quarta-feira, 26 de outubro de 2011

EFEITO PSÍQUICO DO DESEMPREGO



O desemprego é a segunda maior fonte de estresse para os brasileiros. A primeira é a violência, segundo dados da Isma-Brasil de 2007. O estudo, no qual foram entrevistadas quase 800 pessoas entre 18 e 65 anos, revelou que a preocupação é maior entre os jovens. E não é para menos: cerca de metade dos brasileiros desempregados tem entre 16 e 24 anos. “O futuro do país será marcado por uma população numerosa de idosos que passou grande parte da vida lutando contra os sintomas do estresse”, afirma a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da entidade.

A incerteza em relação ao próprio sustento tira o sono de qualquer um. No caso dos brasileiros, a situação afeta principalmente os que têm baixa escolaridade. “Vivemos no país dos bicos; as pessoas aceitam o que vier pela frente”, diz a psicóloga organizacional Ana Cristina Limongi, professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). Essa instabilidade desencadeia um círculo vicioso do qual fazem parte depressão, desequilíbrio emocional, ansiedade e deterioração da saúde física. A conclusão é de um estudo coordenado por Richard H. Price, pesquisador da Universidade de Michigan, publicado no Journal of Occupational Health Psychology. A média de idade dos participantes era de 36 anos, sendo a maioria mulheres (59%), branca (75%) e casada (52%). Dois anos depois da primeira entrevista, os participantes da pesquisa – com origem social, formação escolar e grau de instrução variados – foram novamente avaliados. Nessa ocasião, 71% dos voluntários já estavam empregados. Ainda assim, relatavam os efeitos negativos da ruptura em sua vida profissional.

O problema não se resolve completamente quando a pessoa encontra um novo emprego. Segundo Price, o desemprego deixa marcas psíquicas por no mínimo dois anos e interfere na disposição e na forma como o indivíduo lida com as demandas da nova ocupação. Para o pesquisador, o desemprego deixa uma “herança psíquica”.

VALORIZAR EXPERIÊNCIAS PESSOAIS DOS ALUNOS AUMENTA APRENDIZADO


Não basta entender como se aprende, é preciso descobrir a melhor forma de ensinar. Há décadas, a psicologia, amparada pela neurocência, difunde que quando um aluno que se sente afetivamente protegido é desafiado a aprender, ocorrem mudanças físicas e químicas em seu cérebro, o que facilita o acolhimento e a reconstrução de informações.

A pedagogia neurocientífica, como denominam alguns pesquisadores, pode ser compreendida como o estudo da estrutura, do desenvolvimento, da evolução e do funcionamento do sistema nervoso com enfoque plural: biológico, neurológico, psicológico, matemático, físico e filosófico. Nessa equação complexa, processos químicos e interações ambientais se aproximam e se complementam, propiciando aquisição de informações, resolução de problemas e mudanças de comportamento. Na prática, a aproximação entre as neurociências e a pedagogia pode reverter em melhoria da qualidade de ensino para milhares de estudantes.

Os benefícios são bem-vindos – e necessários. Afinal, a realidade é preocupante. Levantamento do Ministério da Educação revela que 20% dos brasileiros entre 15 e 19 anos são analfabetos, o que representa 12% da população brasileira. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil tem o sétimo maior contingente de analfabetos do planeta. Mais que mapear o cérebro, desvendar meandros de seu funcionamento, compreender fluxos e refluxos de neurotransmissores, acompanhar dinâmicas complexas e transformar passos da resolução de um problema em modelos matemáticos, observar e diagnosticar, pesquisadores de diferentes segmentos estão interessados nas implicações sociais da aquisição de conhecimentos que possibilitem a inclusão de milhares de crianças, adolescentes e adultos – e não apenas no que diz respeito à quantidade de pessoas com acesso à escola, mas também levando em conta a qualidade da educação
oferecida.

O cérebro humano, porém, não possui nenhum módulo automático que permita o domínio de práticas como a leitura, a escrita ou o cálculo. O aprendizado é sempre um processo único, que envolve afeto. Por isso, conhecer a história do aluno e tratá-lo como sujeito único pode mudar o rumo de sua vida. É fundamental valorizar suas experiências.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

BAIXA FIDELIDADE


Históricos da web, torpedos e e-mails equivocados são fontes de devastação amorosa; a vida digital tornou o conceito de traição mais elástico.

Escrevi os originais de meu mestrado em uma máquina de escrever. Tive um fax modem e joguei Donkey Kong. Juro que já existiram pessoas pagando fortunas por um celular tipo tijolo depois de esperar a vida toda por um telefone fixo. Sei o que é a internet antes da banda larga. Vi, com estes olhos que a terra há de comer, o primeiro video--clipe, se é que você pode imaginar um tempo no qual não existia a MTV. Assisti à morte do vinil, da indústria fotográfica e fonográfica. Cala fundo em mim a lenta agonia do CD. Sou da época em que computadores tinham sólida e insuperável identidade: 286, 386, 486. Deveria haver algum privilégio em ser da primeira geração, ou pelo menos algum orgulho de ter vivido alguma coisa pela primeira vez.

O filme Meia-noite em Paris, de Woody Allen (2011), explora justamente esse fascínio retrospectivo causado pelas gerações que inventaram coisas que pareciam fazer a vida valer a pena: a era áurea do jazz e do surrealismo nos anos 20, o filme noir e suas divas dos 40, o existencialismo sartriano do pós-guerra, a turma beatnik da contracultura. Eu me contentaria em ter assistido ao Dark side of the moon ou visto os Beatles. Serve The Who ou Stones. Estaria satisfeito até mesmo com bossa-nova, jovem guarda e tropicália. Se não for possível troco tudo por alguns seminários de Lacan ou Foucault.

Pressinto que as gerações vindouras olharão para trás a nos respeitar como aquela turma dos antológicos e inesquecíveis Google, Facebook e Wikipedia. Somos os primeiros a viver esta vida digital e os últimos a lembrar como éramos antes disso. Mas será que alguém realmente vai cobiçar a
experiência inédita de ver aparecer na sua frente, magicamente, um e-mail? Antigamente havia uma propaganda que dizia: o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Se não me engano foi vencedora do Leão de Ouro do festival de Cannes nos anos 80. A fórmula funciona, mas não é por causa do sutiã, é por recuperar a força insondável, que habita cada um de nós, em torno da primeira vez.

Somos absolutamente fiéis à primeira vez, para o bem e para o mal. Acho que não foi por outro motivo que Freud estabeleceu esta regra de ouro clínica de que é preciso prestar muita atenção às comunicações iniciais do paciente. Fixar bem as primeiras sessões. Reter a forma precisa na qual algo é dito pela primeira vez. Perto da primeira vez, as outras são apenas cópias impuras e mal-acabadas. É por isso que o passado se torna nosso baú fetichista. Nele podemos imaginar a primeira vez que presidiu a constelação de desejos que nos concebeu. A forma mais pura e intangível da primeira vez, antes mesmo que ela tenha existido para nós, a arquiprimeira vez, a mãe de todas as primeiras vezes.

Acontece que é difícil permanecer fiel a uma experiência cuja verdade nos é desconhecida e, principalmente, uma coisa que parece feita para destruir todas as fidelidades constituídas. No fundo, a maior parte desta novidade que é a vida digital segue a máxima mais do mesmo: trabalhar mais, mais rápido, mais interligado, mais fácil, mais solitariamente – mesmo acompanhado. Mas há uma coisa na qual ela realmente inovou: no modo de destruir fidelidades. Históricos da web, torpedos mal apagados, e-mails equivocados são fontes permanentes de devastação amorosa. A vida digital tornou o conceito de traição imensamente mais elástico, flexível e discutível, disponibilizando o resgate nunca antes possível de figuras de nosso histórico desejante mais longínquo. Ou seja, uma enxurrada de primeiras vezes, para todos os gostos e sabores, do pré-primário ao colegial (leia-se ensino médio). Espero que não, mas acho que seremos lembrados como a geração que inventou a baixa fidelidade generalizada.

EM BUSCA DE PISTAS ORGÂNICAS



Qualquer pessoa que passa alguns momentos com uma criança autista logo percebe os principais traços de seu comportamento: ausência de contato visual, tendência a mover objetos de forma circular, reações desproporcionais e dificuldade de compreender emoções alheias e de expressar os próprios sentimentos. Essas características, porém, não são perceptíveis até o quarto ou quinto ano de vida, o que torna o diagnóstico precoce muito difícil.

“Perdemos uma valiosa oportunidade de tratamento no período em que o cérebro ainda apresenta uma tremenda plasticidade”, diz o professor de neurobiologia e psiquiatria David G. Amaral, da Universidade da Califórnia em Davis. Ele é um dos muitos cientistas empenhados em desenvolver técnicas para identificar o problema nos primeiros 6 meses ou, quem sabe, até mesmo logo após o nascimento.

 Os resultados das pesquisas estão ampliando a compreensão do distúrbio e alimentando a esperança de uma futura terapia − específica e precoce − que poderia melhorar as perspectivas do autista na infância, adolescência e idade adulta.

Em 2005, Amaral apresentou resultados preliminares de
sua pesquisa no Encontro Internacional para a Pesquisa do Autismo, em Boston. Sua equipe comparou amostras de sangue de 70 autistas entre 4 e 6 anos com as de outras 35 crianças saudáveis. Nas primeiras eles observaram uma proporção mais alta de duas células imunológicas, os linfócitos B e T, além de diferenças significativas em mais de 100 proteínas e pequenas moléculas normalmente encontradas na corrente sanguínea. Depois de uma análise minuciosa, os pesquisadores concluíram que as evidências eram fortes o suficiente para justificar uma investigação em larga escala.

Amaral dedica-se no Projeto Autismo, chefiado por ele no Instituto de Análise Médica dos Transtornos do Desenvolvimento Neurológico da Universidade da Califórnia. O objetivo é analisar as proteínas plasmáticas, o sistema imunológico, estruturas e funções cerebrais e as condições genéticas e ambientais de 900 crianças autistas, metade delas com atrasos significativos do desenvolvimento, que serão acompanhadas por vários anos. O pesquisador tem esperança de que marcadores biológicos, genéticos ou não, sinalizem o problema talvez já nos primeiros meses de vida. “É possível que algumas crianças nasçam com uma predisposição genética, sendo necessário o contato com algum fator ambiental que desencadeie o transtorno”, diz Amaral.

A suspeita da influência ambiental existe porque, por algum motivo ainda desconhecido, a prevalência de autismo é particularmente alta nos Estados Unidos, onde se estima que uma em cada 100 crianças sejam afetadas. “Além disso, a enorme variação dos sintomas é algo que nos leva a acreditar que o autismo constitui um grupo de transtornos, isto é, há vários autismos, não apenas um”, afirma Amaral. Segundo ele, a pesquisa de marcadores biológicos talvez possa identificar esses possíveis subtipos. Os especialistas em comportamento concordam; muitos preferem a expressão “transtornos autistas” em vez de simplesmente “autismo”.

A NECESSIDADE DO PSICOTERAPEUTA NA SAÚDE PÚBLICA FRENTE O SER MÃE OU PAI NA ADOLESCÊNCIA



O que se tem percebido, cada vez mais intensamente, são modificações do papel de mãe e do homem-pai no cenário paterno na gravidez adolescente até o puerpério. No entanto o serviço de saúde publica, ainda não dispõem de espaços de atendimento de psicoterapia às mães adolescentes durante o período de pré-natal. Tendo em conta de que muitas meninas adolescentes grávidas se sentem envergonhadas em dizer que o pai de seu filho é também seu marido, preferindo identificá-lo como sendo seu namorado, muito embora a gestantes adolescentes tenha o acompanhamento pré-natal o apoio psicológico só acontece, por ventura, durante o atendimento pré-parto nas maternidades.

Ainda que o pai tenha direito e necessidades próprias frente ao processo reprodutivo e à paternidade ele não se sente preparado para esta nova configuração e não encontram incentivos para o enfrentamento deste novo contexto. Portanto, evidencia-se que estes pais adolescentes carecem receber apoio psicossocial dos profissionais de saúde no sentido de serem informados de seus direitos e deveres no que tange ao bem estar psicológico e emocional deste futuro “ser”, bem como dar o direito de cidadão ao recém nascido providenciando registro de nascimento, apoiando emocionalmente mãe e filho no processo de amamentação, formação do vínculo afetivo e cuidados com o bebê.

Palavra chave: Mãe e pai adolescente; gravidez; recém-nascido; saúde pública; acompanhamento e psicoterapia.

Introdução

A gravidez na adolescência vem tirando o sono de muitos pais. Principalmente nesta época em que parece estar havendo um estado hibrido da cultura social, afetiva, educacional e emocional. Assim, Stuart Hall (2003) disserta sobre as principais mudanças ocorridas no sujeito e na sua identidade no mundo moderno, frisando que “as nações modernas são, todas, híbridos culturais”.

Prontamente o período de adolescência veio sendo impresso desde o inicio do século XIX e reforçado durante o desenvolvimento industrial, entre apto a não aptos para o trabalho, buscando assim estabelecer que o provedor e protetor da família fosse o homem. Portanto, em período patriarcal, este, que em muitas famílias já lideradas pelo matriarcado, apontava mudanças no sistema de identidade cultural na pós modernidade.

Conseqüentemente com a evolução industrial forçando as mulheres a se unirem e lutarem por condições mais favoráveis ao gênero feminino e buscando uma saída para a situação oprimida na qual se encontravam. Nesta época já se tornava muito aparente a força da mão de obra feminina no mercado industrial e de carona vinha à exploração da mão de obra infantil ganhando proporções de escravidão industrial.

Logo, junto à luta das mulheres pelos seus direitos, perpassando por pesados sofrimentos, foi se dando um afrouxamento da arbitrariedade em reconhecimento pelo trabalho das mulheres que já assumiam de vez uma dupla jornada, muitas dentre elas, jovens mães na busca de sustento para seus filhos e melhores condições econômicas.

Um fator a ser considerado é o desnudamento da masculinidade, ou seja, a figura do machão e provavelmente influenciado por um sistema híbrido da cultura surge um homem mais sensível e carente da figura feminina, mas ainda um pouco sem jeito para ser aceito e encontrar-se no meio cultural e social em que vive.

Frente ao estupendo desenvolvimento tecnológico industrial a necessidade por mão de obra mais qualificada, surge ai o proletariado, apoderando e classificando o sujeito em capazes e não capazes frentes numa sociedade hibridamente aculturada.

Destarte frente a um mundo organicamente industrializado e cada vez mais competitivo foi sendo liberados limites, estabelecido regras para a idade própria para o trabalho, estudos, formação profissional, capacidade para ter filhos, responsabilidades culminando na necessidade de uma organização para estabelecer regras em nível de nações e posteriormente de nível mundial incorporando junto a ONU e a OMS.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS PARA PSICÓLOGOS





O CPHD informa: Curso preparatório para concursos para psicólogos

  • Atualizações em psicopatologia  e classificação diagnóstica dos transtornos.
  •  Noções de psicofarmacologia.

Local: CPHD - Centro de Psicologia Hospitalar e Domiciliar
Início: 22.10.1011 - aos sábados
Professora do módulo: Geovana Santos
Contato: Dra. Kátia Branco
Fone: (81) 93136626

terça-feira, 18 de outubro de 2011

AULÃO SOBRE ASSUNTOS JURIDÍCOS PARA O CONCURSO DO TJ (ESTAGIÁRIOS) NA FACHO


Aulão sobre assuntos juridícos para o concurso do TJ  (estagiários), na Facho com a professora Helena.
Dia: 20/10/11 às 19: 00h
Entrada: 1kg de alimento não perecível.
Mais informações, favor procurar a Professora Helena.

CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA




O mundo que habitamos não é somente o mundo da natureza, ele foi transformado pela cultura e tudo o que foi construído pelo homem tem o seu valor. Quando a criança nasce, ela se encontra na condição psíquica de infans, que se caracteriza inicialmente como um estado de fetalização. Denomina-se tal condição psíquica, pois ainda é um estado onde a criança ainda não passou pelas crises subjetivantes como o estádio do espelho e complexo de Édipo.

Segundo Lacan ( 1998,p. 100)  a função do estádio do espelho é estabelecer uma relação do organismo com a realidade. O estádio do espelho é um drama cujo impulso interno precipita-se da insuficiência para a antecipação e que fabrica as fantasias que se sucedem desde uma imagem despedaçada do corpo até uma forma de sua totalidade. O eu constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. Lacan também enfatizou que o investimento da mãe, o olhar relacionado à imagem do filho que gostaria de ter, antecipa um sujeito que está por se constituir.

O sujeito que irá advir é algo formulado anteriormente, o bebê não nasce como eu, se desconhece, ele assume esta imagem antecipada, se identificando a ela, esse movimento se chama suposição de sujeito. Assim, Lacan atribuiu muita importância à presença do outro, que participa por meio do investimento nessa imagem da criança como eu ideal das expectativas e perspectivas dos sonhos mais antigos de seus pais.

A imagem, inicialmente, responde as leis do Outro, que introduz o princípio de alteridade, pois o semelhante é ao mesmo tempo outro, assim como o ego também é outro. (Lacan, 1976) diz que por meio desse investimento externo sobre o psiquismo vai ocorrer  um estado em que a criança investe toda sua libido em si mesma. A criança vai poder reconhecer-se. Quando se constrói essa imagem de si mesmo, vai ser defendida como uma necessidade de satisfação narcísica, que se transformará na demanda de ser objeto do amor de um outro.

 O falo da mãe é completado com o nascimento do filho, pois ela deseja ter um filho, reconhece que seu filho é um ser humano e este chora porque está com fome e lhe dá o seio para a satisfação do bebê . A mãe supõe que o filho precisa dela e supõe que ela tem o que o filho precisa. O bebê antes do Estádio do Espelho se sente como um corpo fragmentado. Sua mãe faz parte dele e ela sente como se ele fosse parte dela. O bebê busca o prazer através do seio materno, porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo é que ele percebe que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completa. Esta perda vem através do significante do pai que são as leis e limitações naturais da vida.

No jogo do fort-da, onde uma criança constrói as primeiras simbolizações, a criança cria um objeto que permite simbolizar a ausência da mãe tornar presente a primeira experiência de brincar. Este objeto passa a ser construído no campo do Outro, visto que ele representa a emergência do desejo e este sempre ocorre no campo do Outro. Para Freud, a criança brinca porque deseja.

Em Lacan, o brincar é um ato, surgido como efeito da estruturação significante do Sujeito. O que importa é o brincar e não o brinquedo, pois o brincar faz a criança querer conhecer o outro.

O vínculo que estabelece a criança é a parentalidade, que está estruturada a partir de 3 eixos, que é o exercício (contexto jurídico), experiência (experiência subjetiva de tornar-se pai ou mãe) e a prática (cuidados, ocupações cotidianas físicas e psíquicas). Cada um deles legitima o outro mas são diferentes.

A criança é marcada desde o nascimento, pelos afetos, carinho e olhar materno, que possibilita a inscrição do desejo daquele que ocupa esta função tão fundamental. O simbólico antecede o imaginário. A escolha do berço contém o desejo dos pais, a forma como é pensado o quarto, o nome, entre outras, acontecendo esse processo simbólico. Para a mãe, a criança é parte e extensão desta, que se apropria dela até que aconteça o corte. Nascem imersas num campo recheado de desejos e fantasias inconscientes dos pais, assim como suas renuncias e traumas que são carregados de imagens, símbolos e emoções.

Quando a criança nasce,  ela se depara com a cultura e o encontro da cultura com sua aparelhagem biológica e seu sistema nervoso central vai surgir o psiquismo. A criança é introduzida ao mundo simbólico por quem irá cumprir para ela as funções essenciais de humanização: a função materna e a função paterna. A função materna é constituída pelos cuidados básicos que vão permitir que o bebê sobreviva, pois o bebê precisa que alguém exerça para ele a função materna. Ele precisa mais do que só satisfazer suas necessidades biológicas.

A mãe satisfaz a criança primeiro com a amamentação e também pelos seus afetos, seus desejos, seus sintomas, que se estendem ao filho para serem simbolizados. Nesta simbolização a criança pode apreender o fato crucial para sua existência: a ter sido ou não uma criança desejada. Tudo isso que a mãe está dando a mais, vai permitir sua sobrevivência psíquica. A mãe passa a lhe oferecer um olhar, palavras, toques carinhosos e isso vai construindo no bebê uma vida mental. Segundo Leda Bernardino (2008, p.60) “ele vai estar vivendo experiências que tem significação, a partir do que o outro materno vai passando para ele como experiências boas ou ruins”. Para que uma mãe possa fazer essa função com o bebê, é necessário que ela esteja presente com a sua vida mental, com seu desejo.

Um exemplo é quando a mãe está amamentando o bebê, onde deve olhar para a criança, sentir-se mãe dela. Não se trata só de alimentar o filho, mas de viver com ele uma experiência prazerosa, que também é simbólica, de reconhecimento onde ao mesmo tempo que ela está reconhecendo-o como o filho, está sendo reconhecida nessa nova função. A presença materna é o que permite o encontro entre mãe e bebê, no qual se estabeleça um diálogo, um reconhecimento entre eles. O pai exerce a função de corte da simbiose mãe-bebê para retirada da criança do assujeitamento materno e assim possibilitar a organização dos elementos que vão marcando e formando um novo sujeito.

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ESTRESSE PREJUDICA DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS PREMATUROS


O estresse de ficar em uma unidade de terapia intensiva neonatal resulta em cérebros menores e funcionamento neurológico irregular para muitos bebês prematuros, sugere um estudo de pequena escala. Além disso, quanto maior for o estresse sentido, maior será a consequência.

Cientistas da Universidade de Washington, em St. Louis, estudaram 44 bebês nascidos antes da 30ª semana de gestação. Os pesquisadores registraram o número de fatores causadores de estresse experimentados pelos recém-nascidos usando uma lista de 36 procedimentos com características invasivas variáveis, de troca de fraldas a inserção de acesso intravenoso.

Ao atingirem idade equivalente ao final de uma gravidez normal, de 36 a 44 semanas, eles foram submetidos a exames de ressonância magnética e testes de comportamento. O estudo foi publicado online na semana retrasada, na revista "The Annals of Neurology".

Após levar em conta a prematuridade no nascimento e a gravidade da doença, os registros mais altos na escala de estresse estavam associados à redução no tamanho do cérebro e ao desempenho ruim nos exames. Não havia relação entre o número de fatores causadores de estresse e os danos cerebrais.

"Nós temos que nos concentrar menos em apenas ministrar medicações para dor e realizar intervenções médicas sérias e mais em uma abordagem centrada no desenvolvimento", afirmou Terrie Inder, autor sênior do estudo e professor de pediatria. "Esses bebês precisam de oportunidade para descansar, se recuperar e ser alimentados e poder crescer", disse.

Fonte: Folha.com

SEXO COM ANIMAIS: POR QUE FINGIR QUE ISSO NÃO EXISTE?




O câncer, felizmente, deixou de ser tabu. Raramente ouvimos alguém dizer que tem “aquela doença” ou uma “coisa ruim”. No caso do câncer de pênis, porém, a regra ainda é o silêncio. Quem teve não conta. Quem tem se desespera. Quem procura um posto de saúde raramente recebe orientação adequada. 

Apesar de raro (2,9 a 6,8 casos por 100 mil habitantes), ele costuma provocar mutilações terríveis. Quando células cancerosas atingem a virilha e o abdome, a amputação parcial ou total do pênis é quase inevitável.

Até hoje, a principal causa conhecida é a falta de higiene. Desleixo no banho ou a presença de fimose aumentam o risco de câncer. O acúmulo de secreções na glande ou em outras regiões do pênis causa uma inflamação crônica que pode desencadear o tumor.

Se falar sobre a doença pode pegar mal, imagine o que é falar sobre a prática de sexo com animais, um hábito que começa a ser relacionado ao câncer de pênis...Aberração? Mau gosto? Ousadia demais?

Como a ciência é feita de ousadia e a defesa da saúde precisa estar acima de julgamentos morais apressados, esta coluna estará sempre aberta aos assuntos proibidos.

Fazer sexo com animais é uma prática bem conhecida nas áreas rurais do Brasil. É uma questão cultural. O menino faz isso por curiosidade, por brincadeira ou para afirmar sua virilidade diante do grupo. O hábito pode ser passageiro ou durar várias décadas - mesmo depois que o homem já está casado ou não tem dificuldades de encontrar parceiras.

Na maior parte dos casos, porém, a prática fica restrita à juventude. Os homens mais velhos se lembram dela como uma travessura adolescente, uma brincadeira divertida e transgressora como matar passarinho com estilingue. Eles não têm, necessariamente, os distúrbios psiquiátricos conhecidos como zoofilia ou bestialismo.

Em 1979, o então sindicalista Lula mencionou a prática à revista Playboy. Aqui, um trecho:

Playboy - Com que idade você teve sua primeira experiência sexual?

Lula - Com 16 anos.

 
Playboy - Foi com mulher ou com homem?

Lula (surpreso) - Com mulher, claro! Mas, naquele tempo, a sacanagem era muito maior do que hoje. Um moleque, naquele tempo, com 10, 12 anos, já tinha experiência sexual com animais… A gente fazia muito mais sacanagem do que a molecada faz hoje. O mundo era mais livre…
O sexo com animais é um costume milenar. Condenado pela Bíblia, representado em inúmeras obras de arte e citado pela literatura. Talvez a maioria das pessoas o considere abjeto, mas isso não impede que continue sendo praticado. Mais do que podemos imaginar.
O primeiro estudo completo sobre o assunto, um trabalho inédito no mundo, foi coordenado pelo urologista Stênio de Cássio Zequi, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.

O artigo científico foi aceito para publicação pelo The Journal of Sexual Medicine, o periódico mais respeitado nessa área. Deve ser divulgado nas próximas semanas.
Aqui você sabe antes.

O estudo reuniu 118 pacientes com câncer de pênis e 374 homens sadios entre 18 e 80 anos. Todos cresceram na zona rural. As entrevistas foram realizadas pessoalmente.

A pesquisa revelou que 31,6% dos homens sadios e 44,9% daqueles com câncer de pênis tiveram uma ou mais relações sexuais com animais a partir da adolescência.

Várias espécies foram citadas: éguas, mulas, vacas, cabras, ovelhas, porcas, cadelas etc. A maior parte (59%) dos homens declarou ter feito sexo com animais por um período de um a cinco anos. A frequência das relações variou:

Uma única vez na vida (14%)
Duas vezes ao mês (17%)
Uma vez por mês (15,2%)
Três vezes por semana (10%)
Duas vezes por semana (9,4%)
Uma vez por semana (10,5%)
Dia sim, dia não (5,3%)
Diariamente (4,1%)
Outras (14,5%)

“As taxas que encontramos nesse estudo são alarmantes, mas verdadeiras”, diz Zequi. “Essa prática ainda é comum nas áreas rurais, mesmo entre a população jovem”.

O trabalho reuniu pesquisadores de 16 centros que tratam câncer em 12 cidades brasileiras (São Paulo, Campinas, Barretos, Itapevi, Carapicuíba, Curitiba, Belo Horizonte, Teresina, São Luís, Natal, João Pessoa, Rio Branco).

“Na nossa amostra, vimos que transar com animais dobra o risco de desenvolver câncer de pênis”, diz Zequi. “Essa é uma novidade mundial, algo que ainda não havia sido demonstrado.”

Os pesquisadores tomaram o cuidado de isolar vários outros fatores que poderiam elevar o risco de câncer (múltiplas parceiras e doenças venéreas, por exemplo) e levá-los a uma conclusão errada.

De que forma as práticas sexuais com animais podem desencadear o câncer de pênis? Uma explicação possível:

A mucosa genital do animal é bastante queratinizada, mais dura que a humana. Pode provocar microtraumas na mucosa do homem e desencadear o câncer. Outra hipótese é a existência de elementos tóxicos na secreção animal ou de microorganismos capazes de infectar o ser humano.

“Por enquanto isso é especulação: o trabalho não nos permite afirmar se há um vírus envolvido nisso, nem se a prática pode causar danos às mulheres com quem esses homens se relacionam”, afirma Zequi.

O câncer de pênis é mais comum e devastador nas regiões mais pobres. O homem passa cinco, seis meses sem diagnóstico. Tem vergonha de falar sobre o assunto. Quando finalmente é examinado por um médico, recebe uma pomada e é mandado de volta para casa.
“Se estamos observando um comportamento cultural que causa danos à saúde das pessoas, as autoridades e os agentes de saúde precisam orientar a população”, diz Zequi. “É preciso dizer a esse público: lave o pênis, não tenha fimose, não transe com animal, use camisinha.”

Transar com animais não é um hábito exclusivo da pobreza. A internet ajudou a disseminar a prática também nos países desenvolvidos. Seja por curiosidade, seja por prazer, seja por doença psiquiátrica. Quebrar o tabu é a melhor forma de reduzir seus danos. Acredito nisso.


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

OBRAS DE ARTE TÊM EFEITO POSITIVO EM PACIENTES COM ALZHEIMER


Contemplar obras de arte produz efeitos benéficos para os pacientes com Alzheimer, de acordo com estudo realizado pelo Centro de Medicina do Envelhecimento da Universidade Católica de Roma, em conjunto com a Galeria Nacional de Arte Moderna, informou nesta sexta-feira o jornal romano "Il Messagero".

A pesquisa envolveu 14 pacientes com grau leve a moderado da doença e comprovou que admirar a beleza das obras de arte pode reduzir em 20% a frequência de alguns sintomas como ansiedade, apatia, irritabilidade e a agressividade dos que sofrem da doença.

Os pacientes foram guiados pela pinacoteca, onde puderam observar detalhes das pinturas de Paolo Veronese, Domenico Morelli e Giuseppe de Nittis. Depois, foram submetidos a uma avaliação clínica e psicológica, segundo o jornal.

"Os resultados comprovam que visitar museus pode frear os primeiros sintomas da doença", explicou Roberto Bernabei, diretor do Centro de Medicina do Envelhecimento.

"Levar os pacientes a locais onde se mostra a beleza é também uma maneira de comunicar ao doente que ele não está segregado e que embora sua mente vacile, pode continuar sua vida", explica Bernabei.

"O teste feito antes e depois da visita pela galeria evidenciou uma notável redução do nível de estresse, não só em quem está mal, mas também nos acompanhantes", explicou a geriatra Rossella Liperoti que ressaltou o fato dos efeitos se prolongarem por semanas.

No entanto, não foi comprovada nenhuma influência das obras de arte no déficit cognitivo dos pacientes, afirma o jornal. Não é a primeira vez que a ciência procura demonstrar a influência positiva da arte em pessoas com algum tipo de doença.

O Moma (Museu de Arte Moderna de Nova York) tem um programa de visitas guiadas para incentivar a criatividade em pacientes com Alzheimer.

Números mais recentes da Associação Mundial de Alzheimer contabilizam 40 milhões de doentes e a previsão é que crescimento de 50% até 2030.

Fonte: Folha.com

ESTUDO MOSTRA CICATRIZES PSICOLÓGICAS DO CÂNCER



Um diagnóstico de câncer é capaz de deixar cicatrizes psicológicas tão profundas quanto as infligidas pelo envolvimento numa guerra. É o que indica uma nova pesquisa feita com pacientes.

Mais de uma década depois de terem recebido a notícia do diagnóstico, quatro em cada dez sobreviventes relatam sintomas como excesso de tensão permanente, pensamentos perturbadores sobre o câncer ou enfraquecimento dos laços emocionais com amigos e parentes.

São características que se encaixam na definição de síndrome do estresse pós-traumático, problema psiquiátrico que normalmente afeta veteranos de guerra.

Segundo Sophia Smith, pesquisadora do Duke Cancer Institute, na Carolina do Norte (EUA), é concebível que o trauma atrapalhe o prosseguimento da terapia.

"Ficamos preocupados com a possibilidade de o paciente evitar os cuidados médicos e pular os retornos no consultório", diz. "Não temos dados que demonstrem isso, mas é uma preocupação constante para nós", afirma a autora do estudo.

Fonte: Folha.com

POR QUE A SOLIDÃO FAZ MAL PARA NÓS?



As ligações entre a solidão e suas danosas consequências para a saúde física e mental são complexas. Neurocientistas que trabalham nesta área acreditam que cada um de nós tem uma certa expectativa de estar com os outros que nós herdamos de nossos pais e do nosso ambiente de conexão social com os quais nos sentimos confortáveis. Isso explica por que nem todos são igualmente sensíveis ao sentimento de solidão, como temos diferentes necessidades e expectativas em nossos relacionamentos com os outros.

Se nossas expectativas dessas relações não forem cumpridas, o nosso corpo começa a nos alertar que algo está errado: nos sentimos ameaçados fisicamente.

Se a solidão persiste, ele começa a interferir na nossa capacidade de regular as emoções que associamos com a solidão. Com o tempo, isso altera o que é conhecido como a forma como nós interpretamos nossas interações com os outros.

Nossos sentimentos de infelicidade e ameaça, bem como a nossa dificuldade em regular as nossas emoções, distorcem a maneira pela qual percebemos a nós mesmos em relação aos outros. Mas as circunstâncias que produzem essa cadeia de eventos para uma pessoa pode não ter o mesmo efeito sobre outra pessoa. Nossa sensibilidade individual à solidão decide quem se sente só em que situação.

Algumas pessoas se sentem solitários em um casamento, por exemplo. Alguns de nós estão contentes com uma pequena rede de amigos próximos, enquanto outros só ficam satisfeitos com um vasto círculo social que lhes dá muitas oportunidades para estar com os outros.

Circunstâncias que testam nossa resistência à solidão incluem transições importantes, como mudar de casa ou trabalho, luto, divórcio ou separação, a chegada de um novo bebê ou a saída de uma criança mais velha da casa da família.

Situações que nos separam da corrente principal da sociedade, tais como desemprego, pobreza, doença mental ou a velhice, também nos coloca em um risco mais elevado de sentimento de solidão, assim como aqueles em que as pessoas precisam de um nível incomum de apoio: dependência química ou alcoólica, a cuidar de um parente ou ser um pai solitário. Pessoas de grupos minoritários são também mais propensos a sofrer de solidão.

Como a solidão prejudica a nossa saúde

Uma das razões da solidão ser tão ruim para nós, é porque torna mais difícil para controlarmos os nossos hábitos e comportamentos. Testes feitos pelos psicólogos americanos Roy Baumeister e Jean Twenge, em 2001, mostraram que a expectativa de isolamento reduz nossa força de vontade e perseverança, e torna mais difícil para regular nosso comportamento: adultos de meia-idade sozinhos bebem mais álcool, têm dietas menos saudáveis e fazem menos exercício do que os satisfeitos socialmente.

Abuso de drogas e bulimia nervosa estão ligados à solidão. Existem diferentes razões por que as pessoas solitárias têm dificuldade em manter a saúde em dia, mas a baixa autoestima e um desejo de gratificação instantânea podem ser fatores.

John Cacioppo e seus colegas realizaram vários estudos sobre os efeitos da solidão, cujos resultados têm sido desenvolvidos no livro: “Natureza Humana e a Necessidade de Conexão Social”, em tradução livre. Eles estabeleceram cinco possíveis caminhos de causalidade com a doença.

Em primeiro lugar, a solidão faz com que seja difícil para as pessoas se autorregularem e leva a hábitos autodestrutivos, como comer demais ou depender de álcool. Solidão enfraquece a força de vontade e perseverança ao longo do tempo.

Segundo, a pesquisa mostra que, embora jovens solitários e não solitários não gostam de dizer que estão expostos às causas de estresse, pessoas de meia-idade que estão sós reportaram ao relatório mais exposição ao estresse.

Terceiro, pessoas solitárias são mais propensas a não se envolver com os outros e menos propensas a procurar apoio emocional, o que as torna mais isoladas.

Quarto, os testes mostram que a solidão afeta o sistema imunológico e cardiovascular.

Finalmente, uma consequência comprovada de isolamento para a resiliência e recuperação biológica está ligada à necessidade humana básica de dormir. Pessoas solitárias têm mais dificuldade de dormir, e privação do sono é conhecida por ter os mesmos efeitos sobre a regulação metabólica, neurais e hormonais como o envelhecimento.

Uma pesquisa feita pela Fundação de Saúde Mental encomendada para este relatório chamado de “A sociedade solitária” concluiu que 48% das pessoas acreditam que as pessoas estão ficando mais solitárias em geral. A solidão afeta muitos de nós em um momento ou outro. Apenas 22% dos entrevistados nunca se sentem solitários e um em cada dez muitas vezes se sente solitário (11%). Mais de um terço (42%) diz ter se sentido deprimido porque sente-se sozinho.

A pesquisa foi realizada no Reino Unido e contou com uma amostra de 2.256 pessoas.

ALTERAÇÕES DA PERSONALIDADE




Há pessoas que, depois de alguma condição médica, mudam sua maneira de ser. Algumas vezes de maneira definitiva, outras – felizmente a maioria – temporariamente. Essas alterações no modo de ser, logo, na personalidade, podem aparecer no dependente químico, seja de cocaína, álcool, craque, etc. Outras vezes, depois que a pessoa tem o diagnóstico de Lúpus Eritematoso ou Artrite Reumatóide, ou depois de um traumatismo craniano (TCE), acidente vascular cerebral (AVC), intoxicação por metais pesados e assim por diante.

As Alterações da Personalidade podem ser observadas quando a pessoa apresenta uma mudança em sua maneira de ser, depois de ter sofrido alguma condição médica, psicológica, neurológica ou existencial. É como se passasse a ser outra pessoa, com reações e comportamentos bem diferentes daqueles que a caracterizavam antes. Este quadro chama-se Alteração da Personalidade. Na CID.10, aparece como Transtorno Orgânico de Personalidade, no DSM.IV como Alteração da Personalidade Devido a uma Condição Médica Geral, mas o quadro é o mesmo.

Para a psiquiatria o termo "personalidade" se refere à totalidade de traços emocionais e comportamentais que caracterizam o indivíduo na vida cotidiana. Aqui, na página sobre o tema, personalidade é definida como "a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, das existências singulares que experimentamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser, de sentir e de desempenhar o seu papel social" (Veja Teoria da Personalidade em PsiqWeb).

Transtorno de Personalidade seria uma variação destes traços além da faixa de variação encontrada na maioria das pessoas. Quando a disposição geral da personalidade resulta em traços inflexíveis e mal-ajustados, pode-se pensar em transtornos de personalidade. Para o CID.10 (Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde - OMS), transtornos de personalidade são “tipos de condição que abrangem padrões de comportamento permanentes e profundamente arraigados no ser, os quais se manifestam como respostas inflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais. Elas representam desvios extremos ou significativos do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e, particularmente, se relaciona com os outros”.

Como recomenda a OMS, os Transtornos de Personalidade diferem das chamadas Alterações de Personalidade pelo modo de seu aparecimento e, eventualmente, pelo tempo de duração: Os Transtornos de Personalidade eles são condições do desenvolvimento que surgem na infância ou na adolescência e continuam pela vida adulta. Por outro lado, as Alterações da Personalidade são condições adquiridas em qualquer época da vida, usualmente na idade adulta, em conseqüência de alguma condição médica, seja clínica, degenerativa, infecciosa ou traumática.

O mesmo quadro é denominado, pela CID.10 de Transtorno Orgânico de Personalidade, um quadro em que há uma alteração de personalidade também em decorrência de alguma condição médica geral. Este transtorno caracteriza-se pela acentuada mudança no estilo e traços de personalidade, em comparação com um nível anterior de funcionamento.

Segundo o DSM-IV, a característica essencial de uma Alteração da Personalidade Devido a uma Condição Médica Geral é uma perturbação da personalidade que o clínico julga ser devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral. Uma variedade de condições neurológicas e outras condições médicas gerais podem causar Alterações da Personalidade, incluindo tumores e neoplasias cerebrais, traumatismo craniano, doenças cerebrais vasculares, doença de Huntington, epilepsia, infecções do sistema nervoso central, como por exemplo, vírus da AIDS, alterações endócrinas, tais como da tiróide, suprarenais, doenças auto-imunes do tipo lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, etc.

A perturbação na Alteração da Personalidade representa uma mudança no padrão prévio de personalidade característico do indivíduo. Isso quer dizer que a personalidade da pessoa vinha com determinado perfil de traços e de caráter e, de um momento em diante, apresentou mudanças nesse padrão, conseqüentemente mudando as reações e comportamentos. Essa perturbação da personalidade para receber o diagnóstico de Alteração da Personalidade deve causar sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes.

As manifestações comuns de Alteração da Personalidade incluem instabilidade afetiva, dificuldade no controle dos impulsos, episódios de agressividade ou raiva em nítida desproporção com estímulos desencadeantes, acentuada apatia que aparece de repente, certa desconfiança, podendo chegar à paranóia em casos mais graves. A pessoa com Alteração da Personalidade é descrito pelos outros como "não sendo ele(a) mesmo(a) ".

O quadro da Alteração da Personalidade pode variar de acordo com a condição médica que a causou. Caso tenha sido devida a lesão dos lobos frontais, por exemplo, pode provocar sintomas como falta de juízo crítico ou da capacidade de antever conseqüências, jocosidade, desinibição e euforia.

Os acidentes vasculares cerebrais que afetam o hemisfério direito, por exemplo, podem provocar negligência espacial, incapacidade de reconhecer um déficit corporal, tal como a própria hemiparesia e outros déficits neurológicos. A Dependência Química transforma a pessoa em sociopata, com mentiras, negligências, perda da ética.

Há alguns sintomas básicos das Alterações de Personalidade que podem ser agrupados. Embora as alterações possam ter quadros mistos e variados, algumas vezes esses sintomas são característicos de lesões específicas. Não é raro que as Alterações de Personalidade sejam acompanhadas de convulsões.

O tipo de Alteração da Personalidade que pode ser chamado de Instável tem uma característica predominante de instabilidade afetiva, intercalando com certa rapidez momentos de depressão e de hipomania, de ânimo pouco acima do normal com desânimo, de interesse com desinteresse. Esse tipo de alteração é mais comum em pessoas com lesões afetam os lobos temporais.

Quando lesões afetam os lobos frontais a Alteração da Personalidade se manifesta predominantemente co tipo Desinibido. Aqui a característica predominante é um fraco controle dos impulsos, perda do decoro e da crítica moral, certas indiscrições sexuais, enfim, um comportamento nunca observado, às vezes até o contrário do que era antes.

O subtipo Agressivo tem como característica predominante um comportamento agressivo, com crises de agressividade e irritabilidade. Esse tipo é comum na Dependência Química e após traumatismo craniano. O tipo Apático é caracterizado por acentuada apatia e indiferença. O tipo Paranóide é aquele cuja característica predominante é a presença de desconfiança ou ideação paranóide.

As Alterações de Personalidade já foram estudadas nos pacientes com artrite reumatóide (AR), com Lúpus Eritematóide Sistêmico (LES), com Dependência Química (DQ), com infecção pelo vírus da AIDS, uso de medicamentos e outras condições médicas gerais. Parece que a pergunta incômoda é saber se essas condições médicas ou doenças fariam que os pacientes tivessem, depois de um tempo, algum padrão característico de personalidade.

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Fonte: Psiqueweb

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PERSONALIDADE PSICOPÁTICA


 
A psicopatologia em geral e a psiquiatria forense em especial têm dedicado, há tempo, uma enorme preocupação com o quadro conhecido por Psicopatia (ou Sociopatia, Transtorno Dissocial, Transtorno Sociopático, etc).
 
Trata-se de um terreno difícil e cauteloso, este que engloba as pessoas que não se enquadram nas doenças mentais já bem delineadas e com características bastante específicas, a despeito de se situarem à margem da normalidade psico-emocional ou, no mínimo, comportamental. As implicações forenses desses casos reivindicam da psiquiatria estudos exaustivos, notadamente sobre o grupo de entidades entendidas como Transtornos da Personalidade.

O enorme interesse que o psicopata tem despertado atualmente se deve, em parte, ao desenvolvimento das pesquisas sobre as bases neurobiológicas do funcionamento do cérebro em geral e, particularmente, da personalidade. Em outra parte, deve-se também ao enorme potencial de destrutividade de alguns psicopatas, quando ou se tiverem acesso aos instrumentos que a tecnologia e a ciência disponibilizam.

Estudar o potencial da destrutividade humana é bastante interessante e poderá esclarecer certos pontos em comum entre grandes manifestações de destrutividade, como são as guerras, os genocídios, torturas, o terrorismo e, talvez, manifestações incomuns da personalidade humana, baseadas na psicopatologia, na psicologia e nas neurociências.

Lorenz e outros etólogos consideram a agressividade organizada uma aquisição evolutiva que aparece na espécie humana há uns 40.000 anos. Em sentido social, a agressividade organizada nasceu da necessidade de uma arma de sobrevivência mais eficaz. Nascia assim uma forma especializada de agressão comunitária e organizada, um entusiasmo que agrega o grupo contra um inimigo comum.

Uma de suas expressões seria a “paranóia de guerra”, que afeta e afetou populações inteiras. Atualmente pode ser representada também por grupos étnicos, religiosos ou políticos que se unem através de uma conduta agressiva em função de alguma ameaça comum a todos integrantes do grupo (ameaça real ou acreditada).

Devido à falta de um consenso definitivo, esse assunto tem despertado um virulento combate de opiniões entre os mais diversos autores ao longo do tempo. Igualmente variadas também são as posturas diante desses casos que resvalam na ética e na psicopatologia simultaneamente. As dificuldades vão desde a conceituação do problema, até as questões psicopatológicas de diagnóstico e tratamento. Como seria de se esperar, também na área forense as discordâncias são contundentes.

A evolução dos conceitos sobre a Personalidade Psicopática transcorreu, durante mais de um século, oscilando entre a bipolaridade orgânica-psicológica, passando à transitar também sobre as tendências sociais e parece ter aportado, finalmente, numa idéia bio-psico-social que, senão a mais verdadeira, ao menos se mostrou a mais sensata (veja artigo Personalidade Criminosa, uma revisão das dúvidas sobre esse tema).

Historia do conceitoO conceito de Psicopata, Personalidade Psicopática e, mais recentemente, Sociopata é um tema que vem preocupando a psiquiatria, a justiça, a antropologia, a sociologia e a filosofia desde a antigüidade. Evidentemente essa preocupação contínua e perene existe porque sempre houve personalidades anormais como parte da população geral.

Psicopatas são pessoas cujo tipo de conduta chama fortemente a atenção e que não se podem qualificar de loucos nem de débeis; elas estão num campo intermediário. São indivíduos que se separam do grosso da população em termos de comportamento, conduta moral e ética. Vejamos a opinião dos vários autores sobre a Personalidade Psicopática ao longo da história.
 
Cardamo
Uma das primeiras descrições registradas pela medicina sobre algum comportamento que pudesse se identificar à idéia de Personalidade Psicopática foi a de Girolano Cardamo (1501-1596), um professor de medicina da Universidade de Pavia. O filho de Cardamo foi decapitado por ter envenenado sua mulher (mãe do réu) com raízes venenosas. Neste relato, Cardamo fala em "improbidade", quadro que não alcançava a insanidade total porque as pessoas que disso padeciam mantinham a aptidão para dirigir sua vontade.

Pablo Zacchia (1584-1654), considerado por alguns como fundador da Psiquiatria Médico Legal, descreve, em Questões Médico Legais, as mais notáveis concepções que logo dariam significação às "psicopatias" e aos "transtornos de personalidade".
 
PinelEm 1801, Philippe Pinel publica seu Tratado médico filosófico sobre a alienação mental e fala de pessoas que têm todas as características da mania, mas que carecem do delírio. Temos que entender que Pinel chamava de mania aos estados de furor persistentes e comportamento florido, distinto do conceito atual de mania (Berrios, 1993).

Dizia, no tratado, que se admirava de ver muitos loucos que, em nenhum momento, apresentavam prejuízo algum do entendimento, e que estavam sempre dominados por uma espécie de furor instintivo, como se o único dano fosse em suas faculdades instintivas. A falta de educação, uma educação mal dirigida ou traços perversos e indômitos naturais, podem ser as causas desta espécie de alteração (Pinel, 1988).

Prichard
Prichard, tanto quanto Pinel, lutavam contra a idéia do filósofo Locke, o qual dizia não poder existir mania sem delírio, ou seja, mania sem prejuízo do intelecto. Portanto, nessa época, os juizes não declaravam insanos nenhuma pessoa que não tivesse um comprometimento intelectual manifesto (normalmente através do delírio). Pinel e Pricharde tratavam de impor o conceito, segundo o qual, existiam insanidades sem comprometimento intelectual, mas possivelmente com prejuízo afetivo e volitivo (da vontade). Tal posição acabava por sugerir que essas três funções mentais, o intelecto, afetividade, e a vontade, poderiam adoecer independentemente.

Foi em 1835 que James Cowles Prichard publica sua obra Treatise on insanity and other disorders affecting the mind, a qual falava da Insanidade Moral. A partir dessa obra, o historiador G. Berrios (1993) discute o conceito da Insanidade Moral como o equivalente ao nosso atual conceito de psicopatia.

MorelMorel, em 1857, parte do religioso para elaborar sua teoria da degeneração. O ser humano tinha sido criado segundo um tipo primitivo perfeito e, todo desvio desse tipo perfeito, seria uma degeneração. A essência do tipo primitivo e, portanto, da natureza humana, é a contínua supremacia ou dominação do moral sobre o físico. Para Morel, o corpo não é mais que "o instrumento da inteligência".

A doença mental inverteria esta hierarquia e converteria o humano “em besta”. Uma doença mental não é mais que a expressão sintomática das relações anormais que se estabelecem entre a inteligência e seu instrumento doente, o corpo.

A degeneração de um indivíduo se transmite e se agrava ao longo das gerações, até chegar à decadência completa (Bercherie, 1986). Alguns autores posteriores, como é o caso de Valentím Magnam, suprimiram o elemento religioso das idéias de Morel e acentuaram os aspectos neurobiológicos. Estes conceitos afirmavam a ideologia da hereditariedade e da predisposição em varias teorias sobre as doenças mentais.

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Fonte: Psiqueweb