RH) e com o título da vaga pretendida.

Desde já agradeço a ajuda e esperamos muitos interessados em fazer parte do nosso time!

sábado, 12 de novembro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LUTO E A MORTE NA PERSPECTIVA INFANTIL



O homem costuma apresentar medo diante de situações desconhecidas, e a morte apesar de sabidamente inevitável é um evento que desperta angústia Em nossa sociedade não são poucas as tentativas de afasta-la e esquece-la.

O desconforto quando se trata de morte é bem visível, a busca pela “eterna juventude” e a crença em nossa imortalidade pessoal nos afasta ainda mais de qualquer referência a terminalidade ou qualquer coisa que a ela remeta.

Serão demonstradas aqui as mudanças constatadas no enfrentamento da morte desde a Idade Média, denominada por Philippe Áries (1977) de “morte domada” até o morrer contemporâneo: a “morte invertida”. O modo como a criança introjeta as situações a ela relacionadas bem como seu processo de enfrentamento e luto.

A morte tem tido diferentes representações a cada época, sendo assim, os medos e angústias referentes a ela vêm mudando também. Como afirma Kovács ao citar Philippe Áries:
A morte era esperada no leito, numa espécie de cerimônia pública organizada pelo próprio moribundo. Todos podiam entrar no quarto, parentes, amigos, vizinhos, e, inclusive, as crianças. Os rituais de morte eram cumpridos com manifestações de tristeza e dor, que eram aceitas pelos membros daquela comunidade. O maior temor era morrer repentinamente e sem as homenagens cabidas. (1977, p. 67)
Era um evento a ser compartilhado e havia uma familiaridade com a finitude, embora essa mesma ainda fosse acompanhada do medo dos mortos. A “morte domada”, como assim a denominou Ariés era aceita como parte indissociável da vida e eventualmente até desejada. Fazendo um apanhado do “morrer” atual pode-se verificar a inversão de valores que ocorreu desde então. Kovács (1992, p.47) cita Ariés:
O século XX traz a morte que se esconde, a morte vergonhosa, como fora o sexo na era vitoriana. A morte não pertence mais à pessoa, tira-se sua responsabilidade e depois sua consciência. A sociedade atual expulsou a morte para proteger a vida. Não há mais sinais de que uma morte ocorreu. O grande valor do século é o de dar a impressão que “nada mudou”, a morte não deve ser percebida. A morte boa atual é a que era mais temida na Antiguidade, a morte repentina, não percebida. A morte “boa” é aquela que não se sabe se o sujeito morreu ou não.
O “lugar de morrer” foi transferido para o hospital tirando-o do alcance dos olhos da sociedade, incluindo-se ai as crianças. Dentro dos hospitais o rastro da morte é silenciado de tal forma que tudo o que se quer após uma ocasião a ela ligada é esquecer e fingir que nada aconteceu.

A criança em processo de formação de significações não tem acesso a vivências que permitam uma devida elaboração de seus conceitos de morte, de perda e de dor já que situações referentes a isso são sempre evitadas e disfarçadas. Elas encontram, portanto o pacto de silêncio que a sociedade constitui em torno de assuntos considerados desagradáveis. Como a criança é o reflexo dessa sociedade, a menos que seja trabalhada também terá dificuldades para lidar com a finitude.

Com a “invenção da infância” (ARIÈS, 1977), surgiu uma tendência a separar o mundo dos adultos do mundo das crianças. A infância como a conhecemos tem sua gênese na tomada do poder pela burguesia simbolizada pela revolução francesa.

Os valores burgueses repassados em doutrina ideologicas implícitas pelas escolas, a diminuição do número de filhos e a nuclearização da família em torno dos mesmos, como conseqüência da urbanização, deu origem a infância como a conhecemos hoje: um templo isolado onde qualquer evidência da realidade considerada dura demais é logo afastada. Áries aponta que
Na Idade Média a educação das crianças era garantida pela aprendizagem junto aos adultos e a partir de sete anos, as crianças viviam com uma outra família que não a sua. Dessa época em diante ao contrário a educação passou a ser fornecida cada vez mais pela escola. A escola deixou de ser reservada aos clérigos para se tornar o instrumento normal da iniciação social. (1981, p. 84)
Apresentou-se nesse novo contexto a necessidade de isolar a juventude do “mundo sujo dos adultos” mantendo-os na inocência primitiva. A concentração da família em torno das crianças ficou em evidência bem como o sentimento de infância. Devido a essa proteção da qual se passou a fazer uso, as crianças tornam-se ainda mais suscetíveis ao sofrimento e medo diante da morte visto que são resguardadas de qualquer contato prévio com assuntos que a ela fazem referencias, que são “assunto de gente grande”.
 
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Fonte: Psicologado

VAMOS APOIAR E ASSINAR O ABAIXO-ASSINADO CONTRA O FECHAMENTO DO CTMO DO HEMOPE

A partir de dezembro, o Centro de Transplantes de Medula Óssea da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (CTMO/Hemope) vai parar de funcionar. A determinação foi do secretário estadual de Saúde, Antônio Carlos Figueira, e deixou os funcionários e pacientes do órgão nada satisfeitos. Vale lembrar que Pernambuco conta com apenas nove leitos para essa prática de transplantes, sendo apenas três desses inseridos no Serviço Público de Saúde, que é o CTMO. Apesar das críticas recebidas, a medida visa ampliar o número de leitos, e, consequentemente, fazer a fila andar, segundo a Coordenação Geral da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

No último dia 31 de outubro, funcionários e pacientes do Hemope fizeram um abaixo-assinado para tentar impedir o fechamento do CTMO/Hemope. “Na contramão do interesse do Ministério da Saúde, que está disponibilizando recursos para a ampliação dos leitos, foi determinado o fechamento do CTMO/Hemope, sem considerar o deficit de leitos para transplante de medula óssea no Brasil, e, principalmente, no Norte e Nordeste”, informa o documento. “Viemos por meio desta, revelar esse absurdo, e convocar os órgãos de classe, os pacientes e a população em geral para impedir que isso aconteça”, completa o informativo.

Quem também está preocupada com o desfecho do caso é a médica Érika Coelho, que é especialista em transplantes pelo CTMO/Hemope. Ela é contra a atitude da SES, e defende que haja um investimento de infraestrutura no próprio Hemope. “Não vai adiantar nada, não há justificativa para fechar o setor. Acho que o mais sensato seria ampliar e criar novos leitos aqui. Além disso, não recebemos nenhuma diretriz quanto ao futuro dos pacientes, e isso nos preocupa muito”, afirmou.

Atualmente, 93 pessoas estão na fila do Hemope, já com doadores esperando para a realização dos transplantes. A secretária geral Ana Paula Sóter, garante que a medida não vai atrapalhar o andamento da fila de espera. Segundo ela, o Governo do Estado gasta, em média, R$ 5 milhões anuais para manter o CTMO, e não faria sentido continuar pagando por um serviço que não vinha funcionando. “Esse serviço não era para ser feito pelo Hemope, pois não faz parte das atividades dos hemocentros. Como não estávamos atendendo a necessidade da população achamos que alguma coisa teria que ser feita”. Em dez anos, foram feitos 71 transplantes, o que dá uma média de RS 700 mil para cada caso.

Sóter confirmou que os pacientes serão redirecionados para outras clínicas credenciadas pelo Ministério da Saúde, para realizarem os transplantes. A secretária também fez questão de tranquilizar os pacientes que já estão em tratamento. “As pessoas que já fizeram os transplantes vão continuar sendo atendidas pela equipe do Hemope”, garantiu.

O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Silvio Rodrigues, também se posicionou sobre o caso. “Defendemos que esse serviço não se acabe. O que aconteceu com o Governo foi falta e preocupação e investimento para as coisas andarem. Somos contra qualquer tipo de fechamento, esse serviço tem que ser regulado pelo poder público”, defendeu. 


A repercussão do fato acima narrado foi grande.

Hoje há um abaixo-assinado na internet contra essa aberração que o secretário de saúde quer fazer.

Ainda é tempo de demonstrar nossa indignação. Tem algumas coisas que você pode fazer agora mesmo.

A primeira é assinar o 
ABAIXO-ASSINADO CONTRA O FECHAMENTO DO CTMO DO HEMOPE!

Atenção!!!

Após assinarem o abaixo-assinado, acessem seus emails para confirmarem a assinatura! É importante pra computar o voto.

Depois de fazer isso, peça pro seu pai, sua mãe, seu marido ou sua esposa, seus filhos, irmãos e amigos também fazê-lo. Divulguem o abaixo assinado pra sua lista com um pedido sincero e sério. Peçam nesse email pra que todos façam o mesmo e que divulguem pras suas respectivas redes.

No facebook, vamos bombar e divulgar o manifesto da ATMO:
https://www.facebook.com/pages/ATMO-Amigos-do-Transplante-de-Medula-%C3%93ssea/100616543243

Faça sua parte e se solidarize com os pacientes que usam o serviço e com os psicólogos e demais trabalhadores do setor que o secretário de saúde quer fechar.

domingo, 6 de novembro de 2011

NIETZSCHE - CULPA, CASTIGO E... FESTA?



Dentre os temas tão caros à Psicologia, ao Direito e à História Contemporânea, por exemplo, na Segunda Dissertação de sua obra “A genealogia da moral”, o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) esmiuçará a origem da culpa e do castigo culminando numa festa.

O homem é um ser que promete e, pelo porte da promessa que julga estar apto em poder cumprir, se afirma, equipara e entrelaça seu ego à magnitude de sua capacidade em honrar o compromisso.

Mas também é um ser que se esquece. Justamente por ser dotado dessa capacidade (de esquecer) é que esse mesmo “esquecimento” se transmutará num poder ativo, numa força que educa e disciplina: a memória.

Segundo o autor, devemos procurar aqui a origem da responsabilidade. Prometer, se esquecer e ser assaltado pela memória leva-nos a ponderar: “Esta tarefa de educar e disciplinar um animal que possa fazer promessa pressupõe outra tarefa: a de fazer o homem determinado, uniforme, regular, e, por conseguinte, calculador.” 

Essa proeza coube à moral, num constante e longínquo trabalho, desde a aurora, até o presente de nossa existência: “unicamente, pela moralização dos costumes e pela camisa de força social, chegou o homem a ser realmente calculador.” Assim, pressentimos, prevemos, governamos, tornamo-nos senhores, responsáveis por nossos atos. Observe que essa responsabilidade culminará numa moralidade.

Independente, livre e soberano, o homem que pode prometer é um indivíduo de vontade própria: “possui em si próprio a consciência da liberdade e do poder, o sentimento de ter chegado à perfeição humana.”, aponta.

Por julgarmo-nos merecedores de crédito, não reconhecemos nem nos deixamos limitar pelas coisas que não podemos prometer, noutras palavras, não nos atemos ao imponderável e, seguimos ávidos: “(...) quanta confiança, temor e respeito inspirou o ‘merece (...)”. Julgamo-nos superiores aos demais, os de vontade menos potente.

Assim, o homem ‘livre’, “o senhor de uma vontade vasta e indomável, encontra nessa posse a sua escala de valores; fundado em si próprio, para julgar os outros, respeita ou despreza, e assim como venera os seus semelhantes, os fortes que [igualmente como ele] podem prometer (...)”.

Mas há os que são fortes e prometem como soberanos, somente depois de deliberar, refletir: “(...) que dão a sua palavra como tábua de mármore, que se sentem capaz de cumpri-la, a despeito de tudo, ainda a despeito do ‘destino’ (...)” e há também os fúteis, que prometem levianamente, sem serem verdadeiramente ‘donos’, pois incapazes de cumprir suas promessas.

O filósofo afirma que estar cônscio dessa liberdade rara, “e poder sobre si e o destino chegando às profundidades maiores de seu ser passou ao estado de instinto dominante (...)”. A esse instinto dominante, de: “Responder por si mesmo e responder com orgulho, dizer sim a si mesmo.”, Nietzsche identifica e nomeia ‘consciência’.

A primeva técnica de imprimir memória – mnemotécnica – é terrivelmente eficaz: “Imprime-se algo por meio de fogo para que fique na memória somente o que sempre dói.” É a memória, sobretudo quando choca, machuca, causando perda, a dor, que nos faz cumprir a promessa de não brincar com fogo, não flanar em ruas escuras, enfim, de estar atento aos perigos.

Onde há solenidade, gravidade, mistério e cores sombrias, diz ele, fica um vestígio de espanto, que noutro tempo presidia às transações, aos contratos, às promessas: “o passado, o longínquo, obscuro e cruel passado, ferve em nós quando nos pomos ‘graves’. Noutro tempo, quando o homem julgava necessário criar uma memória, uma recordação, não era sem suplício, sem martírios e sacrifícios cruentos; os mais espantosos holocaustos e os compromissos mais horríveis (como o sacrifício do primogênito), as mutilações mais repugnantes (como a castração), os rituais mais cruéis de todos os cultos religiosos (porque todas as religiões foram em última análise sistemas de crueldade), tudo isso tem a sua origem naquele instinto que descobriu na dor o auxílio mais poderoso da mnemotécnica.”
 
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